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Johnny Depp quebra o silêncio sobre o momento mais difícil da sua carreira

Durante anos, os fãs imaginaram o que acontecia por trás das câmaras de Sweeney Todd, o musical gótico de 2007 que uniu novamente Johnny Depp e Tim Burton. Mas só agora, quase duas décadas depois, é que o público descobre o quão pessoal, e dolorosa, foram essas filmagens para ambos.

Portanto, no novo documentário Tim Burton: Life in the Line, Johnny Depp quebra o silêncio e revela um capítulo íntimo da sua vida e o gesto comovente do realizador que colocou a amizade acima da produção de um filme.

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O que aconteceu durante as filmagens de Sweeney Todd?

Sweeney Todd
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Em 2007, Tim Burton e Johnny Depp já eram inseparáveis criativamente, um duo tão peculiar que parecia existir num universo próprio, entre sombras e melodrama. Tinham dado vida a Edward Scissorhands, Sleepy Hollow e Corpse Bride. Mas Sweeney Todd prometia ser o seu auge, uma ópera sangrenta sobre perda, loucura e vingança.

Mas, fora do ecrã, uma tragédia ameaçava tudo. A filha de Johnny Depp, Lily-Rose, então com apenas sete anos, foi hospitalizada em Londres com uma infeção por E. coli, que rapidamente evoluiu para falência renal. “Os rins dela estavam a desligar-se”, recorda o ator no documentário. “Tive de ligar ao Tim e dizer-lhe: ‘Vou ter de desistir. Não posso continuar enquanto a minha filha não estiver bem.’”

Logo, o que se seguiu foi um gesto raro em Hollywood. Burton respondeu: “Nem penses nisso, homem. Faremos o que for preciso. Ela vai ficar bem.” A produção foi imediatamente suspensa durante várias semanas, um “sacrifício enorme”, nas palavras de Johnny Depp, para que o ator pudesse permanecer no hospital ao lado de Lily-Rose e da mãe, Vanessa Paradis.

Como isto mudou o filme e a amizade deles?

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Tim Burton não é apenas um cineasta excêntrico é, nas palavras de Johnny Depp, “parte da minha família”. O realizador visitou o hospital no dia seguinte, levando flores e silêncio, “como um grande tio e padrinho”, conta o ator, num dos momentos mais emocionantes do episódio.

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Enquanto o mundo via Johnny Depp encarnar um barbeiro obcecado pela perda da filha e pela vingança contra um mundo cruel, o próprio ator vivia essa dor fora do ecrã. Derek Frey, produtor e colaborador de longa data de Burton, confirma no documentário que a produção foi suspensa “por algumas semanas” até Lily-Rose recuperar.

“Estávamos a explorar temas muito sombrios — morte, culpa, isolamento — e Johnny estava a passar por algo igualmente pesado na vida real”, explica Frey. “Há momentos do filme em que vês emoção verdadeira, não encenada. Ele estava a canalizar o que sentia.” Esse peso transformou Sweeney Todd numa das interpretações mais intensas da carreira de Johnny Depp, uma mistura crua entre personagem e homem.

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O que revela o documentário?

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O documentário, realizado por Tara Wood (a mesma de QT8: The First Eight sobre Tarantino), mergulha nas quatro décadas de carreira de Burton, desde o jovem animador da Disney até ao autor que construiu o seu próprio reino sombrio. Assim, ao longo dos episódios, surgem depoimentos de Helena Bonham Carter, Winona Ryder, Danny Elfman e, claro, Johnny Depp.

Mas é na terceira parte que o público descobre esta história, inédita até agora. A emoção de Johnny Depp é palpável, e a admiração mútua entre ele e Burton lembra a de um velho casal artístico que sobreviveu a todas as tempestades. Como o próprio Burton confessa no documentário, citado pela PEOPLE:

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“Sempre soube que o Johnny é leal até ao fim. Mas nessa altura percebi que a nossa amizade era mais importante do que qualquer filme.” Disponível em streaming e para compra no site oficial da série, Life in the Line funciona como um retrato de afeto e criatividade partilhada, uma celebração do estranho, do trágico e do belo que existe em ser humano… mesmo no universo surreal de Tim Burton.

Mais do que cinema… lealdade

O episódio de Sweeney Todd é mais do que uma história de bastidores, é uma lembrança de que, por trás do sangue cenográfico e dos cortes de tesoura, há pessoas reais. Que Tim Burton tenha parado uma produção milionária por causa da filha de um amigo é, no fundo, o que faz dele mais humano do que as suas personagens. Para Johnny Depp, foi o reflexo de uma lealdade que se mantém até hoje. Ambos já confirmaram planos para trabalharem juntos novamente.

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Mas no final de contas, talvez seja esse o verdadeiro segredo do cinema de Burton: por trás da escuridão, há sempre um coração que ainda bate. E tu? Lembras-te da primeira vez que viste Sweeney Todd? O que mais te marcou? O sangue, a música ou o olhar cansado de um pai que, afinal, estava a lutar por muito mais do que vingança.


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