Game of Thrones Casa Tyrell

Game of Thrones | As modas da Casa Tyrell

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Com a última temporada de “Game of Thrones” já no ar, é boa altura para relembrar as personagens que não conseguiram sobreviver até esta reta final, incluindo todos os membros da Casa Tyrell e suas deslumbrantes roupas.

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Não só as personagens da Casa Tyrell eram algumas das presenças mais deliciosamente divertidas e inteligentes de “Game of Thrones”, como os seus figurinos representam algum do melhor trabalho que Michele Clapton fez para a série. Infelizmente, chegado o terceiro episódio da sétima temporada, Lady Olenna Tyrell, a famosa Rainha dos Espinhos e portadora da língua mais afiada dos Sete Reinos, viu chegar o seu fim às mãos de Jaime Lannister e um veneno poderoso.

Essa hora trágica, em que ouvimos as derradeiras palavras de Diana Rigg no papel que lhe valeu quatro nomeações para os Emmys, foi também marcada pelo primeiro vislumbre que a audiência teve dos Jardins de Cima. Trata-se da fortaleza que é a casa ancestral dos Tyrell e representa o centro político do segundo maior reino de Westeros. A partir daí, esta família dominou a região, trazendo-a a uma posição de prosperidade económica só rivalizada pelas Terras Ocidentais sob domínio dos Lannister.

Só que, ao contrário dos Lannister, que garantem seu poder através dos recursos limitados das minas de ouro e da força bélica dos seus exércitos, os Tyrell têm vindo a solidificar a sua importância de modo mais subtil e duradora a longo prazo. Pelo menos, assim é em teoria. Afinal, Campina é a região mais fértil de Westeros e uma das poucas que se pode considerar inteiramente autossustentável. Sua riqueza provém da agricultura e da dependência que o resto do Continente tem para com seus produtos, nomeadamente a capital de Porto Real.

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Na série, a Casa Tyrell é dominada pelas mulheres e isso reflete-se no estilo do seu vestuário.

Além do mais, os Tyrell não são lutadores em busca de glória, mas sim jogadores políticos que sabem esconder as intenções e adaptar-se a qualquer dilema que se levante. Nas várias guerras que assolam Westeros ao longo da sua História, os Tyrell têm sido cautelosos nas suas alianças. Foi com a rendição que eles ganharam domínio do seu reino aquando da conquista Targaryen e sua flexibilidade permitiu-lhes cair nas boas graças do Rei Baratheon mesmo depois de terem lutado inicialmente contra ele na Rebelião de Robert.

Esta atitude é refletida na sigila e no lema da Casa Tyrell, rosas doiradas sobre um fundo verde e as palavras “Crescendo Fortes”. Eles sobrevivem e prosperam, crescem fortes, sem o aparato e violência de outras casas com motes agressivos e sigilas coroadas por animais sanguinários, como os Lannister ou os Greyjoys. A rosa também lembra que sua fartura vem da terra e o verde, além de referenciar a agricultura, também é a cor da inveja e da ganância, algo apropriado para a família mais dissimuladamente ambiciosa que já apareceu na série.

De facto, apesar da viagem das páginas dos livros para o pequeno ecrã ter sido marcada por inúmeras transformações, diríamos que a Casa Tyrell é quiçá o clã mais fascinante da série da HBO. Isso deve-se tanto à sua estrutura de poder matriarcal como à inteligência política que exibem, ao gosto pelo belo, seu absoluto pragmatismo, valores morais progressistas e o genuíno afeto que os mantém unidos. O melhor, é que quase tudo isto tem de se evidenciar por entre subterfúgios e falsidades, visto que os Tyrell raramente são sinceros nas suas interações com aqueles que os rodeiam.

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Por isso mesmo, a sua aparência tem de dizer muito sobre eles. Os figurinos tornam-se numa ferramenta indispensável para a caracterização desta família e seu desenvolvimento ao longo da narrativa de “Game of Thrones”. A própria região da Campina, como quase nunca é vista, tem de ser definida pelos poucos artefactos que vemos da sua proveniência, nomeadamente as roupas. Michele Clapton, a figurinista principal da série, sempre mostrou deleite em relação à tarefa de vestir estas particulares personagens e isso nota-se no seu trabalho.

Por todas essas razões, decidimos explorar aqui seus figurinos ao longo das sete temporadas em que apareceram membros da Casa Tyrell. O nosso maior enfoque serão as personagens femininas, Margaery e Olenna, mas também iremos falar um pouco sobre Loras e o suposto patriarca e líder da família, Mace. Basta seguires as setas, para folheares os slides e descobrires como o estilo dos Tyrell diz tanto ou mais sobre as suas personagens do que qualquer palavra que possam ter dito abertamente.




TEMPORADAS 1, 2 & 5

ARMADURAS FLOREADAS

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As armaduras floreadas e pouco funcionais da Casa Tyrell.

Hoje em dia, qualquer fã da série, quando pensa nos Tyrell, pensa em Margaery ou em Olenna, mas o primeiro membro deste clã a chegar ao pequeno ecrã foi Loras, logo no quinto episódio da primeira temporada. Aí, ele apareceu inicialmente durante o torneio que Robert Baratheon mandou organizar para celebrar a sua escolha de Ned Stark como Mão do Rei. Para Michele Clapton, o figurino de Loras representava um desafio bem grande, pois tinha de definir uma inteira região, família e cultura que a audiência nunca tinha visto. Tinha de fazer tudo isto, com um vislumbre.

