“After the Hunt”, thriller psicológico com Julia Roberts. | © 2025 Amazon Content Services LLC. All Rights Reserved.

Festival de Veneza 2025 | Um Lido cheio de estrelas, filmes XXL e glamour à moda antiga

O Festival de Veneza 2025 está de volta com um cardápio XXL de filmes, estrelas e passadeira vermelha. De Guillermo del Toro com o seu “Frankenstein” gótico a Julia Roberts em “After the Hunt” e The Rock a trocar o ringue pelo Lido, a 82.ª edição promete glamour, surpresas e algumas maratonas cinematográficas para os mais corajosos.

Se o Festival de Veneza 2025 fosse um restaurante, seria daqueles que te dão um menu de 30 páginas e um empregado que te garante: “É tudo bom”. A conferência de imprensa desta manhã, liderada por Alberto Barbera, confirmou o que os rumores já diziam: a 82.ª edição do Festival de Cinema de Veneza vem carregada de filmes, estrelas e promessas de secções longas, com a maioria dos filmes, acima das 2h a 2h30 de duração. Barbera desfilou uma lista de quase 200 filmes, como quem anuncia os saldos de fim de estação no Lido.

Festival de Veneza 2025
Allberto Barbera Alberto Barbera, confirmou os rumores à programação 2025. ©José Vieira Mendes

Mas sejamos justos: no meio desta avalanche cinematográfica no Festival de Veneza 2025 há filmes que prometem muito, mas muito. Entre monstros góticos, thrillers musculados, comédias negras e dramas históricos, a programação é tão variada que é quase impossível não encontrar algo que te faça querer reservar um bilhete.

Difícil é como sempre reservá-los pois vamos ter pelos menos durante metade dos dias antes e durante o festival de acordar às 6h da manhã. Mas tem corrido tudo muito bem nos últimos anos….

A Competição: Frankenstein, Jarmusch e The Rock de Gravata

A competição oficial do Festival de Veneza 2025, está recheada de pesos-pesados (alguns literais, como Dwayne Johnson). “Frankenstein”, de Guillermo del Toro, é provavelmente o filme mais aguardado, com Jacob Elordi a provar que não é só um galã de “Euphoria”, e Mia Goth e Oscar Isaac a darem o toque gótico perfeito.

O outro grande falatório vai para “The Smashing Machine”, de Benny Safdie, que leva Dwayne “The Rock” Johnson a um território dramático e emocional. Sim, The Rock no Lido é um daqueles momentos que já vale o preço da quase sempre lotada conferência de imprensa.

Emily Blunt interpreta a mulher do lutador de MMA Mark Kerr, num filme produzido pela A24, o que significa que isto não será só um biopic de socos e suor, mas uma aposta séria a caminho dos prémios. George Clooney regressa com “Jay Kelly”, uma comédia dramática escrita a meias por Noah Baumbach e Greta Gerwig, onde interpreta um ator em crise de identidade (sim, Clooney sabe rir de si próprio).

Jim Jarmusch estreia-se finalmente em competição no Festival de Veneza 2025 com “Father Mother Sister Brother”, um tríptico com Cate Blanchett e Adam Driver, que já soa a culto instantâneo. A isto junta-se “Bugonia”, a nova comédia negra de Yorgos Lanthimos, que volta a recriar um universo absurdo com Emma Stone e Jesse Plemons.

Outra novidade é “The Testament of Ann Lee”, musical histórico de Mona Fastvold, co-escrito com Brady Corbet. François Ozon aposta na adaptação a preto e branco de “L’Etranger”, de Albert Camus, enquanto Park Chan-wook chega com o enigmático thriller “No Other Choice”, porque não há Festival de Veneza, sem um pouco de tensão coreana. A representação italiana está assegurada por Pietro Marcello, que traz “Duse”, biografia da mítica atriz Eleonora Duse, e por Leonardo di Costanzo, com “Elisa”.

Lê Também:
Festival de Veneza 2025 | Júris de luxo, clássicos restaurados e um tributo à rainha Jane Campion

Ildikó Enyedi apresenta “Silent Friend”, um drama europeu com aquele toque enigmático que só ela sabe fazer, enquanto Kaouther Ben Hania compete com “The Voice of Hind Rajab”, vindo da Tunísia.

Festival de Veneza 2025
George Clooney em “Jay Kelly. © 2025 Netflix, Inc.

