Festival de Teatro de Almada: QUE BOA IDEIA, VIRMOS PARA AS MONTANHAS | © CTAlmada

Festival de Teatro de Almada: sugestões

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Hoje arranca a 36ª edição do festival de teatro de Almada e temos diversas sugestões de performances às quais poderás assistir quer na margem norte quer na margem sul do Tejo de 4 a 18 de julho. 

Um dos mais aguardados festivais de teatro toma de assalto este mês ambas as margens do rio Tejo. É possível comprar assinaturas que permitem entrada directa no Palco Grande da Escola D. António da Costa e nos restantes espectáculos (estando esta condicionada à lotação das salas). Os membros do clube de amigos do TMJB poderão comprar as assinaturas por 60€, enquanto os restantes espectadores pagarão 75€. O preço dos bilhetes avulso dependerão da sala onde tomará lugar a performance.

Em Almada, na Escola D. António da Costa e no Teatro municipal Joaquim Benite, na sala principal, os bilhetes custarão 15€. Na Sala experimental do mesmo teatro o bilhete custará 10€, assim como no Fórum Romeu Correia, no Teatro-estúdio António Assunção, no Incrível Almadense e no seminário de São Paulo. Já em Lisboa, no TNDMII, o ingresso para a Sala Garret poderá ir dos 9€ aos 16€, enquanto na sala estúdio terá o custo de 11€. No CCB os bilhetes irão de 10€ a 50€ e no Teatro Municipal Mirita Casimiro, em Cascais, o preço será de 12,5€. Na margem norte os descontos habituais de cada casa de espectáculos aplicam-se ao Festival de teatro de Almada.

Seguem-se as nossas sugestões para a edição deste ano:

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FESTIVAL DE TEATRO DE ALMADA | GUERRA E TEREBINTINA

Guerra e terebintina | © CTAlmada

Depois de ter andado por entre os estilhaços da memória da sua própria história familiar, o encenador belga prossegue o seu trabalho em torno da memória, desta feita levando para o palco os destroços (materiais, também) da família do escritor Stefan Hertmans que encontrou no livro Guerra e terebintina (2014, muito aclamado e traduzido em várias línguas). Antes de morrer, o avô de Hertmans confiou-lhe dois cadernos cheios de memórias que andou a escrevinhar com afinco ao longo de dezassete anos. Um deles era «um relato primorosamente documentado, inequivocamente pertencente ao arquivo da Grande Guerra», testemunho em primeira mão sobre a experiência das trincheiras, que faria do soldado e pintor Urbain Martien um inválido. A actriz belga Viviane De Muynck é a narradora desta história que interpela todos, incluindo os descendentes dos soldados que integraram o Corpo Expedicionário Português.

Uma produção Belga, encenada por Jan Lauwers, a partir do romance de Stefan Hertmans, no TNDMII dia 6 (sábado) às 19h e dia 7 (domingo) às 16h.




FESTIVAL DE TEATRO DE ALMADA | MACBETTU

Macbettu | © CTAlmada

Macbeth foi transformado em Macbettu, uma maléfica personagem da Sardenha. Na Escócia ou na Barbagia, os arcaísmos, a maldade e a violência humanas, a sede de poder e a embriaguês da conquista são os mesmos. Falado na língua da Sardenha, inspira-se na força telúrica de uma ilha italiana que guarda segredos milenares: ali se construíram, há perto de 4000 anos, fortalezas de granito que não são assim tão diferentes dos antigos castelos da Escócia. Ritos violentos, máscaras carnavalescas terríveis, baptismos profanos – tradições que atravessam o tempo – fornecem algumas chaves de leitura para este teatro, no qual a coreografia tem um papel fundamental e cujas personagens, à imagem do teatro isabelino, são inteiramente interpretadas por homens. Distinguido em 2017 com os Prémios Ubu para melhor espectáculo e melhor interpretação, é o primeiro espectáculo em língua sarda que se apresenta em Portugal.

A partir de Macbeth de William Shakespeare, com encenação de Alessandro Serra dia 10 às 19h e dia 11 às 21h na sala Garrett do TNDMII.



FESTIVAL DE TEATRO DE ALMADA | UM AMOR IMPOSSÍVEL

Um amor impossível | © Elisabeth Carecchio, CTAlmada

Seduzida pelo projecto da encenadora, a escritora aceitou o repto de transformar o seu romance numa peça de teatro. Duas actrizes encarnam os papéis de uma mãe e de uma filha cujo relacionamento está envenenado pelo incesto paterno. Autobiográfica, corajosa, a narrativa de cena resulta de um longo diálogo entre a escritora e a encenadora.

A partir do romance de Christine Angot, adaptado pela autora, com encenação a cargo de Célie Pauthe e interpretações de Bulle Ogier e Maria de Medeiros, Um amor impossível estará na sala principal do Teatro municipal Joaquim Benite, dia 7 às 21h30 e 8 às 19h.