Face ao figurino em si, temos de felicitar Clapton. Parte do sucesso deste design depende do contraste que estabelece com todos os outros que o rodeiam. Quando Loras aparece aperaltado na sua armadura ao estilo Tyrell, não há nada de funcional ou utilitário na imagem que ele projeta. A armadura é um festim de fantasia medieval em estado de graça, cheia de ideias românticas de cavalaria e heroísmo sintetizadas num equipamento reluzente e decorado com flores em filigrana. De certo modo, isto reflete valores herdados da cultural Andal, que muito afetou e se enraizou em Campina antes do domínio Targaryen. Esta é assim uma vestimenta feita para espetáculo, para torneios e atividades culturais, e não para o campo de batalha. No entanto, quando, na segunda temporada, Loras aparece como parte do exército de Renly Baratheon, a armadura mantém-se, como que a evidenciar a quão ingénuo Loras está a ser ao apoiar politicamente o seu amante neste jogo de política e guerra.

Na verdade, em “Game of Thrones” da HBO, os homens Tyrell são relativamente ineficazes e até um tanto ou quanto patetas. O poder familial e os miolos parecem estar todos concentrados na presença feminina. Mace Tyrell, pai de Loras e Margaery é o putativo líder da Casa Tyrell, mas as suas ações e escolhas independentes tendem a resultar em desgraça. Mais à frente, falaremos detalhadamente de Mace, mas convém referenciar já a armadura que ele enverga na sexta temporada, quando as tropas Tyrell ameaçam atacar o Grande Septo de Baelor se os fanáticos religiosos não libertarem Margaery. Apesar de ser apresentada em contexto de combate, esta armadura é tanto ou mais absurda que a de Loras, especialmente quando consideramos o capacete em forma de coroa encimado por plumas de avestruz. Basicamente, os homens da Casa Tyrell são bonitos e elegantes, mas não são guerreiros.




TEMPORADA 2

A RAINHA DE RENLY BARATHEON

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A rainha de Renly Baratheon veste-se em modas extravagantes.

Na segunda temporada, depois de Mace Tyrell, por influência do filho Loras, ter declarado uma aliança com Renly Baratheon, os espetadores de “Game of Thrones” finalmente tiveram o prazer de conhecer a inigualável Margaery Tyrell, interpretada por Natalie Dormer. A filha de Mace teve assim o primeiro de três casamentos políticos, todos eles feitos com a intenção de lhe garantir a posição de esposa regente do rei dos Sete Reinos e assim solidificar a lealdade dos Tyrell para com outras famílias em poder. Em termos de figurino, as roupas que Margaery enverga nestes episódios, são importantes pois ajudam a definir a sua personagem, mas também são essenciais para começar a sugerir à audiência a verdadeira natureza dos Tyrell e a prosperidade do Reino de Campina.

O primeiro destes figurinos começa logo a dar a ideia que a terra natal dos Tyrell é uma região muito mais calorosa e rica que a maioria das outras partes de Westeros. Sentada num trono temporário ao lado do seu marido, Margaery veste sedas leves num tom de cinza suave que lhe cobrem as pernas, costas e braços. O casaco decotado é a primeira sugestão de como, para esta jovem, a moda e a sensualidade do corpo são armas de manipulação no jogo político de Westeros. A paleta cromática é dominada por cinza e azul, com um toque de verde esmeralda tirado diretamente da nova sigila de Renly Baratheon enquanto pretendente ao Trono de Ferro. Mesmo assim, o verde manifesta-se somente num lenço que dá ao decote alguma modéstia, e só há um toque de ouro no alfinete decorativo que lhe fecha a capa.

O outro figurino importante que Margaery enverga no acampamento de Renly é um dos designs mais controversos de Michele Clapton. A figurinista queria homenagear Alexander McQueen e, ao mesmo tempo, dar a ideia que Margaery é uma jovem ainda na adolescência, que gosta de experimentar com seu estilo e está a transbordar de ambição. Por isso, ela concebeu um espampanante vestido com uma gola armada em forma de funil e bordadura gorda e dourada a servir para rematar os ombros. Quando justapomos esta imagem, quase absurda na sua opulência, com o cadáver de Renly Baratheon, vemos uma mulher que quer ser rainha a confrontar a destruição do seu bilhete direto para chegar ao trono. É irónico, cómico quase, e serve para estabelecer como os Tyrell devem ser mais estratégicos nas suas jogadas antes de declararem vitória e se vestirem a condizer.




TEMPORADA 2

REFUGIADOS EM PORTO REAL

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O estilo dos Tyrell representa sempre a sua estratégia política.

Com o advento do final da terceira temporada, Michele Clapton introduziu as audiências ao mais importante fator no modo como os Tyrell se vestem. Referimo-nos a estratégia política. Enquanto no acampamento de Renly, Margaery era uma rainha, quando os Tyrell se refugiam em Porto Real e forjam uma nova aliança com os Lannister, sua indumentária muda radicalmente, refletindo uma nova imagem de comedida submissão.

As cores da sigila Tyrell, por exemplo, estão ainda mais ausentes, sendo que os lenços verdes deram lugar a sedas cinzentas. Há uma certa neutralidade na paleta de cinza e azul, que serve como um gesto estratégico. Os Tyrell querem parecer fracos em relação aos Lannister no poder. Que melhor maneira de ganharem influência, do que parecerem completamente inofensivos?

Além do mais, a ostentação da capa que vestiu ao lado de Renly ou do vestido afunilado desapareceram. Em seu lugar, temos um conjunto subtil e pouco vistoso. O lenço e a saia feitos em várias camadas de seda transmitem a ideia de riqueza, mas não do mesmo medo hostil que os Lannister fazem com seu ouro. Somente um pendente em forma de rosa, inspirado em trabalhos de filigrana portuguesa, se evidencia como uma marca inquestionável do orgulho da Casa Tyrell e está presente, em parte, para destacar o decote profundo de Margaery. Afinal, quando se tem um rei adolescente no Trono de Ferro, um pouco de sensualidade feminina pode ser uma arma poderosa.