Abertura, encerramento e surpresas da Competição

Paolo Sorrentino abre o Festival de Veneza 2025 com “La Grazia”, protagonizado por Toni Servillo (o ator que já é praticamente um alter ego do realizador) e Anna Ferzetti, numa história onde fé, política e amor napolitano se misturam com a habitual assinatura visual do cineasta. O encerramento fica por conta de “Dog 51”, de Cédric Jimenez, um thriller francês de ficção científica que promete deixar o Lido em estado de adrenalina.

Outros filmes com potencial são “A Pied d’Oeuvre”, de Valérie Donzelli, e o drama “Orphan”, de László Nemes, que regressa à competição depois de “O Filho de Saul”. Há ainda “The Wizard of the Kremlin”, de Olivier Assayas, inspirado no livro homónimo sobre os corredores de poder russos.

Fora de Competição: Julia Roberts, Gus Van Sant e Mads Mikkelsen

Se a competição promete, o fora de competição não fica atrás. Luca Guadagnino apresenta “After the Hunt”, um thriller psicológico com Julia Roberts, Andrew Garfield e Ayo Edebiri, um título com aroma a #MeToo e a passadeira vermelha garantida, com muitas estrelas. O regresso de Gus Van Sant é outro destaque, com “Dead Man’s Wire”, protagonizado por Bill Skarsgård, e Mads Mikkelsen lidera a comédia negra “The Last Viking”, de Anders Thomas Jensen, que já soa como algo feito à sua medida.

Julian Schnabel exibe “In the Hand of Dante”, inspirado no romance de Nick Tosches, enquanto Sofia Coppola apresenta o documentário “Marc by Sofia”, uma viagem intimista à obra do estilista Marc Jacobs.

Festival de Veneza 2025
“After the Hunt”, de Luca Guadagnino, com Julia Roberts. © 2025 Amazon Content Services LLC. All Rights Reserved.

Documentários, séries e música

O lado documental do Festival de Veneza 2025 está particularmente rico (aliás demasiado rico, para dar-mos conta…) este ano. Werner Herzog apresenta “Ghost Elephants”, uma obra com o seu estilo filosófico e excêntrico, enquanto Lucrecia Martel traz “Nuestra Tierra”, um olhar poético sobre a América Latina.

A homenagem a Kim Novak inclui o documentário “Kim Novak’s Vertigo”, de Alexandre Philippe. Há ainda “Megadoc”, de Mike Figgis, que promete desvendar os bastidores do épico “Megalopolis”, de Francis Ford Coppola. Na secção de séries, Marco Bellocchio estreia “Portobello” e Stefano Sollima apresenta “Il Mostro”.

Lê Também:
Festival de Veneza 2025 | Júris de luxo, clássicos restaurados e um tributo à rainha Jane Campion

Os Leões de Ouro e o Júri

Os Leões de Ouro de Carreira vão para Werner Herzog e Kim Novak, duas figuras que dispensam apresentações. O júri oficial será presidido por Alexander Payne, acompanhado por uma seleção de peso que inclui a atriz brasileira Fernanda Torres, o realizador iraniano Mohammad Rasoulof e o romeno Cristian Mungiu.

Festival de Veneza 2025
A conferência de imprensa desta manhã, © José Vieira Mendes

Conclusão: Veneza Continua a Brilhar

Sim, o programa é gigante, mas é isso que faz de Veneza o festival que todos querem espreitar: o encontro entre autores consagrados, novas vozes e estrelas de Hollywood, com o charme clássico do Lido como pano de fundo. Entre “Frankenstein” de del Toro, “Bugonia” de Lanthimos e “After the Hunt” de Guadagnino, este ano promete debates, aplausos, prémios e aquele glamour que nenhuma plataforma de streaming consegue replicar.

O Festival de Veneza 2025 será, como sempre, um festival de excessos, mas do tipo que adoramos, porque, no final, não é só sobre ver filmes, é sobre celebrar o cinema em todo o seu esplendor. À excepção de Fernanda Torres, como membro do júri oficial,  a língua portuguesa parece estar ausente desta 89ª edição, a menos que haja uma co-produção que me tenha escapado, não há filmes portugueses ou brasileiros nesta selecção oficial Veneza 2025.

Vamos aguardar pelas secções paralelas Giornate degli Autori/Venice Days, que apresenta uma seleção de filmes independentes e de vanguarda; e Settimana Internazionale della Critica, que exibe filmes de jovens cineastas e estreantes, que vão se anunciadas em breve.

JVM



Também do teu Interesse:



About The Author


Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *