Jojo Rabbit, em análise | Made in USA
Em exibição nos cinemas americanos desde Outubro, trazemos hoje as primeiras impressões de Jojo Rabbit, a comédia de Taiki Waititi que chega a Portugal em Fevereiro e é um dos favoritos para o Óscar de Melhor Filme. Levem lenços, este é o crowd-pleaser do ano.
Definido como uma sátira anti-ódio, este novo filme saído da mente corrosiva de Taika Waititi é o tipo de comédia politicamente pouco correta que não esperávamos ter o prazer de ver no grande ecrã – e, diga-se de passagem, muito menos esperávamos que estivesse nas cogitações da temporada de prémios.
Senão vejamos a sua premissa delirante: Jojo Rabbit segue um solitário miúdo alemão consumido por ideais nacionalistas que tem um amigo imaginário, nada mais nada menos que um superlativamente idiota Adolf Hitler (Taika Waititi). A visão que Jojo tem do mundo é transformada quando descobre que a sua mãe (Scarlett Johansson) esconde uma jovem judia (Thomasin McKenzie) no sótão da sua casa.
Através dos olhos de uma criança – a forma mais sincera de contar uma história -, Waititi narra uma inusitada mas não menos irreverente comédia sobre a cultura Nazi, sem receio de levar o seu humor cáustico a lugares pouco visitados no Cinema – e que certamente não serão consensuais entre o público. Situado algures entre a fábula à la “A Vida é Bela” e um exercício estilístico Wes Andersiano, Waititi encontra no humor absurdo – quase splastick – um veículo inesperado para difundir a sua original visão sobre a absurdez do ódio e da violência. Nesse sentido, mais do que a meramente competente realização, importa destacar em Jojo Rabbit o extraordinário trabalho de Waititi, o argumentista.
Jojo venceu o Prémio do Público no Festival de Toronto, um precursor importante na definição do Óscar de Melhor Filme, e tentará seguir as pisadas de “Green Book – Um Guia Para a Vida”, que venceu este mesmo prémio na edição 2018 do festival. Terminado o seu visionamento, torna-se mais fácil perceber o porquê da comédia de Taiki Waititi estar nas conversações da temporada de prémios. Do início até ao seu ato final, estamos perante um bizarra comédia negra. Mordaz, impiedosa, livre de auto-censura. Porém, nos seus emocionantes momentos finais, o filme revela a sua mensagem poderosa, servida como um urgente antídoto para o ódio que nos chega por via da emancipação da bondade, da tolerância e do amor.
Levem lenços, este é o crowd-pleaser do ano.
Nota: A escrita deste artigo resulta do visionamento do filme nos EUA. “Jojo Rabbit” estreia em Portugal a 6 de Fevereiro
Jojo Rabbit, em análise
Movie title: Jojo Rabbit
Date published: 4 de December de 2019
Director(s): Taiki Waititi
Actor(s): Roman Griffin Davis Thomasin McKenzie Scarlett Johansson Taika Waititi, Sam Rockwell, Rebel Wilson, Alfie Allen
Genre: Comédia
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Daniel Rodrigues - 70
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Maggie Silva - 80
CONCLUSÃO
O Melhor: Taiki Waititi, o argumentista. O humor hilariante, profundamente negro. Roman Griffin Davis como Jojo, a força emocional do filme; Scarlett Johansson, mais radiante do que nunca; e a revelação que é Thomasin McKenzie.
O Pior: A realização não acompanha a ousadia do argumento. As cenas imaginadas vão, por vezes, longe demais no termómetro do absurdo.