TEMPORADA 3

PRINCESA DO POVO

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Margaery é a monarca mais adorada pelo povo de Porto Real que já vimos na série.

Logo no primeiro episódio da terceira temporada de “Game of Thrones”, Margaery Tyrell mostra ser bem diferente de todas as outras personagens da série. O que a distingue é sua preocupação com o Povo, ou pelo menos com a opinião e vontade das massas. Enquanto os Lannister e mesmo os Stark se apoiam em noções de poder bélico, económico e privilégio nobiliárquico, os Tyrell entendem que é importante estar nas boas graças dos mais pobres. Afinal, os mais necessitados são também a maioria e, como se pode ver nas temporadas 5 e 6, eles podem ameaçar a prosperidade e até a segurança das elites quando motivados e propriamente organizados em volta de uma missão e ideologia.

Margaery visita as partes mais empobrecidas da capital de Westeros e assim projeta uma imagem de caridade e benevolência. Seu figurino é uma adaptação do vestido que ela usou quando chegou, pela primeira vez, à Corte de Joffrey Baratheon no final da segunda temporada. Desta vez, contudo, ela substitui os elementos em cinzento e algum castanho por uma paleta cromática inteiramente azul. O seu cabelo está mais solto e tem ainda mais pele a descoberto, as roupas são airosas e parecem quase uma versão mais requintada do próprio estilo dos pobres de Porto Real. Em termos simbólicos, o xaile azul que Margaery usa brevemente como capuz, confere-lhe a imagem típica da Iconografia católica – a Virgem Maria vestida em azul. Esta pode ser uma persona falsa que os Tyrell usam simplesmente como arma política, mas revela uma maneira de pensar distinta entre os outros poderios dos Sete Reinos.

Enquanto todos os outros monarcas de “Game of Thrones” se vestem em oposição aos seus súbditos, Margaery parece querer ir ao seu encontro, sem, contudo, perder o esplendor de uma rainha. Na mesma temporada, Cersei, no cúmulo da paranóia, veste vestidos em tecidos grossos adornados com elementos de armadura como se esperasse uma tentativa de assassinato a qualquer momento. Daenerys, mais à frente, vai trocar as roupas práticas que usou no deserto por uma imagem de brancura pura assim que assume uma posição de poder. Para essas outras mulheres, o poder está na afirmação da superioridade. Para Margaery, o poder está no controlo da vontade dos outros, quer eles sejam adolescentes sádicos com uma coroa na cabeça ou sem-abrigos famintos em busca de salvação.




TEMPORADA 3

SENSUALIDADE EM TONS DE AZUL

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Uma visão de juventude e frescura que contrasta radicalmente com Cersei Lannister.

O Reino de Campina é muito mais caloroso que as outras regiões de Westeros, estando mais a sul que qualquer um dos Sete Reinos. Isso faz com que suas modas deixem muita pele a descoberto ou, no caso dos homens e mulheres mais velhas, se construam em materiais leves e frescos. Quando Margaery chega à capital, o seu estilo revela um choque de costumes que funciona em seu benefício, destacando-a aos olhos de todos. No contexto da Corte de Joffrey Baratheon, ela é um píncaro de juventude e sensualidade, sempre com grandes expansões de pele deixada a nu e uma aura de erotismo que ela usa como ferramenta de manipulação.

Para tornar esta dinâmica meio óbvia até para o espectador mais distraído, Michele Clapton pegou no estilo básico com que Margaery se vestiu no fim da segunda temporada e exacerbou seus aspetos mais provocadores. Quando está na presença de nobres e realeza, a Rosa mais cobiçada de Westeros usa sempre vestidos com as costas abertas, decotes profundos e saias em materiais finos, que se moldam às pernas dela com cada passo. Um dos seus figurinos tem mesmo cortes laterais que deixam ver parte do abdómen também. Em contraste com as modas dos Lannister, não existe aqui o uso de espartilho ou saiotes elaborados pois, aliás, tais peças seriam impossíveis de esconder debaixo de tão pouco tecido. Cersei, invejosa da influência de Margaery, chega mesmo a troçar do estilo gritantemente sensual da filha pródiga de Mace Tyrell. Joffrey, pelo contrário, aprecia a imagem erótica e provocadora que a sua noiva transmite.

Como sabemos, pela terceira temporada, Margaery é já uma mestra no uso de moda como ferramenta política e não há nada deixado ao acaso na sua indumentária. As cores, como se tem vindo a evidenciar, mantêm-se dominadas pelo azul, evitando o ouro e o verde intenso dos Tyrell. À medida que a história avança e Margaery vai ganhando mais poder, influência e confiança, começamos a denotar como seus vestidos vão incluindo cada vez mais detalhes dourados, como rendas sobrepostas por cima de veludo azul ou um cinto em forma de rosa. Depois do desastre de Renly, os Tyrell não voltam a cometer o mesmo erro de anunciarem vitória antes de a terem garantido.




TEMPORADAS 3, 4 & 5

A RAINHA DOS ESPINHOS

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Diana Rigg é uma das atrizes mais formidáveis da série tem um guarda-roupa a condizer.

