Feud: Bette and Joan, em análise

Uma das rivalidades mais famosas de Hollywood ganhou vida no pequeno ecrã graças ao talento e mestria de Ryan Murphy. Conheçam FEUD!

Ryan Murphy, o “padrinho” da televisão, traz uma nova aposta para continuar a já longa relação amorosa com o canal FX. Esta aposta é FEUD, um registo antológico que irá explorar as “rixas” mais famosas da História.  A primeira entrada é a já antiga rivalidade das atrizes Joan Crawford e Bette Davis, que conta com as representações maravilhosas de Jessica Lange e Susan Sarandon.

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Crawford é aquela vedeta de cinema que se aproxima a um José Mourinho no futebol: “não sou a melhor, mas não há ninguém melhor que eu”. A atriz, que faleceu em 1977 e venceu um Óscar em 1946 por Mildred Pierce, tentou sempre posicionar-se como uma estrela de cinema consagrada. Procurou sempre por projetos audaciosos e que a realçassem como protagonista. Já Bette Davis é uma atriz mais jovem cuja ambição por vezes compromete as suas decisões. As parecenças psicológicas de ambas, entre uma ambição gigantesca a um desdém impulsivo, levam-nas a chocar de forma “violenta”.

FEUD

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Numa era em que o cinema definia os seus alicerces e apostava em histórias diversificadas, estas duas senhoras eram inquestionavelmente as rainhas. No entanto, nesta Hollywood enfrentavam-se tempos difíceis no que toca à idade: os talentos veteranos eram constantemente substituídos por sangue fresco que surgia por todo o lado. A terra das oportunidades “sofre” de um período de revolução. Esta questão não passou ao lado dos grandes produtores e realizadores dos anos 50 e 60 que lutavam por criar uma reputação admirável, e que necessitavam urgentemente de talentos frescos.

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Mas Hollywood é também um local onde os “gigantes” da indústria são devorados pela imprensa e aproveitar a publicidade fácil e de grande abundância torna-se essencial para a sobrevivência das obras cinematográficas. Portanto, o realizador Robert Aldrich (encarnado por Alfred Molina) encontra uma possibilidade de, não só consolidar a sua reputação, como de fazer um bom dinheiro e arrecadar alguns Óscares, ao adaptar a obra What Ever Happened to Baby Jane? e juntar Joan Crawford e Bette Davis nos papéis principais. Obviamente que esta é uma jogada que tira proveito do mediatismo dos desentendimentos entre ambas e que age como a pólvora que alimenta o canhão. Mesmo que se detestem, ambas as atrizes aceitam o desafio e as suas desavenças vão gradualmente aumentando durante a rodagem do filme.

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FEUD é uma aposta ousada que tira proveito de uma dupla formidável de atrizes e que continua a projetar a carreira de Ryan Murphy como o “manda-chuva da televisão”. Jessica Lange, Susan Sarandon, Alfred Molina e Stanley Tucci são maravilhosos nos seus papéis e conseguem quase que por imediato agarrar a curiosidade do espectador. Mas Murphy tem um calcanhar de Aquiles. O seu amor por Jessica Lange fala mais alto que qualquer outra celebridade. Ainda que nunca é demais vermos Jessica Lange seja em qualquer obra for, o certo é que o tempo de antena de Susan Sarandon sofre um golpe à medida que nos afundamos no enredo.

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Não se estabelece um equilíbrio entre ambas as performances e, em vez de continuar a aproveitar a extraordinária química (e histórias) das suas musas, Murphy força Crawford a engolir quase que por completo a presença de Davis.

Há momentos maravilhosos onde somos agraciados com as presenças de Catherine Zeta-Jones e Kathy Bates que interpretam, em doses curtas, outras duas grandes senhoras do cinema: Olivia de Haviland e Joan Blondell. Elas narram aos jornalistas o que presenciaram desta rivalidade histórica, envolvendo-se esporadicamente nalgumas situações constrangedoras. Mas FEUD, no seu global, é uma série magnífica que explora algumas temáticas interessantes da Hollywood dos anos 60, desde o feminismo, passando pela delicada questão da idade (o ‘ageism’ como é apelidado nos EUA) e pelo reconhecimento e mérito de trabalho.

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Este “confronto de titãs” é empolgante e explora com afinco a personagem de Joan Crawford e expõe a sua personalidade difícil para o mundo. Ainda que com menos tempo de antena, Susan Sarandon brilha com o seu olhar reprovador, digno de uma Bette Davis em constante reboliço. Murphy consegue também criar o equilíbrio perfeito quando ambas partilham o mesmo ecrã, estabelecendo uma inimizade interessante e que retira proveito da química maravilhosa das atrizes.

A segunda temporada de FEUD deverá chegar no próximo ano e irá abordar a rivalidade do Príncipe Charles e da Princessa Diana de Inglaterra.

TRAILER | FEUD: BETTE AND JOAN

FEUD: Bette and Joan - Final de Temporada
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Name: FEUD: Bette and Joan

Description: Série antológica de Ryan Murphy que explora as rivalidades mais intensas e famosas de sempre. A primeira temporada foca-se na disputa de fama entre Joan Crawford e Bette Davis, duas atrizes icónicas que colaboraram num filme juntas, ainda que se odiassem.

  • Jorge Lestre - 86
  • Cláudio Alves - 60
73

CONCLUSÃO

O MELHOR – FEUD: Bette and Joan é um registo muito interessante que funciona especialmente bem pela dinâmica das duas atrizes e por criar uma narrativa condensada e repleta de momentos contagiantes.

O PIOR – No entanto, é algo desequilibrada quando faz uma abordagem da vida de ambas individualmente. Joan Crawford tem mais destaque que Bette Davis.

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