25 filmes para ver até ao fim de 2018
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Até ao fim de 2018, ainda irá haver várias estreias a que amantes da sétima arte deviam prestar atenção. Aqui listamos 25 títulos a não perder.
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Os últimos meses de qualquer ano são sempre marcados pelo advento da Awards Season de cinema e uma avalanche de títulos de prestígio a chegarem aos cinemas. Em Portugal, tal torrente de Óscar buzz tende a estender-se até aos primeiros meses do ano seguinte e assim é também em 2018. Contudo, nem tudo são filmes sedentos de Óscares ou blockbusters a tentar apanhar o público adolescente em férias escolares e as famílias em busca de entretenimento para a época festiva.
Como tal, apontamos nesta lista de recomendações vários tipos de proposta cinematográfica, desde filmes de super-heróis a musicais da Disney e filmes de autor que ganharam prémios em Cannes. Só não incluímos algumas propostas mais rebuscadas, como “O Livro de Imagem” de Jean-Luc Godard, pois isso é cinema experimental e só mesmo o mais ferrenho e devoto dos cinéfilos tenderá a procurar tais prazeres audiovisuais.
Não estão aqui representadas todas as estreias até 31 de dezembro, somente alguns destaques que ordenámos pela sua data de estreia. Vem consultar a lista periodicamente para saberes sempre que estreias não podes mesmo perder todas as semanas.
Em feitio de nota final, temos muita pena em não incluir aqui “Christopher Robin”, mas o filme sobre o melhor amigo de Winnie the Pooh e seu reencontro com os habitantes do Bosque dos Cem Acres na meia-idade teve a sua estreia cancelada em Portugal. Enfim, esse é um filme pelo qual teremos de esperar para ver em DVD e Blu-Ray. Oxalá a espera não seja muita. Com isso em consideração, é possível que algumas destas estreias sejam também canceladas ou adiadas.
Em todo o caso, todos estes são filmes amplamente recomendados pela equipa equipa MHD. Para os descobrires, basta seguires as setas.
HALLOWEEN de David Gordon Green
40 anos volvidos do clássico de John Carpenter e o ciclo recomeça.
A apreensão era muita. É muita. Afinal, só passaram 11 anos depois do remake aceitável, mas desnecessário de Rob Zombie, já para não falar das questionáveis sequelas que sucederam o intocável o original. Mas depois olhámos para o talento envolvido e… resolvemos abrir a porta a esta doçura (ou travessura).
Michael Myers está de volta, mas Jamie Lee Curtis também para interpretar a icónica Laurie Strode, que vai confrontar pela última vez um dos maiores vilões da história do cinema moderno.
Além do regresso da atriz com que tudo começou, o mestre Carpenter surge como produtor executivo, consultor criativo e compositor neste filme que tem história que marca um novo caminho a partir dos eventos do filme de 78 criada pela dupla surpreendente composta por David Gordon Green (que realizou “Pineapple Express”, “Prince Avalanche” e “Stronger”) e pelo ator Danny McBride. Depois temos ainda a curiosidade adicional de esta ser uma produção da casa Blumhouse, que nos trouxe, entre outros, “Foge!”, “Insidious”, “Atividade Paranormal”, “Sinister” e “Fragmentado”. Resumindo, tudo malta com capacidade e bastante tendência para criar coisas boas, o que é um belíssimo começo.
Posto isto, “Halloween” pode muito bem ser a sequela que os VERDADEIROS fãs da saga sempre desejaram. Ficamos a fazer figas.
CdO
BOHEMIAN RHAPSODY de Bryan Singer
Freddie Mercury já morreu há quase 27 anos, mas só agora temos um filme sobre a sua conturbada, problemática e imensamente espetacular vida. Enfim, há que se entender que encontrar um ator capaz de encarnar o lendário cantor não deve ter sido tarefa fácil. Só esperamos que Rami Malek não vá desiludir.
O ator de “Mr. Robot” certamente não possui as capacidades vocais de Mercury, mas a sua capacidade trazer intensidade e presença de estrela ao papel é inquestionável. Se tudo correr bem, Malek até é capaz de conseguir juntar uns quantos prémios de cinema ao seu já considerável espólio de galardões televisivos. Quem sabe se uma nomeação para o Óscar não está no futuro do ator de origem egípcia?
Com imagens que prometem rock faustoso e um trailer recheado de prometedores fragmentos e muita energia, “Bohemian Rhapsody” parece ser já um sucesso garantido. Contudo, a polémica em volta de Bryan Singer e o comportamento errático do realizador durante as filmagens podem vir a prejudicar o filme. Para além disso, já muitos críticos têm acusado o filme de tentar atenuar a sexualidade do seu protagonista, demonizar o seu hedonismo, assim como a sua especificidade étnica. Estamos em 2018 e este tipo de censura histórica para não ofender audiências conservadoras é absurda. Só vendo o filme saberemos se isso se verifica ou não.