FESTIVAL DE TEATRO DE ALMADA | MARY SAID WHAT SHE SAID

Mary said what she said | © Lucie Jansch, CTAlmada

Uma história e uma personagem únicas enformam um espectáculo portentoso sobre as últimas horas de vida de Mary Stuart, Rainha da Escócia, que desafiou as forças da História e do destino, e foi por essa razão julgada no Verão, condenada no Outono e executada no Inverno de 1587, por ordem da sua prima, a Rainha Isabel I. Diz-se que os seus lábios ainda mexiam quando o carrasco exibiu a sua cabeça decepada.

Encenação de Robert Wilson e interpretação de Isabelle Huppert, no grande auditório do CCB dia 12 e 13 às 21h.




FESTIVAL DE TEATRO DE ALMADA | FAHRENHEIT ARA PACIS

Fahrenheit ara pacis | © CTAlmada

Os antigos romanos construíam templos dedicados à paz para que os deuses não os abandonassem e pudessem desfrutar de períodos longos sem violência. Desafortunadamente, todos esses templos foram destruídos por novas guerras ou por religiões intolerantes. A transição de uma cidadania pacífica para uma milícia violenta advém da falta de liberdade, do pensamento único e da destruição da cultura, como explica Ray Bradbury em Fahrenheit 451 (um livro distópico de 1953). A festa apresenta-se como alternativa à violência. O uso festivo da pólvora como uma alternativa à sua utilização militar. O espectáculo passou já por grandes festivais (Suíça, México, França, Coreia do Sul) e usa várias técnicas de cena, da pirotecnia aos efeitos de iluminação de grande espectacularidade como formas de metaforizar a transformação de uma sociedade agrária e festiva que acaba por sucumbir ao furor belicista, pois a cegueira do homem é o combustível da guerra.

Na praça São João Baptista, dia 12 às 24h, com música de Samu Parejo e direcção técnica de Angel Carrasco “el Nano”.



FESTIVAL DE TEATRO DE ALMADA | SAISON SÈCHE

Saison Sèche | © Jean-Luc Beaujaul, CTAlmada

Espectáculo-ritual, reúne sete mulheres incumbidas de destruir o espaço-prisão do poder masculino e é constituído por cinco cenas: um prólogo, uma submissão, um nascimento, um combate e um epílogo. O tema central: as relações de poder entre os seres. Como derrubar um poder sabendo que quem o detém não o entregará sem resistência? A espreitar – no processo de criação e em cena –, como um estilhaço da Antiguidade aqui chegado pela transmissão de uma cultura, a batalha de Lisístrata (ou a greve ao sexo das atenieneses), de Aristófanes. Peça do Ciclo da Água e do Vapor – que parte de um longo programa que trabalha cenicamente, com enorme originalidade, a relação entre os elementos e os comportamentos humanos –, estreou no Festival de Avignon de 2018.

Uma co-produção entre Festival d’Avignon, Théâtre national de Marseille, Théâtre des Quatre Saisons, Scène conventionnée Musique(s), le Grand T, Théâtre de Loire-Atlantique à Nantes, maison de la culture de Seine-Saint-Denis, Bobigny et le Théâtre de la Ville e Bonlieu scène nationale d’Annecy. Na sala principal do Teatro municipal Joaquim Benite dia 13 às 21h30 e 14 às 18h30.




FESTIVAL DE TEATRO DE ALMADA |PASSOS EM VOLTA

Dr. Nest | © Valeria Tomasulo, CTAlmada

Plebiscitada pelo público na edição de 2018 do Festival de Almada, dessa forma fazendo com que volte a apresentar-se este ano como Espectáculo de Honra, esta criação dos Familie Flöz inspira-se em estudos de casos verdadeiros realizados no fervilhante domínio da neurologia. O Dr. Nest abre ao público as portas de um estabelecimento psiquiátrico ao mesmo tempo imaginário e plausível (Villa Blanca), onde se dedica a observar os bizarros comportamentos dos seus residentes e funcionários – que rapidamente se transformam em passageiros e tripulação de uma inesperada nave em viagem pelos mistérios da ainda opaca cartografia do cérebro humano. Uma viagem que, necessariamente, também percorre a memória das relações entre uns e outros. Teatro sem palavras, dito físico, aqui o corpo é que diz, faz, é – com máscaras que transformam os actores em marionetas humanas de singular inteligência, sensibilidade e imaginação.

Uma peça de Anna Kistel, Benjamin Reber, Björn Leese, Fabian Baumgarten, Hajo Schüler, Mats Suethoff e Michael Vogel; sob direcção de Hajo Schüler, no palco grande da Escola D. António da Costa, dia 14 às 22h.




FESTIVAL DE TEATRO DE ALMADA | JOAN OF ARC

Joan of arc | © Sven Gjeruldsen, CTAlmada

Nascida durante a Guerra dos 100 anos, a filha de um camponês francês chamado Jacques d’Arc começou a ouvir vozes aos 13 anos, chamamentos que a exortavam a uma inesperada tarefa: a de ajudar Carlos VII a ser coroado Rei de França. Acusada de bruxaria e de heresia, Joana d’Arc (1412-1431) foi condenada e queimada viva. Mais tarde seria beatificada, e depois canonizada pelo Vaticano.

Juni Dahr, quem está a cargo da concepção, direcção artística e interpretação do espectáculo estará no seminário de São Paulo dia 15 e 17 às 21h30 e dia 16 às 18h30.




