Máiréad Tyers em "Extraordinary" (2023) | ©Hulu/ Disney+

Extraordinária, primeira temporada em análise

Num mundo do cinema e da televisão completamente saturado com histórias de super-heróis desde que “Os Vingadores” chegaram ao cinema em 2012, será que, uma década depois do fenómeno se intensificar, ainda há espaço para criatividade e irreverência nestes universos fantásticos? É isso que a série britânica “Extraordinária”, na Disney+ desde 25 de janeiro de 2023, procura  alcançar. Será que consegue? 

Sim, respondemos já a esta importante questão! Deste lado, achamos a irreverência de “Extraordinária” perfeitamente encantadora, e aguardamos, aliás, por mais conteúdos sobre “heróis” que os libertem de uma obsessão por “fazer bem” e do seu complexo de deuses. Em “Extraordinária”, todas as pessoas do mundo ganham um poder especial aos 18 anos – um poder que outros podem partilhar – mas que é o talento especial que os distingue. Pode ser extra-força, ser invisível, a capacidade de voar ou, como esta é uma série para maiores de 18 – a capacidade de dar orgasmos com apenas um toque.

Em “Extraordinária” seguimos a protagonista Jen, uma irlandesa cuja família se radicou em Inglaterra. Jen já tem 25 anos e até agora, nada de poder. Essa incapacidade de aceder ao seu poder, que neste mundo muitas vezes até dita a profissão dos indivíduos, faz com que Jen se sinta incompleta e como uma falhada. Felizmente, a sua melhor amiga Carrie, com quem vive, é uma medium com um canal aberto para o reino dos mortos, o que lhe permite sempre acabar o dia com uma boa conversa com o seu pai, sempre disponível a partir do “além”.

A verdade de Jen torna-se ainda mais “tresloucada” quando acolhe um gatinho vadio que acaba por revelar ser um homem adulto com o poder da transfiguração e que, há demasiado tempo preso no corpo de um gato, se esqueceu da sua identidade e de como ser humano. Agora, Jen procura não só descobrir finalmente o seu poder, como ajudar o gato/humano “Senhor da Esporra” (nada de spoilers sobre como este nome hilariante surgiu) a encontrar o caminho de volta para a sua vida.

STAR Disney 2023 - extraordinária T1
© STAR/Disney

“Extraordinária” é uma série que combina com o seu nome,  repleta de momentos inacreditavelmente engraçados, capazes de deixar qualquer pessoa a rir desalmadamente. Tudo isto com um humor muito típico, britânico e corrosivo, sempre com um toque do depreciativo que tanto caracteriza as produções cómicas deste povo.

Esta produção britânica foi recebida com críticas excelentes, e uma pontuação de 100% no Rotten Tomatoes, bem como uma enorme confiança por parte da sua produtora e emissora, que encomendaram uma segunda temporada mesmo antes da primeira emitir. Deste lado não podíamos concordar mais, uma vez que a jornada de Jen é muito empática e decididamente original, pelo menos tendo em conta a sua premissa genérica.

 

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Uma pessoa sem poderes, num mundo de heróis, revela-se a mais especial? É literalmente o enredo do filme “Encanto”, da Disney, e de tantos outros. Mas com “Extraordinária”, o que importa não é o ponto de partida nem de chegada, mas antes a estrondosa e divertida jornada.

A série agarra a partir do primeiro instante, com uma cena de abertura que cria logo um grande laço entre espectador e protagonista, e este pay-off apenas cresce ao longo do episódio piloto. Com apenas 8 capítulos, podíamos criticar a série apenas por avançar um pouco depressa demais, revelando-nos detalhes de enredo essenciais em apenas pouco mais de quatro horas de série.

Mas e daí, por outro lado, é inegável que “Extraordinary” mantém um ritmo bastante saudável e contagioso, e é definitivamente perfeita para um bom ‘binge’. Para além de se afirmar com um conteúdo válido acerca de crescimento pessoal, “Extraordinária” sabe surpreender e, ocasionalmente, até emocionar. Num mar sem fim de conteúdo da DC na HBO e na Netflix e de conteúdo da Marvel na Disney, é refrescante ver uma série em que ser um herói não é um fim, é apenas uma característica inata de cada ser humano.

 

 

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Banalizando o significado de ter poderes, estes deixam de ser utilizados para o bem da humanidade, e são acima de tudo usados para o ganho pessoal de cada um. Assim, cria-se uma comédia de ficção científica mais negra e menos embelezada, e onde podemos desfrutar de anti-heróis e heróis quase indistinguíveis.

Outro gigante bónus é que “Extraordinária” acabou com um cliffhanger de suster a respiração e é com enorme alívio que constatamos que existirá uma segunda temporada pronta para responder às nossas dúvidas.

Até lá, desejamos uma excelente visualização, só na Disney+.

TRAILER | A T1 DE EXTRAORDINÁRIA ESTÁ DISPONÍVEL NA DISNEY+

Extraordinária, primeira temporada em análise
Extraordinária Poster T1

Name: Extraordinária

Description: Jen é uma jovem de 25 anos que vive num mundo em que toda a gente tem um poder especial...menos ela!

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  • Maggie Silva - 85
85

CONCLUSÃO

Num mundo repleto de conteúdos sobre pessoas com poderes extra-humanos, dizer que “Extraordinária” consegue atingir o seu cunho de originalidade e acrescentar algo à paisagem não parece muito…mas sem dúvida é!

Pros

  • As interações entre o elenco;
  • O humor irreverente;
  • A total falta de “bons modos” que, habitualmente, costuma atravessar conteúdos com temáticas afins;
  • Tudo o que tenha a ver com o “Jizz Lord”.

Cons

  • Por norma, os mundos de “heróis” existem à parte do nosso mundo real. Não em “Extraordinária”, uma série repleta de referências à nossa cultura popular e a figuras reais, como por exemplo, Hitler. Mas como se desenvolveram estes poderes? Como surgiu esta evolução humana, quando? Como foi o período das guerras com a questão dos poderes ao barulho? Há muito, muito, que não nos é dito e que gostaríamos de saber;
  • Por vezes os dramas de Carrie e Kash conseguem cansar.
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4.5 (2 votes)

One Response

  1. Marya 21 de Fevereiro de 2024

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