CA
FAHRENHEIT 11/9 de Michael Moore
Em 2004, Michael Moore estreou “Fahrenheit 9/11” um ataque argumentativo à Guerra ao terror da administração Bush que se veio a tornar no documentário mais lucrativo de sempre assim como no segundo filme documental a ganhar a Palme d’Or. 14 anos depois, Moore volta à fórmula desse título glorioso com “Fahrenheit 11/9”, uma dissecação multifacetada dos fatores que levaram à eleição de Donald Trump, o que isso diz sobre a sociedade americana e os ciclos históricos patentes nesta dinâmica.
Sendo este um filme de Michael Moore, não vale a pena esperar muita subtileza ou contenção. O que podemos esperar é um bombástico ataque contra tudo e todos que desvenda as hipocrisias do sonho americano e derruba a glorificação de figuras tão aparentemente benignas como Barack Obama.
Para quem se interessa por política internacional, este é um filme obrigatório, nem que seja para ser discutido. Melhor dizendo, para quem se interessa pelo estado do mundo e tem medo do que pode estar para acontecer com a Humanidade, este é um filme altamente recomendado. Tenham medo, muito medo pois este filme assusta e transtorna. Infelizmente, já não estamos em época de conforto esperançoso e o choque de obras assim é uma necessidade urgente.
CA
O QUEBRA-NOZES E OS QUATRO REINOS de Lasse Hallström e Joe Johnston
A história do quebra-nozes mágico originalmente escrita por E. T. A. Hoffmann e imortalizada pelo bailado de Tchaikovsky já por várias vezes passou pelo grande ecrã. Até o Rato Mickey e companhia já deram vida a uma versão do conto acompanhados pela música do bailado.
Seguindo os exemplos estabelecidos por filmes como “Alice no País das Maravilhas” e “Maléfica”, “O Quebra-Nozes e os Quatro Reinos” da Disney representa uma transformação do conto-de-fadas numa aventura moderna, cheia de efeitos especiais vistosos e uma mistura de ambições épicas com o deleite de um espetáculo infantil cheio de pompa, circunstância e muitas cores. Certamente, este parece ir ser um dos filmes mais coloridos e extravagantes do ano. Pelo menos os trailers prometem um festim para os olhos, onde as personagens são tão belas como os mundos mirabolantes que habitam, quer eles sejam um casarão vitoriano em tempo de festa ou um universo onírico onde a arquitetura parece dever tanto a Escher como a doçaria.
A equipa criativa do filme é uma coleção de nomes sonantes do cinema contemporâneo. A fotografia é de Linus Sandgren, que ganhou o Óscar pelo espetáculo cromático de “La La Land”. Guy Hendrix Dyas é o cenógrafo, que já antes deu forma à imaginação de Christopher Nolan com “A Origem”. Os figurinos extravagantes que ainda podem valer uma nomeação para o Óscar são assinados por Jenny Beavan, famosa pelo seu trabalho em filmes de época e em “Mad Max: Estrada da Fúria”. Mesmo em frente à câmara, este é um filme invejável, sendo que Helen Mirren, Keira Knightley, Morgan Freeman, Matthew Macfadyen, Richard E. Grant e Mackenzie Foy são alguns dos atores desta sobremesa cinematográfica com o selo de qualidade da Disney.
CA
RAIVA de Sérgio Tréfaut
Inspirando-se num romance de Manuel da Fonseca, Sérgio Tréfaut assina em “Raiva” a sua segunda longa-metragem narrativa. Por meio da magia do engenho cinematográfico, o cineasta português leva a sua audiência até o passado alentejano, nos anos 50, para perscrutar os detalhes de uma tragédia nascida das injustiças sociais intrínsecas à sociedade portuguesa da época e seus desequilíbrios de poder monstruosos.
Esta é uma história que, na sua forma literária, foi mesmo baseada em factos verídicos que aconteceram nos anos 30 e que o Estado Novo manteve encobertos durante décadas. Afinal, a história de um camponês nos epítetos da miséria a revoltar-se contra os senhores quase feudalistas da terra não era nada que correspondesse aos valores fascistas da ditadura salazarista.
Sem censuras políticas ou medo, Tréfaut traz este enredo ao grande ecrã com o seu habitual virtuosismo formal que aqui torna as paisagens lusitanas em ominosas visões monocromáticas que parecem ter saído de um western de John Ford. O elenco é todo excelente, mas é a prestação de Isabel Ruth, como uma matriarca há muito habituada à dor da fome, que deverá ir ficar na mente do espectador muito depois deste sair do cinema.
