Photo by Jéssica Rodrigues © MHD

EDP Cool Jazz | Miguel Araújo, uma ode à música portuguesa

Numa noite totalmente dedicada à música portuguesa, Miguel Araújo encerrou o quarto dia da 17ª edição do EDP Cool Jazz.

Depois de um excelente aquecimento protagonizado por Tiago Nacarato, responsável por fazer a abertura do palco principal do EDP Cool Jazz, coube a Miguel Araújo tomar conta do espetáculo. Numa noite quente em que o vento não se fez sentir no Hipódromo Manuel Possolo, o músico protagonizou um concerto dedicado inteiramente à música portuguesa neste que foi o único dia com um cartaz totalmente nacional. Ninguém ficou indiferente ao repertório selecionado pelo músico, comprovando que as canções de Miguel Araújo são intemporais e intergeracionais.

Originário da Maia, Miguel Araújo sempre esteve em contacto com a música, uma vez que os tios, a sua maior influência, tinham uma banda de covers. Em 1989 recebeu o seu primeiro baixo e, desde então, jamais largou o mundo das sonoridades, tendo feito parte de diversas bandas. Araújo ganhou notoriedade ao integrar Os Azeitonas, banda de grande sucesso, conhecida por temas como Quem és Tu Miúda e Ray-Dee-Oh. Em 2012, Miguel lançou Cinco Dias e Meio, o seu primeiro álbum a solo. A partir daí, começou a compor e a interpretar canções que passaram a fazer parte do imaginário popular, sendo hoje uma das grandes promessas da música portuguesa.

Com um recinto totalmente cheio e um relvado invadido por dezenas de pessoas que se recusavam a ficar sentadas durante o concerto do músico português, Miguel Araújo deu início ao seu espetáculo num tom intimista. Sentado ao piano e com apenas um foco de luz centrado na sua pessoa, o cantor soltou as primeiras notas de Lurdes Valsa Lenta, um tema de Giesta, o seu terceiro álbum. Mas o seu registo melancólico rapidamente deu lugar a um Miguel Araújo enérgico que trocou o piano pela guitarra, cantando músicas como A Canção de Salomão, A Incrível História de Gabriela de JesusDia da Procissão Fado do Diz-que-Disse.

Por esta altura, já o público se encontrava totalmente estarrecido e rendido à voz melosa de Miguel Araújo. Ainda assim, o cantor parecia intimidado com a dimensão da plateia, deixando-se apenas soltar com o momento único que se seguiu. Numa ode assumida à música portuguesa, o cantor convidou Tiago Nacarato, que havia feito a abertura do seu concerto, e Mimi Froes, nome presente no cartaz do segundo dia de festival, a juntarem-se a ele em palco. O trio cantou e encantou com o tema Valsa Redonda, mostrando uma harmonização perfeita das três vozes, o que arrancou fortes aplausos do eclético público.

Miguel Araújo
Miguel Araújo e Rui Veloso | © EDP Cool Jazz

Com um Miguel Araújo muito mais seguro de si e bem mais interativo com o público que se deslocou ao Hipódromo Manuel Possolo para o escutar, o cantor interpretou mais dois temas, Recantiga e Vida Pacata, antes do grande momento da noite. Com uma plateia totalmente dominada pela voz do músico nortenho, chegava o momento de um outro grande senhor da música portuguesa subir a palco. Assim que Miguel Araújo anunciou o nome de Rui Veloso, a plateia ovacionou de pé a entrada do cantor com mais de quatro décadas de carreira. Em jeito de homenagem ao sucesso do intérprete de Anel de Rubi, Araújo decidiu cantar um tema antigo de Veloso, Má Fortuna, deixando todos os presentes enternecidos com o momento.

A segunda parte do concerto prosseguiu a duas vozes, arrancando largos aplausos do público que se entusiasmou verdadeiramente com os duetos que se seguiram, uma vez que estes iam alternando entre canções dos dois músicos. Houve até espaço para a partilha de histórias, como aconteceu aquando da interpretação de Sangemil. Segundo contou o próprio Miguel Araújo, a canção foi escrita em memória do dia em que o músico conheceu o seu ídolo, Rui Veloso, na cave da casa da sua avó numa altura em que o experiente cantor ensaiava com os tios de Araújo. A íntima história aproximou ainda mais a plateia dos intérpretes, aplaudindo-os cada vez mais. Depois disto, o espetáculo contou ainda com uma interpretação de Joana Almeirante que fez despoletar milhares de luzinhas do público que insistia em interagir durante o concerto.

Após a interpretação de O Prometido é Devido, que provocou (mais) uma ovação em pé, Miguel Araújo e Rui Veloso divertiram o público ao cantar O Pica do Sete, uma música de António Zambujo. Dado o êxito da canção, toda a plateia se fez ouvir, enchendo o Hipódromo Manuel Possolo com uma harmonia encantadora. Antes do grande final, fez-se ainda ouvir os temas Balada Astral Dona Laura, duas canções de Miguel Araújo. Para terminar o concerto, o artista escolheu a cantiga que o eternizou, Os Maridos das Outras. Porém, este último tema não foi interpretado por Miguel Araújo, mas sim na totalidade por um público que a plenos pulmões entoou cada frase deste êxito, criando um instante épico.

E quando toda a gente pensava que o concerto havia já terminado, eis que Miguel Araújo regressa a palco com Rui Veloso, fazendo-se ainda acompanhar por João Salcedo, um dos músicos de Tiago Nacarato que fez também parte de Os Azeitonas. Mais um momento único estaria para chegar, deixando para sempre gravado na memória de todos os presentes a recordação de uma noite mágica. Num encore ímpar, os músicos interpretaram Anda Comigo Ver os Aviões, deixando uma vez mais o público em êxtase e a cantar como se não houvesse amanhã. Durante a canção houve ainda um despique de guitarras entre Miguel Araújo e Rui Veloso, levando Cascais à euforia.

Assististe ao concerto de Miguel Araújo? Qual a tua música preferida?


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