Lady Olenna Tyrell é uma das figuras mais formidáveis de “Game of Thrones”, sendo a matriarca da Casa Tyrell e a dona da língua mais afiada de Westeros, uma qualidade que lhe valeu o nome “Rainha dos Espinhos”. Contudo, tal como todos os outros membros da sua família, Olenna é uma perita em manipular a imagem que projeta. Quando a vemos pela primeira vez, na mesma instância em que Sansa Stark a conhece, Olenna parece uma viúva respeitável e modesta. Seu figurino cobre quase todo o seu corpo, ela tem um toucado feito por um véu e barbete num estilo pseudo medieval, as cores da indumentária são pouco saturadas, dominadas por cinza e azul, e a única joalharia que ela exibe são um par de anéis e um cinto acobreado na forma de uma rosa, sigila da sua Casa. Para um espectador pouco informado, ela pode até parecer uma freira devido à silhueta do conjunto.

Apesar disso, não há nada de sacro ou modesto na personalidade desta mulher. Se examinarmos seu fato com atenção, reparamos de imediato na riqueza dos materiais, quer seja a saia de seda dupioni, os véus de chiffon ou o brocado dourado do casaco. As cores modestas são um disfarce para as suas reais intenções em Porto Real e servem para dar um falso sentimento de segurança a quem a rodeia. Em termos práticos, a atriz Diana Rigg adorou o figurino, pois era simples de vestir e o facto de todo o seu cabelo estar coberto fazia com que não precisasse de passar muito tempo na cadeira de maquilhagem e cabeleireiro. O único problema deveio do calor da Croácia, onde a maioria das suas cenas foram filmadas. Em comparação com as roupas de Cersei, Olenna pode até envergar vestes bem leves, mas tafetás, sedas armadas e brocados não são particularmente refrescantes.

Nenhuma dessas preocupações influenciou os desenhos de Michele Clapton que pouco variou o estilo básico de Olenna ao longo da sua presença na série. Ela veste uma variação do mesmo casaco feito num brocado diferente e também tem direito a um casaco com uma gola mais proeminente e uma sobressaia comprida. É nessa peça que ela se passeia pelos jardins com Varys, talvez numa primeira mostra do verdadeiro poder que detém. Afinal, não vale a pena estar com subterfúgios frente ao mestre de espionagem dos Sete Reinos. Em termos de desenvolvimento narrativo, as grandes mudanças que os seus figurinos sofrem são em termos de cor, pelo menos, até ao advento da sexta temporada e todos os cataclismas que se abatem sobre os Tyrell.




TEMPORADA 3

O CAVALEIRO DAS FLORES

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Um dandy de Westeros.

Nas primeiras duas temporadas, quando vemos Loras Tyrell ele está quase sempre ora vestido com a sua armadura floreada ou despido. Com sua nova posição na Corte de Joffrey Baratheon no terceiro ano de “Game of Thrones”, Michele Clapton teve finalmente oportunidade de desenvolver a personagem em termos de figurino. Esta foi também a primeira oportunidade para sugerir o estilo masculino dos Tyrell e do Reino de Campina.

Como acontece com Margaery e Olenna, as roupas de Loras refletem a riqueza da sua família, assim como seu gosto por beleza. Mais do que qualquer outra Casa nobre de Westeros, os Tyrell parecem apreciar o valor estético, algo visto especialmente na sua escolha de brocados requintados e joalharia. À semelhança da irmã e da avó, Loras usa um alfinete com uma rosa de cobre. Em termos de tecidos, o antigo amante de Renly Baratheon prefere materiais luxuosos e mais ostentosos que aqueles envergados pelo resto da família. Na verdade, quase poderíamos caracterizá-lo como um dandy. Pelo menos, é essa a ideia que ele transmite quando se pavoneia pelos jardins da Fortaleza Vermelha em gibões com padrões vegetalistas e camisas de algodão pregueado em forma de colmeia.

Em semelhança à irmã na terceira temporada, Loras exibe uma silhueta com ombros acentuados. Contudo, considerando os valores meio conservadores que a maioria de Westeros tem acerca de noções de masculinidade, é normal que ele não possa exibir tanta pele à descoberta como Margaery. De forma geral, Clapton baseou o estilo de Loras e os outros cavalheiros Tyrell em estilos Renascentistas dando à personagem o ar de ter saído de um romance de época e não de uma fantasia sanguinária.




TEMPORADA 3

O OURO DOS TYRELL

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Quando sentem que estão a chegar ao topo da hierarquia política, os Tyrell mostram o esplendor do seu poder e ambição.

No oitavo episódio da terceira temporada de “Game of Thrones”, celebra-se, em Porto Real, o matrimónio entre Sansa Stark e Tyrion Lannister. Apesar de tal união ir contra os planos de Olenna e Varys, que queriam garantir uma aliança entre Norte e Sul com o casamento de Sansa com Loras, é impossível negar a posição de poder em que os Tyrell se encontram na Corte Real. Tal é a segurança dos governantes do reino de Campina que, pela primeira vez, eles começam a mostrar as suas verdadeiras cores, cobrindo-se de brocados doirados dos pés à cabeça.

Margaery veste uma versão mais luxuosa do seu vestido azul habitual, desta vez construído com sedas e veludos azuis mais pigmentados e um corpete feito num damasco doirado. O padrão floral dessa peça também é o mais vistoso que a personagem vestiu até então. O mesmo acontece com Olenna que enverga uma versão mais elaborada do seu figurino habitual, desta vez feito com um pesado brocado de azule ouro reluzente, que fecha, na cintura, com um pregador em filigrana. A sua saia é feita de tafetá e arrasta-se atrás de si quando ela caminha, dando peso e presença à sua figura.