CA
A RAPARIGA APANHADA NA TEIA DE ARANHA de Fede Alvarez
A viagem de Lisbeth Salander pelo mundo do cinema não tem sido particularmente regular e sem os seus percalços. Primeiro, vieram as produções televisivas suecas que, quando foram reeditadas em filmes e estrearam internacionalmente, fizeram de Noomi Rapace um nome conhecido. Depois, David Fincher concebeu uma pequena joia cinematográfica baseada no primeiro livro da trilogia de Stieg Larsson, que ganhou um Óscar e veio a afirmar Rooney Mara como uma das atrizes mais interessantes da sua geração.
Agora, a anti-heroína mais famosa da literatura escandinava volta ao grande ecrã, mas já não é numa adaptação dos livros de Larsson. Desta vez, o filme é uma adaptação do quarto livro da saga Millenium, uma obra de David Lagercrantz que se mantém fiel aos textos e estilos da trilogia original e continua a desenvolver o mistério e fascinante vida de Lisbeth Salander, hacker, assassina, protetora de mulheres e anjo da vingança.
Em “A Rapariga Apanhada na Teia de Aranha” será Claire Foy a conceber a nova versão cinematográfica de Lisbeth Salander. Depois do sucesso de “The Crown”, um Emmy e as boas críticas de “Unsane” e “O Primeiro Homem na Lua”, 2018 tem sido um ano de incrível sucesso para atriz britânico. Esperamos que este thriller gélido e violento possa ser a cereja no topo do bolo e o golpe final que torne Foy na estrela que ela merece ser.
CA
DIAMANTINO de Gabriel Abrantes e Daniel Schmidt
Chegou sem anúncio ou, pelo menos, sem lhe esperarmos tamanha magnitude, mas Diamantino já se revelou uma espécie de Cristiano Ronaldo do cinema. E a analogia não é assim tão inocente. É que Diamantino – o personagem – é a maior estrela de futebol do mundo, mas que no momento mais histórico da sua carreira e do percurso desportivo de toda a nação portuguesa… perde o toque especial na hora H e termina a carreira em desgraça.
A partir daqui embarcamos numa odisseia delirante onde o nosso ingénuo protagonista busca um novo propósito de vida e, pelo caminho, enfrenta o neofascismo, a crise dos refugiados e a modificação genética – sim, leste bem.
A primeira longa-metragem da dupla Gabriel Abrantes e Daniel Schmidt recebeu em maio passado o Grande Prémio da 57.ª Semana da Crítica do Festival de Cinema de Cannes e tem feito a delícia do circuito da crítica internacional.
Conceptual e intelectualmente desafiante e ousado, “Diamantino” apresenta-se como um híbrido de géneros – parte spoof, parte sátira, parte thriller, parte observação política e sociológica – que, através de um espelho deformador nos da um retrato retorcido, mas, ainda assim, verdadeiro da conjuntura atual do nosso país e da Europa.
Uma jornada cinematográfica selvagem em que mal podemos esperar por embarcar!
CdO
MONSTROS FANTÁSTICOS: OS CRIMES DE GRINDELWALD de David Yates
“Monstros Fantásticos e Onde Encontrá-los” foi um sucesso popular com alguma aprovação crítica e chegou mesmo a ganhar o Óscar de Melhor Guarda-Roupa. Este ano, temos o segundo capítulo desta nova saga dentro do universo Harry Potter, desta vez com uma história mais negra e focada na ascensão do tirânico Gellert Grindelwald.
O magizoólogo Newt Scamander continua a ser o protagonista da aventura assim como um dos heróis de blockbusters mais maravilhosamente incomuns do cinema atual. Com ele vem também a maior parte das personagens mais adoradas do último filme regressa, as quais se juntam novas figuras como o irmão de Newt, sua antiga amada que partilha o sobrenome da futura Bellatrix Lestrange e o próprio Albus Dumbledore que aqui será interpretado por Jude Law.
Os trailers prometem muita ação e aventura, assim como novas permutações de magia que ainda não vimos neste franchise, quer seja no cinema ou na página. Alguns fãs têm-se manifestado contra aspetos do filme, nomeadamente questões de casting e subtextos potencialmente racistas da personagem de Nagini, mas antes de podermos apreciar por completo tais fatores há que ver o filme. Certamente, este será um dos grandes eventos cinematográficos dos últimos meses do ano, nem que seja pela gigantesca atenção mediática que este universo sempre inspira.
Além disso, quem não quer ver como é que os cineastas exploram o lado mágico de Paris?
