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European Film Challenge | Entrevista com a vencedora do desafio de Cannes

O novo desafio do European Film Challenge já chegou e, para comemorar, trazemos-te uma entrevista exclusiva com a vencedora do desafio de Cannes, Margarida de Sousa!

A Magazine.HD esteve à conversa com Margarida de Sousa, a vencedora do último desafio do European Film Challenge. A jovem cinéfila teve algumas escolhas interessantes, incluindo um velhinho VHS, e ficámos curiosos para saber um pouco mais sobre os seus interesses e sobre a sua opinião acerca de temas como o futuro do cinema, especialmente numa altura tão delicada. Deixamos-te assim com a entrevista, onde poderás encontrar também várias dicas para participares no novo desafio do EFC (que começou no dia 10 de junho e termina a 12 de agosto).

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Magazine.HD: Olá Margarida, desde já queremos congratular-te pela vitória! Podes falar-nos um pouco de ti?

Margarida de Sousa: Olá, eu é que agradeço por ter sido escolhida, é uma oportunidade incrível para quem adora cinema. Não há muito a dizer sobre mim, chamo-me Margarida, tenho 22 anos e estou no quarto ano de Engenharia de Materiais na FCT-UNL, que eu sei que não tem nada que ver com cinema, mas uma pessoa pode ter mais do que uma paixão na vida, e não posso negar que gosto de ciência tanto quanto gosto de filmes. Já agora literatura, adoro livros, acho que tenho um gosto enorme por histórias e nos processos em como se pode transpor uma história do cérebro de alguém tanto para um ecrã como para uma folha de papel.

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Paris, Texas © Road Movies Filmproduktion

MHD: Dos dez filmes que enviaste, qual é o teu favorito?

Margarida: Dos dez filmes, o meu favorito foi muito provavelmente “Paris, Texas” de Wim Wenders. Já conhecia filmes de Wim Wenders e posso dizer que, de um modo geral, adoro os filmes dele, mas “Paris, Texas” é um daqueles filmes que nos deixa num mundo completamente diferente, até mesmo depois de ter acabado. Acho que esse efeito vem do facto de o filme estar cheio de emoções reais sem deixar de ser engraçado quando tem de ser.

MHD: Usaste vários tipos de plataformas, das tradicionais salas de cinema, aos DVDs e aos serviços de streaming. Tens alguma plataforma de preferência?

Margarida: É importante deixar claro que acho que temos de dar valor a plataformas de streaming porque, quer queiramos ou não, têm vindo a globalizar e reforçar o acesso que temos a filmes (e foram extremamente úteis durante o estado de emergência). Com isso dito, não é a minha plataforma favorita simplesmente porque tenho um amor incondicional por ver filmes em salas de cinema e o crescimento do streaming tem lentamente diminuído a quantidade de pessoas que de facto tira proveito de ver filmes, como eu acho que eles foram feitos para ser vistos, em salas de cinema. Sinto que ao ver um filme num ecrã grande é mais fácil reparar em cada pormenor e prestar atenção a cada centímetro de informação e, como tal, tenho pena que seja algo que se tem vindo a perder.

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Totó, o Herói © Iblis Films

MHD: Reparámos que viste um dos filmes numa velhinha VHS, ainda tens muitos filmes em cassete? Porque optaste por ver “Totó, o Heróí” desta forma? Aproveitaste que tinhas o filme ou tens uma preferência por este tipo de formato?

Margarida: Sim, ainda tenho alguns filmes em cassete e de vez em quando uso VHS mais por nostalgia do que por ter preferência pelo formato. Aconteceu que estava a olhar para a coleção de DVDs e cassetes que tenho em casa à procura de um filme para ver e dei de caras com a cassete de “Totó, o Herói” que nunca tinha visto, nem prestado muita atenção para ser honesta, mas no dia surgiu curiosidade e decidi ver.

MHD: Na tua opinião de cinéfila, estão os formatos físicos condenados a desaparecer ou conseguirão viver em coexistência com as plataformas de streaming?

Margarida: Não acho que estejam propriamente destinados a desaparecer, mas sim a perder uma quantidade considerável do seu consumo. Digo isto porque penso que irão sempre existir pessoas que, como eu, ao verem um filme que adoraram sentirão vontade de adquirir o formato físico para o terem para si e verem sempre que quiserem. É algo parecido com o que acontece com os livros. No meu grupo de amigos emprestamos livros uns aos outros e alguns de nós leem livros em formato digital mas, para alguns, se o livro causou impacto vão querer comprar o livro que tinham pedido emprestado ou adquirir o formato físico, porque no formato digital a prova física da apreciação que se tem por aquele pedaço de arte parece não ser suficiente.

MHD: Sabemos que a tua ida a Cannes foi infelizmente adiada mas quais as tuas expectativas para quando chegar a altura? Algum ator ou realizador que gostasses de ver/conhecer?

Margarida: Acho que não tenho nenhuma expectativa concreta, mas estou entusiasmada por poder ver filmes antes de seres distribuídos em massa e se calhar poder ouvir os realizadores a falarem daquilo que criaram. Gostava de ver o Wes Anderson, ou a Lulu Wang a falarem de novos filmes, se tiverem novos filmes pela altura do festival de Cannes, mas não é tanto uma vontade de os conhecer, mas de os ouvir a falar dos seus trabalhos.

MHD: As salas de cinema estão prestes a reabrir. Com vontade de voltar a ver filmes no grande ecrã?

Margarida: Claro que sim, cheia de vontade de voltar ao Nimas, à Cinemateca ou qualquer outra sala de cinema. Já tenho saudades do frio que faz nos cinemas.

MHD: Que conselhos darias aos participantes dos futuros desafios?

Margarida: Vejam que filmes têm em casa e a que nunca prestaram muita atenção, que filmes estão a dar na televisão, às vezes pensamos que nunca passam filmes bons, mas não é verdade só temos de estar atentos. Aproveitar para ir as salas de cinema mais pequenas, que muitas vezes têm mais conhecimento dos filmes que estão a mostrar e no fundo verem os filmes que lhes apetece, porque este desafio é uma ótima desculpa para ver filmes quando temos outra coisas para fazer.

Lembramos que o novo desafio do European Film Challenge já começou e, como podes ver, as escolhas são imensas! Está atento à televisão, mergulha nos serviços de streaming, aproveita a reabertura das salas de cinema, e procura bem na tua coleção de DVDs e VHS pois poderás ter uma relíquia esquecida!

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