O trio dos Tyrell convidados para o casamento do tio do rei é completado por Loras. O seu figurino é ainda mais ostentoso que o das mulheres, tendo uma camisa pregueada e bordada, assim como a joalharia em forma de rosa que é comum a todos os membros da sua Casa. Apesar disso, Margaery, Olenna e Loras apresentam aqui uma frente unida. As duas mulheres até parecem versões da mesma pessoa em fases diferentes da vida. Como já dissemos, os Tyrell amam-se genuinamente entre si e os laços de afeto que os mantêm unidos são parte da sua força enquanto potência política nos Sete Reinos. Eles nunca se traem uns aos outros, ao contrário de quase todas as outras famílias.




TEMPORADA 4

OUTRO CASAMENTO REAL

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O azul submisso começa a desaparecer em prol do amarelo e do ouro.

A quarta temporada de “Game of Thrones” é uma das melhores da série, sendo que quase todos os episódios têm um ou dois momentos icónicos. No que se refere à segunda hora da temporada, podemos facilmente dizer que todo o episódio é um dos mais memoráveis de sempre. Trata-se, como todos sabemos, do capítulo dedicado ao Casamento Roxo, quando Margaery Tyrell casou com Joffrey Baratheon e teve o infortúnio (ou será sorte?) de ver seu novo marido morrer envenenado.

Não querendo subestimar os seus outros feitos, este casamento marca o ponto alto nas manipulações e glória dissimulada da Casa Tyrell. Como tal, é entendível que Michele Clapton tenha querido destacar o acontecimento com figurinos que simbolizam a ascensão das personagens. No caso de Loras Tyrell, o Cavaleiro das Flores aparece em gradações de amarelo, com um gibão elaborado e camisa bordada com temas florais. Bastava um toque de verde brilhante e ele estaria praticamente vestido como o escudo da família. Já não há azuis ou tons pouco saturados a dar a ilusão de uma família submissa.

No caso de Olenna, apesar de Clapton ter reciclado um dos casacos da temporada anterior, o esquema cromático também mudou. O barbete e véu são agora amarelos ao invés de azuis ou cinzentos, com um elaborado bordado de rosas feito por Michele Carraghan, uma das grandes ajudantes da figurinista. A saia também é amarela, feita de riquíssima seda dupioni, e a matriarca já não esconde o peito com os véus. Desta vez, o pescoço está à mostra e exibe um colar doirado. Neste dia, todos os planos de Lady Olenna, a Rainha dos Espinhos, concretizaram-se perfeitamente e sua indumentária reflete essa mesma vitória.




TEMPORADA 4

UMA NOIVA COBERTA DE ESPINHOS

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Todas as rosas têm espinhos.

Apesar da importância dos figurinos de Olenna e Loras, não há dúvida que a estrela do Casamento Roxo foi Margaery Tyrell com seu elaborado vestido de noiva. Para começar, convém entender como o figurino representou um dos maiores desafios técnicos para Michele Clapton e sua equipa. Devido ao estilo sensual de Margaery, sempre com as costas abertas e muita pele à mostra, foi difícil construir a peça de modo a que não se deformasse com o peso das decorações e da cauda comprida, carregada de rosas de tecido e linhas metálicas de bordadura.

Assim sendo, o vestido foi criado em duas camadas, uma delas feita num tecido reforçado mais grosso, com bainhas reforçadas, e a outra num voille de algodão pérola cortado em viés com um padrão baseado nas nervuras presentes nas folhagens de várias flores. Devido à enorme quantidade de rosas de tecido feitas à mão, assim como as vinhas com espinhos metálicos que cobrem a saia e se enrolam à volta do torso, a peça demorou seis semanas desde as primeiras provas até estar pronto para ser posto em frente às câmaras.

Isso são questões técnicas, é claro. Em termos de design e considerando o figurino como um elemento da dramaturgia de “Game of Thrones”, este vestido é uma perfeita sintetização do arco narrativo de Margaery até ao momento. As linhas são sensuais e denotam a juventude e beleza da mais bela flor da Casa Tyrell, oferecendo uma imagem de delicadeza que é subtilmente contrariada pelas heras espinhosas que lhe ornamentam a figura. Ao longo, podemos só ver as flores de tecido, mas perto, conseguimos vislumbrar os picos afiados. O toque final é a coroa que mostra as hastes do veado Baratheon cobertos por rosas selvagens, como uma infeção floral. A imagem geral é bela, mas os pormenores revelam a força de Margaery e suas ambições.




TEMPORADA 4

LUTO INSINCERO

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Em Westeros, quem se veste de luto nem sempre sente a dor da perda.

No seguimento da morte aparatosa de Joffrey, toda a Corte mergulha no luto e os Tyrell não são exceção. É evidente, contudo, que eles vestem o preto simplesmente como convenção social, pois ninguém realmente chora a perda do rei adolescente, muito menos Margaery que, se ele não tivesse morrido, estava condenada a passar o resto da vida ao seu lado, enquanto esposa. No caso de Olenna, o luto é ainda mais absurdo, tendo sido ela a envenenar o sádico filho de Cersei Lannister. Pelo menos, no caso de Margaery, a jovem está de luto pela coroa.

Lady Olenna não demora muito a sair de Porto Real, mas ainda a vemos com novos figurinos marcados pelo preto, incluindo um novo véu bordado. É importante denotar, contudo, que o verde e o ouro marcam presença ao lado do preto, como que anunciando uma nova fase na estratégia da Casa Tyrell. Os tempos de azul submisso acabaram.

No caso de Loras, há poucas alterações na sua indumentária além da mudança drástica de paleta cromática, mas para Margaery a situação é mais subtilmente complexa. Com Joffrey, ela tinha usado sua sensualidade para controlar o rei, mas agora seu alvo é Tommen, um rapaz muito diferente do irmão. Este novo rei é crente e é bondoso, pelo que os vestidos cheios de cortes e decotes profundos de Margaery desaparecem para dar lugar a uma moda mais sóbria. O ouro contra o preto ainda marca o seu orgulho e ambição, mas a presença constante de xailes transmite bem a imagem de uma inocente viúva, cheia de modéstia e melancolia. Veja-se como, até ao seu casamento na quinta temporada, a personagem quase nunca volta a mostrar os ombros desnudos.