CA
VIÚVAS de Steve McQueen
Tendo em conta o sucesso passado de Steve McQueen (“12 Anos de Escravo”), não é de estranhar que o seu novo projeto esteja a ser muito bem recebido pelos críticos. Com um elenco de luxo, que conta com a galardoada Viola Davis e nomes como Liam Neeson, Colin Farrell e Robert Duvall, “Viúvas” é já um dos favoritos na corrida aos prémios da próxima temporada.
Baseado na série dos anos 80 com o mesmo nome, o guião foi adaptado para o grande ecrã por Gillian Flynn (“Gone Girl”) e centra-se na história de Veronica Rawlins (Davis) após a morte do seu marido (Neeson). Veronica terá de lidar com as dívidas deixadas por ele, ligadas ao mundo do crime, e para isso irá recorrer a outras mulheres na mesma situação que ela e que procuram qualquer tipo de justiça.
Se mais motivos precisasses para ver este filme, lembramos que este poderá ser o filme com que Viola Davis irá bater um recorde nos Óscares da Academia, tornando-se a atriz afro-americana com mais nomeações (neste momento está empatada com Octavia Spencer).
MK
GRINCH de Yarrow Cheney e Scott Mosier
“How the Grinch Stole Christmas!”, de Dr. Seuss, não é uma novidade para as crianças nascidas na década de 60 e 70 que cresceram com o especial televisivo de animação tradicional emitido pela CBS. Já as crianças da década de 90 e 2000 terão certamente mais presente na memória a imagem de Jim Carey como Grinch na adaptação live-action da obra literária, publicada no longínquo ano de 1957.
Seja como for, em 2018 chega aos cinemas uma terceira iteração da história que todos conhecemos, mas desta feita usando animação digital 3D. O estúdio que produz o filme é a Illumination Entertainment (a mesma de “Gru – O Maldisposto” e “Minions”) e promete não ser apenas um remake do clássico de TV de 1966: é, ao invés disso, uma história original sobre a origem do azedo Grinch e o porquê de ele quer roubar o Natal.
“Grinch” promete ser uma divertida e emocionante aventura familiar para este Natal, dando a conhecer este icónico personagem para as gerações mais jovens. Bónus: a voz de Grinch pertence nada mais, nada menos do que a Benedict Cumberbatch (pensando bem, talvez devêssemos ter dito isto logo no início deste texto).
DR
SHOPLIFTERS: UMA FAMÍLIA DE LADRÕES de Hirokazu Kore-eda
Ao longo das últimas décadas, Hirokazu Kore-eda tem vindo a afirmar-se como um dos grandes cineastas japoneses da contemporaneidade. A sua especialidade são dramas domésticos apresentados com tanta delicadeza como intimidade, explorando problemáticas da sociedade e cultura japonesa naquilo que se refere a dinâmicas familiares e o conflito entre tradição, moralidade e a fragilidade do ser humano. Já por várias vezes, Kore-eda havia levado filmes a Cannes, mas foi este ano que o cineasta finalmente ganhou a Palme d’Or por “Shoplifters; Uma Família de Ladrões”.
O filme que o júri presidio por Cate Blanchett escolheu como o melhor da Croisette conta a história de uma família a lidar com os limites da pobreza na Tóquio dos nossos dias. Para assegurar a subsistência da família, alguns dos seus membros viram-se para o roubo e fazem do crime rotina do quotidiano. A certa altura, contudo, o seu estilo de vida é abalado pela adoção impulsiva que eles fazem de Osamu, uma rapariga com sinais de abuso a quem esta família de ladrões dá novo lar e o amor que todos merecemos.
Ler as críticas que o filme recebeu em Cannes é navegar por um mar de celebrações efusivas e muitas declarações de genialidade. Uma coisa é certa, este é um filme que parece destinado a fazer chorar as pedras da calçada, como aliás os últimos filmes de Kore-eda têm sempre feito. Com um elenco formidável, que inclui Kirin Kiki num dos seus últimos papeis, este é mesmo um filme imperdível que, antes de estrear comercialmente, vai passar no Lisbon & Sintra Film Festival.
CA
SUSPIRIA de Luca Guadagnino
Depois de ter maravilhado a crítica e o público com a adaptação cinematográfica da obra literária de André Aciman, “Chama-me Pelo Teu Nome”, Luca Guadagnino aventura-se por terrenos díspares: a reinterpretação do clássico de horror de Dario Argento, “Suspiria”. Trata-se verdadeiramente de uma reinterpretação e não um mero remake do filme idolatrado por Guadagnino e, se dúvidas houvesse, a duração total dos dois filmes dissipam-nas: o clássico italiano de 1977 tem 1h40, ao passo que a obra de Guadagnino estende-se ao longo de 2h32 (!).
