Entrevista a Sofie Gråbøl – “The Killing: Crónica de Um Assassinato”

 

Sofie Gråbøl esteve em Lisboa, no final de Outubro, para apresentar “The Killing: Crónica de Um Assassinato”, série que o AXN Black estreou dia 19 de Novembro, às 20h30. A convite da Sony Pictures Television fomos falar Sophie e sobre a sua participação nesta popular série.

Sofie Gråbøl é uma atriz dinamarquesa de grande prestígio no seu país e a protagonista principal de “The Killing: Crónica de Um Assassinato”, série já nomeada, por duas vezes, para os “Emmy Awards” e recentemente premiada nos ingleses “BAFTA” (Melhor Interpretação e Melhor Série Dramática). Nos países onde tem estreado, a série tem sido unanimemente reconhecida pela sua qualidade e, devido ao seu sucesso, deu também origem a um remake nos Estados Unidos.

O talento de Sofie não pára de ser apontado, não só nos “Emmy Awards” e nos “BAFTA”, mas também nos prémios “Bodil” (atribuido pela Associação Dinamarquesa de Críticos de Cinema), onde já venceu por duas vezes. Nos prémios “Robert” ganhou 5 de 6 nomeações (do prestigiado Robert Festival da Dinamarca). E foi, ainda nomeada para a “Ninfa de Ouro” no Festival de Monte Carlo de 2011, pelo seu papel na segunda temporada de “The Killing: Crónica de Um Assassinato”.

Em “The Killing: Crónica de Um Assassinato”, Sofie Gråbøl interpreta o papel de Sarah Lund, uma inspetora que trabalha para o Departamento de Polícia de Copenhaga, mas que resolve pedir transferência para a Suécia por causa do namorado. Sarah está prestes a mudar-se quando é encontrada uma mulher de dezanove anos brutalmente violada e assassinada… A detetive é, assim, obrigada a ficar e a liderar a investigação.

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MHD (Magazine.HD): Sophie, como encara a sua participação em “The Killing: Crónica de Um Assassinato”?

SG (Sofie Gråbøl): “Um projecto de sonho”. Muito bem conduzido e com um grau de liberdade para o cast muito significativo, onde em conjunto tivemos a possibilidade de ir construindo a nossa própria personagem, bem como acompanhar o processo criativo de toda a história. Os episódios eram escritos, à medida que iam sendo gravados. Nem mesmo perto do fim da rodagem, por exemplo, sabíamos quem era o assassino, ou seja, a resposta à pergunta que todos colocam. Søren Malling (Jan Meyer na série), mora na mesma rua onde eu vivo, e era normal encontrarmo-nos no café da esquina. Tornou-se quase um hábito falar nesses encontros acerca dos nossos personagens e muito material e ideias para os nossos personagens nasceram daquelas discussões. Esta série foi resultado duma colaboração muito estreita entre o realizador e o escritor. Foi um ano e meio de gravações, quase um casamento.

MHD: O seu papel como Sarah Lund prima por um certo “underacting”, decisivo para a faceta “dark” e intensa do drama. Tal foi uma opção do script ou faz parte do seu “estilo” normal de representação?

SG: Confesso que pretendia fazer algo diferente, adequado ao script. “Sarah Lund” é uma detetive que está de certa forma mais ligada ao assassino do que à vitima. Olhando para outros papéis que tenho representado, sentia que estava sempre a interpretar personagens que choravam, gritavam, gesticulavam, mas isso, além de ser mais fácil, nem sempre reverte eficazmente na intensidade pretendida. Resolvi então criar uma personagem que não fosse comunicativa e que (num plano mais imediato) parecesse não transmitir emoções. Como consegui a inspiração? Quem melhor do que os homens, para o conseguir. Como sabem, as mulheres estão sempre prontas a comunicar… Na verdade tentei imaginar que era um homem (gargalhadas). Isso ajudou-me muito, acreditem.

MHD: Na conferência de imprensa de há pouco, gracejou acerca da inseparável sweater de Sarah Lund . Pode-nos falar um pouco mais dele?

SG: Ao lado menos emotivo e delicado, juntei-lhe um lado mais prático: ao contrário das habituais inspetoras americanas que usam um fato todo aprumado, “Sarah Lund” veste uma simples sweater e umas jeans. Uma mulher não precisa de um fato para ser confiante e determinada. E na verdade a sweater foi de tal modo objeto de atenção, que a certa altura toda a gente queria ter uma igual. Embora seja uma peça tradicional da Dinamarca, até no Reino Unido provocou uma certa moda.

MHD: Ao ver o primeiro episódio desta série, não pudemos deixar de nos recordar e encontrar algumas afinidades com a trilogia “Millenium” de Stieg Larson e da sua adaptação sueca ao cinema, protagonizada por Noomi Rapace, curiosamente tal como “The Killing”, relançada nos EUA com outra produção e elenco. Quais são na sua opinião os principais atributos de “The Killing”, face a todo este “mainstream” americano que domina o panorama das séries.

SG: “The Killing”… é diferente. Além de se enquadrar claramente no tipo “Who done it”, a série difere das outras pela simples razão de ser capaz de acompanhar um assassinato durante vinte horas, ou seja, cada dia que passa é um episódio, um dia de investigação e isso prende o telespectador ao ecrã. O nível de detalhe é enorme; consegue-se ir muito fundo na pesquisa e nos meios onde a acção se desenrola, designadamente o político e a corrupção. Depois temos o estilo dinamarquês. Quem conhece Ibsen, Lars Von Trier, ou até Bergman, sabe que pode contar com ambientes cinzentos, dramas misteriosos e nalguns casos bem sombrios. Tenho pena, mas não temos muitos dias soalheiros como aqui em Portugal…

MHD: Há material para prosseguir?

SG: A terceira temporada está já prevista, mas é praticamente seguro de que também será desta que “The Killing” conhecerá o seu desfecho definitivo.

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The Killing: Crónica de Um Assassinato Título original: Forbrydelsen
Ano de produção: 2007
País de produção: Dinamarca
Género: thriller, drama policial
Duração: 55 minutos x 20 episódios
Intérpretes: Sofie Gråbøl, Søren Malling, Lars Mikkelsen, Bjarne Henriksen, Ann Eleonora Jørgensen, Marie Askehave, Michael Moritzen, Nicolaj Kopernikus