TEMPORADAS 4, 5 & 6

MACE TYRELL

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Mace Tyrell não é nenhum senhor da guerra e suas roupas refletem essa natureza.

Se Lady Olenna parece uma versão mais velha de Margaery, pelo menos em termos de figurino, Mace Tyrell é o mesmo em relação a Loras. Seu estilo é fortemente inspirado pelas modas Renascentistas do século XVI, consistindo principalmente em gibões e camisas com mangas pregueadas feitas em tecidos luxuosos. Mace parece particularmente fã de damascos, Jacquard e brocados com motivos florais, mesmo quando visita Essos, onde os tecidos pesados parecem extremamente incompatíveis com o clima.

Basta olharmos para Mace para entendermos imediatamente sua ineficácia no jogo político. Com seu guarda-roupa opulente e bigode bem penteado, ele é um homem que prefere passar a vida em frente a um espelho que a planear estratégias bélicas. É também interessante ver as várias ocasiões em que a indumentária de Mace contrasta com a do resto da Casa Tyrell, evidenciando quanto à nora ele está no que diz respeito ao esquema de ambição e influência que Olenna e Margaery orquestraram. Enquanto todos os Tyrell vestem estilos simétricos, em contraste com os Lannister, Mace usa faixas e capas que destroem a simetria da sua roupa. Noutras ocasiões, quando os outros familiares evitam mostrar em demasia a sigila da sua Casa, Mace desfila por Porto Real coberto de imagens de rosas.

Diríamos mesmo que o mais requintado pormenor em toda apresentação de Mace Tyrell são os lenços que ele tem quase sempre atados em volta garganta. Note-se como, até nas reuniões com os outros conselheiros do Rei, estes pedaços de tecido lustroso estão sempre arranjados em nós complicados. O preferido desses nós parece ser um elaborado trabalho de dobras que lembram origami e sugerem a forma de uma rosa. Não há subtileza nesta indumentária, o que é apropriado para a personagem tal como ela é vista na série.




TEMPORADA 5

NOIVA PELA TERCEIRA VEZ

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Margaery Tyrell é uma rainha doirada, adorada pelo seu rei e pelo povo.

Para o seu terceiro casamento, Margaery enverga um vestido completamente diferente de todos os seus outros figurinos. Depois de muitas tentativas fracassadas, ela finalmente sabe que venceu, que se tornou rainha e sua indumentária reflete o triunfo da personagem. Para começar, note-se como a silhueta do vestido de noiva é algo inédito no guarda-roupa da personagem, exibindo um corpete espartilhado, sem mangas ou ombros acentuados e uma saia volumosa, com pregas a darem volume à zona das ancas.

Este já não é um estilo juvenil ou as modas promovidas por alguém que quer mostrar o corpo enquanto arma social. Trata-se, pelo contrário, do figurino de uma imperiosa monarca que quer mostrar ao mundo o seu poder e influência. O tecido é mais pesado e já não há hipótese de se ver a forma das pernas por debaixo da saia. O decote é menos profundo e é mais uma moldura para as joias e decoração do vestido que uma montra de seios sedutores.

O mais importante de tudo é a cor. Os cinzentos e azuis submissos já lá vão, o luto desapareceu, até a prata e pérola do casamento com Joffrey se transformou. Em seu lugar, temos o ouro descarado da Rosa Tyrell em todo o seu esplendor. Para salientar este novo estilo para Margaery, Michele Clapton até pediu ajuda às oficinas que fazem as armaduras de “Game of Thrones” para poder acrescentar detalhes metálicos ao vestido. Seguindo o padrão do brocado, o torso de Margaery é uma couraça de seda e ouro em curvas e contracurvas vegetalistas. A sua coroa é a mesma de outrora, com as hastes de veado e as rosas selvagens, mas também se tornou em ouro. São escolhas e modas dignas de uma rainha.




TEMPORADA 5

A CORTE DOIRADA

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Margaery influencia a Corte de Porto Real.

Durante a terceira, quarta e quintas temporadas de “Game of Thrones”, Michele Clapton foi usando a roupa dos figurantes nas cenas da Fortaleza Vermelha para contar uma história de duas mulheres numa guerra de influência e poder político. Na Corte Real de Westeros, o estilo é ditado pelas pessoas no topo da hierarquia social. Logo, nas primeiras duas temporadas, todas as mulheres nobres que aparecem no fundo de inúmeras cenas em Porto Real aparecem em modas derivadas do estilo de Cersei Lannister com mangas sobrepostas e compridas, cortes assimétricos, cintos metálicos e bordados pesados. No entanto, com a chegada de Margaery Tyrell, a situação começa a mudar.

A transformação é gradual, mas, chegado o casamento de Margaery com Tommen Baratheon, Cersei é uma figura isolada num oceano de réplicas baratas da sua rival da Casa Tyrell. Além disso, até as cores vão mudando. Contrastando os figurantes do casamento de Tyrion com os do segundo matrimónio de Margaery com um dos filhos de Cersei, vemos uma transição de variações de vermelho para um bouquet de doirados e pasteis esverdeados. Curiosamente, no píncaro da sua influência sobre as elites de Porto Real, Margaery transforma o seu estilo pessoal e volta a destacar-se na Corte que agora domina.

