© 2023 PARAMOUNT PICTURES

Gritos 6, em análise

Quase três década depois, o Ghostface continua bem presente no grande ecrã. Mas será que “Gritos 6” mantém vivo o legado do assassino sem cara?

Para os fãs de filmes de terror, Woodsboro é um nome imprescindível da lista de cenários para o crime perfeito. Foi em 1996 que Wes Craven realizou o primeiro filme da saga “Gritos”, uma franquia que trouxe ao mundo o famoso assassino da Ghostface. Mas, a verdade é que passadas quase três décadas desde o lançamento da primeira longa-metragem, o sinistro homicida parece manter-se bem vivo, pelo menos através do seu legado. Se há muito que parecia que “Gritos” não tinha mais pontas soltas por onde se pudesse dar continuidade, não deixam de surgir realizadores que se predispõem a arranjar novas sequelas para a história de terror.

Neste sexto capítulo, realizado por Tyler Gillett e Matt Bettinelli-Olpin, apesar de ser retomada a história que conhecemos até então do assassino da Ghostface, esta é a primeira longa-metragem da saga em que Neve Campbell (que deu vida a Sydney Prescott), a protagonista de todos os filmes precedentes, não participa. Em vez disso, os argumentistas preferiram criar uma espécie de mistura entre o clássico e o moderno, dando espaço a novos atores para brilharem, enquanto suportados pelos veteranos do elenco. Assim, os papéis principais passam a estar atribuídos ao grupo que protagonizou o capítulo cinco da saga, mas o retorno de duas personagens que marcaram o filme original torna-se essencial, sendo elas Gale Weathers (interpretada por Courtney Cox) e Kirby Reed (interpretada por Hayden Panettiere).

Gritos 6
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Pela primeira vez, a cidade de Woodsboro sai de cena, sendo que a ação do filme é inteiramente movida para Nova Iorque. Mas desengane-se quem pense que a mudança de cenário diminui os crimes cometidos pelo assassino da Ghostface. Neste sexto capítulo de “Gritos” há muito mais mortes que em qualquer outra longa-metragem da saga e bastam pouquíssimos minutos de rodagem para que estas comecem a acontecer. Ainda assim, o fio condutor organizado pelos realizadores para dar continuidade à história dos capítulos anteriores é de se louvar.

Há muito que os criadores de “Gritos” acharam por bem introduzir na narrativa o desenvolvimento de uma saga intitulada “Stab”, gerando uma espécie de ‘filme dentro do próprio filme’. Ou seja, após o assassino da Ghostface surgir em Woodsboro, as personagens pegaram na história das vítimas que sobreviveram e desenvolveram uma série que imitava essa narrativa. Neste sexto capítulo, vemos o quão longe se propagou esse programa fictício, sendo que, no novo cenário Nova Iorquino surgem muitos fãs da saga que se predispõem a dar continuidade ao legado do homicida, recorrendo aos seus métodos para ceifar vidas inocentes. E é exatamente este o prelúdio com que se inicia “Gritos 6”, havendo assim um fio que conecta todos os capítulos precedentes desta história.

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Em suma, nesta nova sequela, o grupo que sobrevivera às atrocidades do filme precedente decidem mudar-se para Nova Iorque em busca de um novo recomeço que os ajude a esquecer o assassino da Ghostface. Porém, sendo que parece nunca deixarem de existir motivos para ajustar contas com o passado, um novo terror abate-se sobre os jovens e o seu pior pesadelo muda-se com eles para a nova cidade. Ainda assim, este novo capítulo surge quase como uma ode à verdadeira essência da narrativa e, todas as histórias dos filmes anteriores regressam agora à cena principal. Ao mesmo tempo, trata-se de uma singela homenagem ao criador deste universo, Wes Craven, falecido em 2015.

Como tal, à medida que o novo homicida inicia a vaga de homicídios, vai deixando para trás pistas que se ligam às origens dos assassinatos de Woodsboro. Na cena do crime, acabam por ser deixadas máscaras dos anteriores assassinos, bem como as armas utilizadas para matar no passado. Tudo isto conduz o grupo de sobreviventes a um teatro abandonado onde rapidamente se percebe tratar-se de um santuário aos acontecimentos relacionados com a Ghostface. Além disso, o facto de passarem a existir mais do que um assassino intensifica a cena, sendo que as personagens passam a ter de lidar com muito mais perigo em simultâneo.

Gritos 6
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No que toca à mistura do elenco original com as personagens mais recentes, denota-se o fechar de alguns capítulos que, diga-se de passagem, já começava a ser necessário. Enquanto a ausência de Neve Campbell é explicada com a ‘busca por um final feliz’, Courtney Cox regressa ao centro da ação, não estando tanto no seu novo papel de jornalista, mas voltando a ser uma vítima do horror da Ghostface, tentando fazer justiça pelas próprias mãos. Por sua vez, também a personagem de Hayden Panettiere tenta corrigir o passado tornando-se uma agente do FBI. Ainda assim, apesar de ambas as figuras do elenco original terem o seu momento de confronto com o assassino neste novo capítulo, no clímax da ação acabam por ficarem ausentes da cena central, passando assim o testemunho aos atores mais novos que, evidentemente, surgem quase como um legado de todas as vítimas do passado.

Em suma, estamos perante uma das melhores sequelas dos últimos tempos da saga “Gritos”. Aqui, existe quase um manual de sobrevivência aos filmes de terror, o que acaba por misturar gargalhadas com momentos de alta tensão. A própria narrativa convida o espectador a ficar do lado das vítimas, torcendo para que estas consigam por um ponto final aos crimes hediondos. Resta-nos aguardar pelo próximo capítulo…

Já tiveste a oportunidade de assistir a “Gritos 6”? Qual o teu filme preferido da saga?

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