FESTIVAL DE TEATRO DE ALMADA | AS TRÊS SOZINHAS

As três sozinhas | © CTAlmada

Hécate. Circe. Medeia. Sereias, Hárpias, Górgonas. A madrasta da Branca de Neve e a velha da casa feita de guloseimas. Joana D’Arc, Ana Bolena. Capicua, Patti Smith. Pussy Riot, Femen e Guerrilla Girls. Maria Lamas, Carolina Beatriz Ângelo e Maria Judite de Carvalho. Frida Kahlo, Camille Claudel e Agnès Varda. Sylvia Plath, Virginia Woolf e Gertrude Stein. Clarice Lispector, Isadora Duncan. Judite com a espada de Holofernes, Lorena Bobbitt com uma faca de cozinha, Valerie Solanas com uma pistola. Uma longa espiral de mulheres a girar em torno de uma clareira na floresta à noite. Elas estão em chamas.

Uma criação de Anabela Almeida, Cláudia Gaiolas e Sílvia Filipe dia 5, 11 e 12 às 21h30; dia 6, 10 e 13 às 19h30; dia 7 e 14 às 16h30 na sala estúdio do Teatro Nacional D. Maria II.




FESTIVAL DE TEATRO DE ALMADA | PROVISIONAL FIGURES

Provisional Figures | © James Bass, CTAlmada

“Provisional Figures” é a denominação dada em estudos estatísticos a todos os imigrantes com uma situação indefinida ou provisória a trabalhar no Reino Unido. Culminando uma investigação e recolha de testemunhos de dois anos junto da comunidade portuguesa de Great Yarmouth (uma vila situada na costa Leste de Inglaterra), e explorando as contradições do comportamento humano e a natureza das relações entre os homens e os outros animais, o espectáculo documenta a realidade dos portugueses que, na última grande vaga de emigração portuguesa (2009-2014) tiveram de sair do país para encontrar destinos de vida duríssimos na indústria alimentar global que entretanto ali se instalou para matar, esfolar e dissecar perús e galinhas – com recurso à mão-de-obra do chamado “trabalho flexível”.

A partir da ideia original de Renzo Barsotti, o conceito, dramaturgia e encenação de Marco Martins estarão no Incrível Almadense dia 5 e 7 às 19h30 e dia 6 às 18h30.




FESTIVAL DE TEATRO DE ALMADA | SE ISTO É UM HOMEM

Se isto é um homem | © CTAlmada

Testemunho de um sobrevivente do Holocausto, expôs, à saída da máquina concentracionária de extermínio nazi, com a secura de quem se limitou a descrever a humanidade no seu pior, o horror inexcedível das relações de poder entre vítimas. Dedicado aos carrascos que foram todos os que, pelo silêncio cobarde e pela indiferença dormente, compactuaram com o genocídio de seis milhões de judeus, o texto põe à consideração destes se «quem sem cabelos e sem nome», nem já «força para recordar» é um homem ou uma mulher. Depois de o actor inglês Antony Sher e de o dramaturgista sueco Lars Norén o terem feito nos seus países, trata-se da primeira adaptação portuguesa deste texto – e a sua estreia absoluta em Portugal, no ano em que se assinala o centenário do nascimento de Primo Levi (1919-1987).

Uma dramaturgia e encenação de Rogério de Carvalho a partir de Primo Levi na sala experimental do Teatro municipal Joaquim Benite. Dia 5, 9, 11, 15, e 17 às 21h30; dia 6 às 16h; dia 8, 10, 12, 16 e 18 às 18h30.




FESTIVAL DE TEATRO DE ALMADA | TERROR E MISÉRIA

Terror e miseria | © CTAlmada

Estreada em Portugal em Almada, em Julho de 1974, na Incrível Almadense pela mão do Teatro da Cornucópia – usando a mesma tradução desta criação, assinada por Fiama Hasse Pais Brandão (1938-2007) –, a peça foi escrita entre 1935 e 1938, durante o exílio de Brecht na Dinamarca, a partir de testemunhos e de notícias de jornais. Trata-se de uma profunda reflexão sobre a ascensão do nazismo na Alemanha, numa sucessão de retratos do quotidiano de uma sociedade permeabilizada pelo mal através dos seus grandes aliados: o medo, a indiferença e o oportunismo.

A partir de Bertolt Brecht, uma encenação de António Pires no palco grande da Escola D. António da Costa, dia 12, às 22h




FESTIVAL DE TEATRO DE ALMADA | QUE BOA IDEIA, VIRMOS PARA AS MONTANHAS

Que boa ideia, virmos para as montanhas | © CTAlmada

Uma canção de Leonard Cohen, Famous Blue Raincoat – uma carta em que Cohen se dirige a alguém com quem a sua mulher teve um caso – inspirou este texto para teatro. Uma noite, uma dessas noites banais, um casal é visitado por alguém que traz consigo uma amizade antiga, mas também culpa e desamparo.

Um texto e encenação de Guilherme Gomes dia 12 a 14, o Teatro-Estúdio António Assunção às 16h.

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