O doirado torna-se na sua cor predileta e o uso de motivos metálicos conjugados com damascos brocados e até rendas, passam a ser uma das imagens de marca do seu estilo enquanto rainha. No entanto, o gesto que mais inquieta Cersei e estabelece o novo equilíbrio de poder entre as duas mulheres é o modo como Margaery adota alguns dos estilos da orgulhosa Leoa Lannister. Depois da sua noite de núpcias, a rainha Tyrell usa um robe em tons de ouro e bronze que parece uma versão mais justa dos vestidos típicos de Cersei. A roupa gloriosa de uma rainha obsoleta torna-se na vestimenta casual que a nova rainha veste para cobrir o seu corpo depois de tirar a virgindade ao filho da sua inimiga.




TEMPORADA 5

REVIRAVOLTA INESPERADA

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Os esquemas de Cersei dão fruto.

Desesperada por recuperar o seu poder político e influência sobre o filho, o rei Tommen, Cersei faz a sua jogada mais arriscada no “Game of Thrones”. Ela ajuda a Fé Militante, um grupo de fanáticos religiosos armados e liderados pelo Alto Pardal, a conquistar poder e importância em Porto Real, inadvertidamente traçando os parâmetros para a sua própria desgraça. Antes do aprisionamento e humilhação pública da rainha-mãe, contudo, a Leoa orgulhosa do Rochedo Casterly tem ainda o prazer de ver os Tyrell cair numa espiral de desespero para o qual nenhum deles estava preparado.

Como sempre, os figurinos de Michele Clapton desenham uma linha de dramaturgia visual paralela e complementar à narrativa. Neste caso, a história que o guarda-roupa conta é uma de confiança e poder a serem derrubados no auge da sua magnificência. Note-se, por exemplo, como Loras estava vestido com seu traje de treino de combate quando é preso pelos Pardais. Esse é um dos seus poucos figurinos em tons de verde Tyrell, exemplificando bem como o ataque da Fé Militante é, na sua essência, um golpe de Cersei contra a sua família. Esta escolha de figurino também é importante, pois foi o mesmo fato que Loras usou quando conheceu Olyvar, o sedutor loiro que acaba por ser uma testemunha crucial contra o herdeiro dos Jardins de Cima.

No interrogatório em que Olyvar se revela, Loras veste preto, em símbolo de penitência e luto pelos seus excessos e posição privilegiada. Na mesma ocasião, vemos Margaery aparecer em todo o seu esplendor de rainha. Com a Corte tornada num bouquet de rosas doiradas, a rainha destaca-se pelos materiais dos seus vestidos, neste caso uma renda fina sobreposta a uma base doirada. Os braços estão à mostra à moda Tyrell, mas ela usa um xaile para manter a modéstia. Margaery é a perfeita imagem de uma rainha e irmã devota, poderosa, mas com honra. Infelizmente, nem isso a previne de ser presa. Aqui, o facto de as roupas transmitirem uma ideia de prosperidade e orgulho familial serve só para esfregar sal na ferida. Quando julgavam que estavam no topo do mundo, os Tyrell foram feridos pelas ações de uma leoa enlouquecida.




TEMPORADA 6

MATRIARCA FURIOSA

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O trabalho de uma nova figurinista.

Na sexta temporada, April Ferry substitui a figurinista Michele Clapton em nove dos dez episódios, sendo que quase todos os novos figurinos de Lady Olenna Tyrell foram da sua responsabilidade. Depois da prisão de Loras e Margaery, a matriarca dos Jardins de Cima mostra um lado mais agressivo do que até então tinha exibido. Em confronto com o Alto Pardal e o governo de Porto Real, Olenna já não tem tempo ou paciência para subterfúgios e suas roupas revelam bem esta mudança de estratégia política, este desespero face à desgraça da família.

Em termos de silhueta, a elegância adelgada dos seus casacos justos foi substituída por uma imagem mais pesada de ombros realçados. Olenna tem direito a dois novos casacos curtos, que fecham à frente com ornamentos de cobre e exibem mangas volumosas em forma de perna de carneiro. Além disso, os braços da Rainha dos Espinhos aparecem adornados com bordados de rosas cuja dimensão e peso parecem quase imitar os vestidos de Cersei com insígnias leoninas. A personagem também teve direito a um novo toucado com aplicações metálicas ao estilo dos vestidos que Margaery envergou durante os seus primeiros dias como rainha e esposa de Tommen.

Apesar de Lady Olenna nunca antes ter envergado roupas tão agressivamente demarcadas com os símbolos da Casa Tyrell, vale a pena examinar o modo como a derrota desta matriarca orgulhosa é quase predestinada pelos figurinos que ela usa. Os seus novos casacos podem ser vistosos, mas são mais largos e desajustados que as suas peças na terceira, quarta e quinta temporadas. Quando ela se senta, o tecido a mais cria pregas e dá a impressão de um balão sem ar, uma visão de cansaço que salienta a pequenez física da estratega de Campina. Além disso, à medida que a temporada avança, a sua paleta cromática vai perdendo o amarelo e o doirado e vemos uma nova ascensão dos azuis e cinzentos, desta vez com alguns detalhes castanhos. É como se estivéssemos a ver uma rosa de ouro a murchar.




TEMPORADA 6

UMA RAINHA PIA

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Margaery é uma perita em manipular a imagem que projeta ao público em seu redor.

Enquanto prisioneira da Fé Militante, Margaery é mantida em andrajos de tecido grosseiro. Só quando Tommen a visita é que a rainha dos Sete Reinos tem direito a lavar-se e arranjar o cabelo num penteado simples que ela mantém até ao fim da temporada. Não há muito a dizer sobre este figurino que é deliberadamente simples, sem forma e de materiais feios. O intuito do clérigo é humilhar a aristocrata privilegiada face às massas empobrecidas e não podemos dizer que tenham falhado.