A narrativa segue uma jovem bailarina americana (interpretada por uma das musas de Guadagnino, Dakota Johnson) que chega a Berlim da década de 70 para uma audição na famosa Companhia de Dança Helena Markos. Depressa essa jovem americana se torna na principal bailarina da companhia coreografada por Helena Markos (interpretada pela outra musa do realizador, Tilda Swinton). Tudo se complica quando a bailarina descobre que a companhia é um covil de… bruxas.
Esta insana visão de Luca Guadagnino de “Suspiria” pode não ser o filme mais adequado para todo o público (o gore está presente em níveis pouco – ou nada – usuais na carreira do realizador), mas é impossível resistir à sua sedução. Elencado por atores de grande calibre (Dakota Johnson, Tilda Swinton – numa tripla interpretação -, Chloë Grace Moretz e Jessica Harper – o elo de ligação ao filme original), e brilhantemente orquestrado musicalmente por Thom Yorke (que compõe uma banda sonora para a posteridade), “Suspiria” reúne motivos suficientes para que nos deixemos enfeitiçar pelas bruxas.
DR
BEAUTIFUL BOY de Felix van Groeningen
Alguém já pensa em Óscares? Nesse caso, é bom que “Beautiful Boy” esteja bem presente nessa conversa!
Até hoje temos dificuldades em fazer sarar a ferida que foi aberta pelo excecional “Ciclo Interrompido” (2013), por isso quando ouvimos falar que o realizador Felix van Groeningen se preparava para lançar um novo projeto, endireitamo-nos rapidamente na cadeira e ficámos a ouvir. Que depois se tenha juntado à equação Steve Carell e Timothée Chalamet foi apenas uma maldade para o nosso coração que tem de esperar até 29 de novembro pela estreia de “Beautiful Boy”.
No enredo, seguimos a história de David Sheff, um conceituado jornalista e escritor que vive com a segunda esposa e os filhos, que tenta compreender a jornada do filho mais velho, Nic, que está entregue de corpo e alma às metanfetaminas. É um retrato profundamente comovente do amor inabalável de uma família e o compromisso entre si face ao monstro da Droga, às suas nefastas consequências e ao processo de reabilitação.
Baseado numa história verídica, “Beautiful Boy” tem tudo para seguir na linha da frente na próxima Awards Season, sendo que o jovem Chalamet tem ganho já bastante tração na categoria de Melhor Ator Principal.
Paragem absolutamente obrigatória!
CdO
FORÇA RALPH: RALPH VS INTERNET de Phil Johnston e Rich Moore
Em 2012, Ralph tornou-se numa inesperada estrela do universo dos Clássicos Disney. Com “Força Ralph”, a Disney recuperava duas coisas que já não possuía, em simultâneo, há algum tempo no que toca aos seus denominados “clássicos”: pujança no box-office e aclamação na temporada de prémios. Na verdade, é quase necessário recuar até “Tarzan”, na gloriosa década dourada de 90, para encontrar um filme de animação com o mesmo nível de aclamação do público e da crítica (excetuando, claro estão, os filmes sob a chancela da Pixar). Depois de “Força Ralph” a Disney iniciou uma nova era que nos trouxe filmes como “Frozen”, “Big Hero 6”, “Zootopia” e “Moana”, todos eles vencedores ou nomeados nos Óscares, e todos sucessos de bilheteira. Não era, portanto, de estranhar que a sequela de “Força Ralph” ficasse guardada na gaveta do estúdio
Para este segundo filme, o argumentista do filme original, Phil Johnston, junta-se a Rich Moore na cadeira da realização para uma aventura onde os protagonistas deixam o videojogo de Litwak para trás e seguem para o vasto e excitante mundo da internet. Podem esperar-se diversas referências à cultura pop, com aparições já confirmadas das princesas Disney que neste filme vão ganhar um facelift 3D.
Se “Força Ralph: Ralph Versus Internet” tiver metade do coração e da adrenalina do seu predecessor, então podemos estar descansados: vem aí mais uma grande animação com batuta da Disney.
DR
UMA GUERRA PRIVADA de Matthew Heinemann
Depois do sucesso de “Em Parte Incerta”, que incluiu uma nomeação para o Óscar de Melhor Atriz, muitos são os cinéfilos que esperam ansiosamente pela próxima fase na carreira de Rosamund Pike. Afinal, seria de esperar que depois de tamanho triunfo, a atriz britânica tivesse acesso a mais papeis do mesmo calibre. Infelizmente, isso não tem acontecido…até agora.
