© Rokas Tenys

Este grande filme conquistou 3 Óscares mas esteve para não ser feito

Em 2005 estreou um dos filmes mais elogiados dos últimos anos. Apesar disso, Hollywood rejeitou a obra que ganhou Óscares.

Ao longo das décadas, Hollywood foi palco de avanços e recuos na representação de histórias LGBTQ. Durante muito tempo, questões queer eram apenas implícitas, como no filme de Hitchcock “Rope”. Depois dos anos 60 personagens gays começaram aparecer mais correntemente mas eram relegadas a papéis secundários ou retratadas de forma caricatural.

No entanto, em 2005, um filme desafiou convenções, quebrou barreiras e conquistou uma posição de destaque no panorama cinematográfico. A sua chegada foi controversa, mas rapidamente se tornou numa referência incontornável. Apesar do reconhecimento crítico e de múltiplas nomeações ao Óscares, ficou na história também pela estatueta que não levou para casa.

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A recusa dos grandes nomes

Gus Van Sant foi o primeiro realizador a mostrar interesse sério. No entanto, enfrentou um obstáculo quase intransponível: ninguém queria protagonizar o filme. Vários atores vencedores de Óscares, como por exemplo, Leonardo DiCaprio, Brad Pitt, Matt Damon e Ryan Phillippe,  recusaram os papéis principais. A temática era vista com desconfiança por Hollywood, que classificava o projeto como o “filme dos cowboys gays”.

Por exemplo, Damon justificou a recusa com uma frase que ficou famosa: “Já fiz um filme gay e um filme de cowboys. Não posso agora fazer um filme gay de cowboys.” Esta atitude resume bem a resistência que “Brokeback Mountain” enfrentou, mesmo já numa era moderna do cinema americano.

A visão de Ang Lee e o elenco que fez história nos Óscares

Apesar disso, depois da saída de Van Sant e da recusa de Pedro Almodóvar, Ang Lee assumiu o projeto. O realizador de “Crouching Tiger, Hidden Dragon” procurou vários atores até encontrar o par perfeito: Heath Ledger e Jake Gyllenhaal. Juntos, trouxeram à vida a história de amor entre Ennis Del Mar e Jack Twist, dois homens que se apaixonam nos anos 60, num ambiente de repressão social e emocional.

Além disso a performance de ambos os atores foi muito elogiada. A entrega emocional e a química no ecrã tornaram o filme num marco do cinema contemporâneo e valeram nomeações aos Óscares para ambos os atores.

Do papel ao grande ecrã

A história começou em 1997, com a publicação do conto “Brokeback Mountain”, da escritora Annie Proulx, na revista The New Yorker. O texto captou a atenção dos argumentistas Diana Ossana e Larry McMurtry, que decidiram adaptá-lo ao cinema. Proulx duvidava que funcionasse num formato visual, mas acabou por aplaudir o guião. Apesar disso, o projeto que iria fazer sucesso nos Óscares entrou numa fase longa de desenvolvimento, rejeitado por muitos realizadores e estúdios que não sabiam como lidar com o seu tema central.

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Triunfos… e uma derrota inesperada

A Academia nomeou “Brokeback Mountain” para oito Óscares e atribuiu-lhe três: Melhor Realizador (Ang Lee), Melhor Argumento Adaptado e Melhor Banda Sonora Original. Contudo, os votantes escolheram “Crash”  para Melhor Filme “o que gerou uma enorme polémica. Muitos viram essa decisão como uma forma de evitar premiar uma história centrada numa relação homossexual, apesar do mérito artístico inegável de “Brokeback Mountain”.

Desde essa noite, críticos e cinéfilos continuam a debater a derrota. Vários apontam o filme como um dos maiores injustiçados da história dos Óscares e incluem-no frequentemente em listas de obras que mereciam ter vencido.

O impacto cultural que ultrapassou os Óscares

Independentemente dos resultados nos Óscares, o legado de “Brokeback Mountain” é inegável. A sua existência abriu portas para novas narrativas queer no cinema mainstream e provou que o público estava pronto para histórias de amor universais, mesmo que não se enquadrassem nos moldes tradicionais de Hollywood.

Jake Gyllenhaal descreveu-o como “uma história de amor profunda”, reforçando a mensagem de que a intimidade e a emoção humana não têm género ou rótulos. O filme foi, e continua a ser, um símbolo de coragem artística, representação autêntica e mudança cultural.

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