Contudo, Margaery Tyrell não perdeu a astúcia que, em “Game of Thrones”, é sinónima de mulheres com o seu apelido. Adaptando-se à tirania da Fé dos Sete sobre Porto Real e Tommen, a rainha depressa coloca uma máscara de penitência e religiosidade, assumindo-se como uma mulher nova. Se isso não é claro quando ela é finalmente liberta da sua prisão, então torna-se óbvio quando a vemos de volta à Fortaleza Vermelha, vestida com um novo estilo feito à medida das expetativas e ditames do Alto Pardal e seus subordinados.

Este vestido, que Margaery enverga quando conversa com a avó sob o olhar atento de uma Septa, é algo inédito, estranho e feio no seu guarda-roupa. Trata-se de um figurino feito para esconder o corpo e tirar ênfase ao volume do peito. As cores, azul e cobre, lembram as modas submissas que os Tyrell usaram durante o reinado de Joffrey e só a coroa e um pendente simples indicam que Margaery é uma rainha e não mais uma plebeia devota. É claro que tudo isto faz parte do esquema desta Rosa dos Jardins de Cima para ganhar a confiança do Alto Pardal. Quando vê Lady Olenna pela última vez e lhe deixa uma mensagem codificada de devoção à Casa Tyrell, Margaery volta a lembrar a avó e a audiência das falsidades e enganos que têm, até aí, marcado a subida dos Tyrell ao poder. Por momentos, até nos convencemos que ela vai triunfar mais uma vez. Assim seria, de facto, não fosse a loucura impiedosa de Cersei.




TEMPORADA 6

O JUÍZO FINAL

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Antes de morrer, Margaery conseguiu recuperar algum do seu esplendor de rainha dos Sete Reinos.

Depois de ter estado ausente da produção de “Game of Thrones”, ocupada com “The Crown”, Michele Clapton voltou ao mundo de Westeros para o último episódio da sexta temporada. Como tal, foi ela que vestiu Margaery, Loras e Mace no julgamento no Grande Septo de Baelor, onde quase todos os membros da Casa Tyrell perdem a vida à mercê das labaredas verdes de Cersei. Não há muito a dizer sobre os figurinos dos homens. Loras enverga os robes grosseiros dos Pardais, enquanto Mace reusa um dos seus figurinos em brocado com um lenço atado à volta do pescoço em forma de rosa.

Margaery, pelo menos, tem direito a um novo glorioso figurino para envergar aquando da hora da sua morte. A primeira vez que a vemos, é na montagem que abre o episódio, onde ela aparece a ser vestida, como que num ato ritualista. Ênfase é dado ao apertar dos atilhos nas costas do vestido que, com uma gola alta e mangas compridas, é possivelmente a peça de vestuário mais constrita e desconfortável que alguma vez vimos Margaery vestir.

Apesar da modéstia de cobrir quase todo o corpo, é notório quanto esta peça é mais ostentosa que o vestido usado por Margaery na Fortaleza Vermelha, sob a vigilância das Septas. Ao invés de um algodão azul, ela veste um tecido prateado com um padrão meio abstrato que sugere formas florais. Além disso, a coroa na sua cabeça e uma cascata de chiffon presa à parte da frente do vestido e usada como echarpe remetem para os figurinos que ela usou enquanto rainha de Tommen, antes da prisão. É evidente que, neste episódio, Margaery ainda está a interpretar o papel de penitente, mas há já aqui a sugestão de uma nova subida ao poder. Infelizmente, como bem sabemos, essa ascensão nunca ocorreu e tudo se esvaneceu numa nuvem de fumo sobre Porto Real.




TEMPORADAS 6 & 7

O LUTO DA RAINHA DOS ESPINHOS

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O luto de Olenna, desta vez, é genuíno.

Com as mortes de Mace, Loras e Margaery, Lady Olenna não só perde os seus entes queridos, como a Casa Tyrell perde o seu futuro. Ela mesma diz isso quando, após o massacre em Porto Real, a Rainha dos Espinhos viaja até Dorne em busca de um bálsamo para a sua dor. O que ela encontra é uma aliança política e a promessa de vingança por meio de fogo e sangue.

Para esse momento, Michele Clapton concebeu uma versão enlutada dos figurinos com mangas perna de carneiro. O véu é o mesmo que ela envergou para “chorar” a morte de Joffrey Baratheon, uma escolha meio irónica considerando que esse luto era completamente falso e este é dolorosamente genuíno. Até os pormenores metálicos do figurino parecem ter esmorecido e perdido luminosidade, sendo que os botões de cobre e ouro foram substituídos por peças de latão escuro. Só os anéis nos dedos de Olenna mostram a vitalidade da Senhora dos Jardins de Cima, ainda pronta a lutar para se vingar daqueles que lhe tiraram tudo o que ela mais amava no mundo.

Chegada a sétima temporada, Clapton manteve Olenna em luto, mas, desta vez, regressou à silhueta mais delgada e elegante da terceira temporada. A figurinista também evitou o preto total, preferindo um brocado em tons de castanho que confere algum dinamismo visual à figura de Olenna e a impede de ser totalmente consumida pelas sombras da Sala do Mapa de Daenerys. Esta mesma indumentária é envergada pela Rainha de Espinhos nos seus momentos finais. Tudo acaba como começou para Olenna na série “Game of Thrones”. O figurino é praticamente o mesmo, só que em cores mais escuras. A atitude continua tão venenosa como sempre e sua língua afiada. Vamos ter saudades dos Tyrell e das suas modas. Eles mantiveram-se astutos e elegantes até ao último momento.

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