Marie Colvin, protagonista de “Uma Guerra Privada“, é um papel muito diferente de Amy Dunne, mas não é por isso menos interessante ou merecedor dos talentos de Pike e da atenção do público. Para começar, esta é uma heroína trágica da vida real, uma correspondente de guerra que arriscou tudo em nome da verdade jornalística e chegou mesmo a perder a vida enquanto cobria o ataque a Homs na Síria.
Depois, temos o facto que, além de todos os seus feitos valerosos, Colvin era uma presença bastante bizarra com uma voz rouca, atitude agressiva e a aparência de uma pirata de câmara fotográfica na mão e uma pala sobre o olho. Ver Rosamund Pike dar vida a esta figura histórica será certamente um prazer. Além disso, no panorama atual em que o Presidente dos EUA diz que os jornalistas são as pessoas mais mentirosas do mundo, tal celebração de uma jornalista representa uma necessária celebração da busca pela verdade a que muitas pessoas dedicam a vida.
CA
CREED II de Steven Caple Jr.
Com “Creed”, o realizador Ryan Coogler reinventou o franchise de Rocky Balboa, colocando o lendário lutador num papel secundário e acrescentando políticas raciais, conflitos intergeracionais e o peso da passagem do tempo na mitologia desta figura cinematográfica. Não é de admirar que o sucesso de “Creed” fosse resultar numa sequela, mas a ausência de Coogler no projeto levantou algumas sobrancelhas.
Com isso em consideração, convém dizer que Steven Caple Jr. não é um mau realizador e “Creed II” pode vir a ser o filme que o catapulta para o estrelato. Afinal, muita da equipa técnica e criativa do primeiro filme está aqui presente, mesmo o compositor Ludwig Göransson. O argumento desta nova aventura foi mesmo escrito por Stallone que volta para dar vida a Rocky numa narrativa que desenterra mais antigos vilões desta saga desportiva.
Também de volta está o elenco do primeiro filme sobre o filho de Apollo Creed. Michael B. Jordan pode vir a ter aqui o seu segundo grande sucesso do ano, depois de “Black Panther” no início de 2018. Algo é certo, a sua luta contra o filho de Ivan Drago será, com certeza, uma das grandes cenas de combate e ação de todo o ano cinematográfico. Só de pensar como será esse titânico confronto, já estamos a vibrar cheios de antecipação.
CA
SÍLVIO E OS OUTROS de Paolo Sorrentino
Paolo Sorrentino é um dos grandes realizadores do cinema italiano atual. Em 2014, o seu filme “A Grande Beleza” chegou mesmo a ganhar o Óscar de Melhor Filmes Estrangeiro e o realizador é um nome regular na lista das secções competitivas dos grandes festivais de cinema europeus. Em suma, para quem se interessa por cinema que não o de Hollywood, Sorrentino é um nome que impõe algum respeito e reconhecimento.
Apesar disso, não é somente o prestígio e os prémios de Sorrentino que despertam fascínio em “Sílvio e Amigos”. Afinal, esta é uma exploração biográfica do político italiano mais polémico dos últimos anos, Sílvio Berlusconi. Entre festas ostentosas e toda a bizarria e corrupção inerentes à história do antigo Primeiro-Ministro de Itália, esta será uma história de drama bombástico e maquinações políticas mais próximas de uma ópera ou de uma telenovela que de um documentário solene.
Já em “Il Divo”, o realizador tinha experimentado contar a história de uma figura política cheia de maximalismo estilístico e uma prestação grotesca de Toni Servillo. Com esse precedente, mal podemos esperar para ver o bacanal e maravilhosos excessos que devem sair de um filme nesse modelo feito sobre Berlusconi.
CA
DOGMAN de Matteo Garrone
Histórias de vingança há muitas, mas raro é o conto de retribuição violenta que envolve um homem a trabalhar num salão de beleza canina. Assim é a premissa básica de “Dogman”, o mais recente filme de Matteo Garrone, realizador italiano que ganhou fama com “Gomorra” e que recentemente assinou a fantasia barroca “Conto dos Contos”.
Neste filme, o cineasta explora a existência de gentileza num mundo corrupto e venenoso por meio de um protagonista bastante invulgar e até um pouco bizarro. O melhor elemento do projeto é mesmo o ator principal, não obstante todo o virtuosismo formal que o realizador traz à história, com uma prestação que tem vindo a surpreender críticos e cineastas desde Cannes.
Marcello Fonte, o ator em questão, chegou mesmo a ganhar o prémio de Melhor Interpretação Masculina do célebre festival francês. Considerando que o júri era presidido por Cate Blanchett, uma das atrizes mais respeitadas da atualidade, esta honra é particularmente valiosa. Quando o filme estrear, estaremos lá para ver se a estrela australiana tem bom gosto no que diz respeito às prestações de outros atores.
