5 realizadores “fora da caixa” para pegar no próximo 007
Já lá vão quase quatro anos desde que vimos o James Bond de Daniel Craig morrer no grande ecrã e, apesar de a Amazon ter comprado os direitos da franquia, continua sem haver fumo-branco quanto ao realizador do próximo filme de 007. É, por isso, o momento perfeito para especular (ou fantasiar) sobre a direção que a série poderá tomar.
À partida — e tendo em conta o perfil da Amazon — tudo aponta para que seja um grande nome a sentar-se na cadeira de realização, potencialmente para definir o rumo do próximo bloco de filmes do nosso agente secreto favorito. Realizadores como Denis Villeneuve, David Fincher, Christopher Nolan, Kathryn Bigelow ou, num registo ligeiramente mais periférico, Damien Chazelle ou Alfonso Cuarón (este último muito falado nos últimos dias, esperemos que com razão) perfilar-se-iam como candidatos óbvios, sobretudo numa lógica de construção de uma história de origem para a futura cadeia de filmes — algo à la Marvel.
Contudo, se por uma improbabilidade a Amazon quisesse recuperar o modelo episódico dos tempos de Sean Connery e Roger Moore, em que cada título era uma aventura isolada, aqui ficam cinco nomes “fora da caixa” que poderiam dar um sabor distinto a 007, explorando novas camadas na personagem.
5. Jane Campion
Nome que, ao longo das últimas décadas, nos tem oferecido sucessivas obras-primas do cinema dramático. A sua sensibilidade no retrato das relações humanas e dos desejos que as movem humanizaria o arquétipo de James Bond, desconstruindo-lhe os “super-poderes” e expondo as fragilidades que o tornam vulnerável. O recente “The Power of the Dog” comprova que Campion se sente confortável em territórios mais sombrios e no thriller psicológico.
4. Martin McDonagh
Um dos melhores exemplos do indie europeu que saltou para o mainstream recentemente, McDonagh é presença habitual nos Óscares — o seu “The Banshees of Inisherin” recebeu múltiplas nomeações em 2022. Recuperaria o humor britânico seco que se atenuou na era Craig e acrescentaria uma visão mordaz e algo pessimista da natureza humana. In Bruges continua a ser o melhor exemplo do equilíbrio que atinge entre comédia e violência existencial.
3. Lee Chang-dong
O cineasta coreano, autor dos enigmas meditativos “Burning” e “Peppermint Candy”, adicionaria ao universo Bond uma dimensão mais subtextual e reflexiva, transformando o habitual thriller num drama carregado de mistério. Seria um desvio assumido da fórmula tradicional, mas capaz de injetar complexidade temática e frescura na abordagem à personagem.
2. Nicolas Winding Refn
Assumidamente uma escolha motivada, antes de mais, por parâmetros estéticos: um Bond de Winding Refn seria um banquete sensorial, uma exploração atmosférica do universo 007 em registo slow burn, culminando num clímax explosivo. Como cartão-de-visita, basta lembrar “Drive“, com Ryan Gosling.
1. Lynne Ramsay
Conhecida do grande público pelo aterrador estudo de personagem “Precisamos de Falar Sobre Kevin” e pelo retrato cru de uma figura fragmentada e violenta em “You Were Never Really Here“, Ramsay traria a Bond uma mistura de brutalidade seca e realismo psicológico, aprofundando ainda mais os recantos negros da psique do espião e o preço emocional que paga pelo ofício.
Com estes cinco olhares radicais (e a inevitável bagagem autoral que cada um traz), James Bond poderia encontrar novas latitudes estéticas e emocionais — algo que a longevidade da franquia já há muito pede.