Dreams, primeiras impressões | Jessica Chastain na defesa dos imigrantes nos EUA
“Dreams”, com Jessica Chastain na sua mais recente parceria com o cineasta mexicano Michel Franco, após seu filme “Memórias” (2023), tráz-nos à Competição da 75ª Berlinale, uma abordagem provocadora e chocante, sobre a experiência de um jovem bailarino mexicano, imigrante nos EUA.
Jessica Chastain teve que mudar alguns dos seus planos pessoais para protagonizar (e produzir também) este “Dreams” de Michel Franco, com quem trabalhou recentemente em “Memória” ao lado de Peter Sarsgaard. Este filme, “Dreams”, sobre a experiência dos imigrantes nos EUA, protagonizado pela vencedora do Oscar de Melhor Actriz 2022, por “Os Olhos de Tammy Faye”, estreou aqui na Competição da 75ª Berlinale e, isto acontece no meio das políticas agressivas do presidente Trump. Este “Dreams” é de uma importância crucial neste momento, já que os EUA é um país que abraçou a excelência dos imigrantes, como disse Chastain em algumas entrevistas.
“Dreams” é a coreografia de uma paixão selvagem
“Dreams” segue Jennifer (Chastain), uma socialite rica que mora em São Francisco e que, sob a proteção de seu pai poderoso, é uma grande doadora para as artes. Ela apoia uma fundação de dança na Cidade do México e começa um caso de amor apaixonado com Fernando (Isaac Hernández), um bailarino mexicano mais jovem que ela, que acaba por cruzar ilegalmente a fronteira dos EUA para ficarem juntos e à procura de apoio para se legalizar.
Quando o complicado relacionamento ameaça prejudicar a reputação imaculada de Jennifer, esta tem de tomar decisões importantes sobre seu futuro, que de alguma forma prejudicam Fernando e o impedem de continuar a dançar no San Francisco Ballet. Enfim, em “Dreams”, a ambição e o amor entram em choque com duras realidades, e ambos têm de encarar a verdadeira natureza daquele relacionamento bastante desnivelado. De um lado, uma mulher americana, branca já madura, capitalista e alienada do outro, um jovem moreno, mexicano, pobre, selvajamente sexual e apaixonado mas que procura seguir os seus sonhos.
A distância entre sonhos e a realidade
A premissa geral de “Dreams” é uma muito interessante constatação do relacionamento às vezes paradoxal, entre a classe dominante branca e os imigrantes mexicanos em geral, nos EUA e neste caso particular de um artista-bailarino; e como os sonhos e as conveniências realizadas ou não de cada um dos lados.
Mas a partir de certa altura, “Dreams”, começa a andar em círculos e carece mesmo de um murro subversivo na mesa, como em filmes anteriores do mexicano Michel Franco — “Depois de Lúcia” (2012), por exemplo. A última parte do filme, de os dois amantes sozinhos em casa, com Jennifer quase sequestrada, torna-se realmente quase infantil e torna muito fácil enfatizar o ponto de vista de que afinal os brancos maus, ficam sempre a ganhar no final.