CA
HIGH LIFE de Claire Denis
Desde o início da sua carreira nos anos 80, que Claire Denis tem sido uma das cineastas mais importantes do mundo. Os seus filmes são obras de incrível risco e sofisticação estética, caracterizadas por uma formidável densidade concetual que os pode tornar um pouco intimidantes aos olhos do cinéfilo mais casual. Contudo, para quem esteja disposto a deixar-se levar pelos feitiços cinematográficos de Denis, os seus filmes são fontes de sublime prazer cinematográfico.
“High Life” representa o primeiro filme da mestra do grande ecrã em inglês. Para além disso, é também a primeira aventura da cineasta no mundo da ficção-científica. A julgar pelas descrições oficias do filme e as críticas internacionais, esta premissa futurista foi mais um pretexto para a cineasta nos trazer a sua experiência psicossexual mais ousada e extrema de sempre.
Com um elenco de luxo, assim como cenas passadas em quartos em naves espaciais especialmente feitos para sexo e reviravoltas no enredo centradas no esperma de Robert Pattinson, “High Life” pode muito bem vir a ser o filme mais deliciosamente bizarro do ano. Certamente será um dos filmes mais essenciais, nem que seja somente pelos extremos a que está disposto a levar os espectadores e a sua própria realizadora que nunca se cansa de se superar e desafiar a si mesma.
CA
HOMEM-ARANHA: NO UNIVERSO ARANHA de Bob Persichetti, Peter Ramsey e Rodney Rothman
Para quem adora as aventuras de Homem-Aranha, mas não quer esperar pelo próximo filme protagonizado por Tom Holland para ver o herói novamente no grande ecrã, “Homem-Aranha: No Universo Aranha” será uma espetacular proposta cinematográfica. Trata-se de um filme de animação centrado na figura de Miles Morales, um Homem-Aranha afro-latino-americano que até agora nunca tinha sido representado no grande ecrã.
Convém dizer, contudo, que Morales não é a única versão deste herói famoso a entrar no filme. De facto, esta aventura marca a reunião de várias versões alternativas da personagem, inclusive uma que é um porco falante. Todos estes homens-aranhas terão de trabalhar em conjunto para derrotarem seus inimigos comuns e salvarem as suas próprias realidades.
Apesar da narrativa prometer ação, os cineastas também afirmam que este é um filme cheio de humor, tendo partido da ideia de conceber uma comédia de animação. O resultado final tem o aspeto de um livro de banda-desenhada vivo, sendo uma mistura de técnicas de animação digital raramente vistas assim em longas-metragens comerciais.
CA
O AMANTE DUPLO de François Ozon
François Ozon é um dos cineastas franceses mais provocadores da atualidade. “O Amante Duplo” foi o título que o realizador mais recentemente levou à Competição Oficial do Festival de Cannes e é um dos seus trabalhos mais ousados e maravilhosamente eróticos.
Trata-se de um thriller psicossexual inspirado num romance de Joyce Carol Oates cuja história é subvertida e pervertida pela imaginação de Ozon tão rica em virtuosismo cinematográfico como jubilante obscenidade. Certamente, este é um dos seus filmes mais gráficos, começando mesmo com uma imagem tão anatomicamente explícita que causou furor e polémica na Croisette.
É claro que as provocações sexuais do filme não são a única razão para o ver. Marine Vacht já foi comparada a muitas musas de Hitchcock pela sua prestação que caminha na corda bamba entre o melodrama e a mais pura das friezas psicológicas. Jérémie Renier, por outro lado, mostra por que razão é um dos atores franceses mais celebrados da atualidade, interpretando dois gémeos envolvidos sexualmente com a mesma mulher. Além desses atores, o enredo do filme é uma confeção tão absurda e atrevida que deverá seduzir tantas pessoas como as que irá enfurecer. Terás de experimentar os devaneios eróticos deste drama francês para saberes qual das reações Ozon e companhia vão despertar em ti.
CA
AQUAMAN de James Wan
Depois da sua participação em “Liga da Justiça” chegou agora a altura de Aquaman mostrar o que vale no seu primeiro filme a solo do DC Expanded Universe. Como antes, o herói superpoderoso que consegue falar com os peixes e tem uma fisionomia mais musculada que a de Hércules será interpretado por Jason Momoa, que agora será acompanhado por muitas mais personagens novas.
O elenco responsável por trazer tais figuras para o grande ecrã é bastante respeitável, com Nicole Kidman a interpretar a mãe do herói, Patrick Wilson no papel do seu irmão vilanesco e a bela Amber Heard como uma das habitantes de Atlântida que vai ajudar Aquaman nas suas provações.
Na cadeira do realizador temos um nome meio surpreendente para um filme de super-heróis. Ele é James Wan, homem responsável pelos pesadelos mais assustadores da saga Conjuring, que aqui vai dar o seu melhor e trazer um lado épico e visualmente espetacular a uma guerra subaquática cheia de efeitos visuais vistosos e muita ação. Será que este será o primeiro filme deste franchise, depois de “Mulher-Maravilha” a ser tão bem recebido pela crítica como pelos espectadores?
CA
BUMBLEBEE de Travis Knight
O primeiro spin-off da saga dos Transformers, “Bumblebee” vai nos remeter para os anos 80 e para as origens dos Autobot no nosso planeta. Bumblebee irá partilhar o protagonismo com Hailee Steinfeld, a rapariga que vai encontrar o Volkswagen amarelo, repará-lo e… reparar que não encontrou um Volkswagen qualquer.
Ao lado de Steinfeld teremos nomes como John Cena, Jorge Lendeborg Jr e Justin Theroux e Angela Basset, estes dois últimos como vozes de Decepticons. Não sabemos ainda que Autobots específicos irão aparecer, mas parece inevitável que seja feito uma ponte de acontecimentos que comece a ligar a origem de Bumblebee aos filmes de Michael.
No entanto, pela primeira vez desde que o universo Transformers conheceu o grande ecrã, não será Bay a realizar o filme, mas sim Travis Knight (“Kubo e as Duas Cordas”). Por isso, caso não tenhas sido grande fã da saga até agora, sugerimos que vejas este projeto porque sem Michael Bay na realização poderás ter algumas boas surpresas.
Para além de que duvidamos que não tenhas o Bumblebee, pelo menos, no teu top 3 dos melhores Autobots!
MK
O REGRESSO DE MARY POPPINS de Rob Marshall
Mesmo a tempo de fazer as delícias natalícias de todas as famílias portuguesas, o novo musical de Rob Marshall, realizador de “Chicago” e “Caminhos da Floresta”, marca a primeira vez que Mary Poppins volta aos cinemas depois do filme que valeu a Julie Andrews um Óscar. Desta vez, será Emily Blunt a dar vida à ama-seca que é praticamente perfeita e gosta de voar pelos céus londrinos com um guarda-chuva falante.
“O Regresso de Mary Poppins” não conta só com os talentos de Blunt, tendo um dos elencos mais recheados de estrelas do ano. Colin Firth, Ben Wishaw, Julie Walters, Emily Mortimer, Lin-Manuel Miranda, Meryl Streep, Angela Lansbury e Dick Van Dyke são os outros atores. Van Dyke é mesmo um dos atores do filme original.
Miranda, autor do musical “Hamilton”, é o autor da banda-sonora original cheia de novas canções destinadas a maravilhar novas gerações de fãs de Mary Poppins. O resto da equipa criativa do filme é igualmente prestigiada, incluindo até a figurinista Sandy Powell, cujas confeções coloridas para esta nova fantasia lhe poderão valer o quarto Óscar. Pelo menos uma nomeação parece garantida.
Se és fã do filme original, não podes mesmo perder esta nova aventura Disney pelo mesmo universo, com personagens antigas e novas a reunirem-se para entreter, comover, fazer proezas sobrenaturais e, é claro, dizer “Supercalifragilisticexpialidocious” a seu belo prazer.
CA
O BEN ESTÁ DE VOLTA de Peter Hedges
Nos últimos dias do ano, quando a maior parte da população estará envolvida em celebrações junto dos seus entes queridos, chega aos cinemas um dos retratos mais cáusticos de trauma familiar em época festiva. Trata-se da história de Ben, um jovem problemático e com um passado negro que, na Véspera de Natal, surpreende a família ao aparecer sem anunciar a ninguém o seu regresso.
Apesar da felicidade da mãe, Ben depressa leva a sua família a cair numa espiral de desgraças com consequências potencialmente destrutivas. Peter Hedges, que já foi nomeado para o Óscar de Melhor Argumento Adaptado, assina o argumento e realiza “O Ben Está de Volta”, trazendo muita complexidade a esta difícil relação entre filho e progenitor.
Para acentuar essa mesma dinâmica, o cineasta escolheu o próprio filho, Lucas Hedges, para o papel titular. O jovem certamente voltará a provar que é um dos melhores atores da sua geração com este filme. Pela sua parte, Julia Roberts dá vida à mãe desesperada e está a ser louvada por aquela que muitos críticos dizem ser uma das grandes prestações da sua carreira.
Não percas esta estreia já bem próxima do fim de 2018!
CA
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