Ciclo Krzysztof Kieslowski, em análise

Krzysztof Kieslowski foi um dos mais singulares cineastas do século XX, concebendo um cinema intensamente humanista e cujo avassalador poder é difícil de negar ou ignorar. As suas quatro últimas obras são agora repostas no Espaço Nimas em cópias digitais restauradas, após a sua original passagem pelos cinemas nacionais na década de 90.

De 3 a 23 de dezembro, o Espaço Nimas vai apresentar as quatro longas-metragens finais de Krzysztof Kieslowski. Estes filmes representam o píncaro de uma das mais formidáveis carreiras no cinema europeu, debruçando-se sobre temáticas de ambições metafísicas e filosóficas com uma elegância rara e imensamente preciosa.

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A Dupla Vida de Véronique, Três Cores: Azul, Três Cores: Branco e Três Cores: Vermelho são filmes fortemente humanistas nas suas intenções, funcionando simultaneamente como intensos retratos humanos e como reflexões sobre o estado da Europa no período que se seguiu à queda do Muro de Berlim e dissolução da União Soviética. No clima político em que nos encontramos na Europa atual, é difícil não olhar as complicadas visões de uma Europa unificada que Kieslowski apresenta nestas obras e encontrar algo de relevante para a contemporaneidade.

Krzysztof Kieslowski

A Trilogia das Três Cores é de particular importância, de um ponto de vista político e ideológico, tendo sido desenvolvido em torno dos ideais da Revolução Francesa, liberdade, igualdade e fraternidade, simbolizados pelas três cores da bandeira de França. A completar este hino à Europa temos também as usuais preocupações humanísticas de Kieslowski, especialmente o modo como os seres humanos estão todos ligados por alguma força superior e inefável. Longe de serem redutivamente religiosos, os filmes deste autor foram sempre fortemente espirituais e, especialmente no último filme da trilogia, esse aspeto é de uma monumental importância e poder.

Krzysztof Kieslowski

Nestas suas últimas façanhas cinematográficas, Kieslowski trabalhou em coproduções europeias. Estas associações entre a produção de diferentes nações foram tanto um meio pragmático de financiar e permitir a concretização das visões do autor, como se tornaram partes da tapeçaria conceptual que é formanda por estes quatro derradeiros filmes. O continente, a sua multifacetada existência e libertação são ideias integrais destas obras, contaminando todos os seus aspetos, mesmo o financeiro. Estes são filmes intrinsecamente europeus e o seu lugar no panteão do cinema da Europa, sobre a Europa, é indiscutível.

Neste magnífico ciclo, organizado pela Leopardo Filmes em conjunto com a Medeia Filmes, estarão ainda presentes três dos dez episódios que formaram Dekalog, outra das célebres obras de Krzysztof Kieslowski, que se desenvolveu em volta dos dez Mandamentos. Não percas esta oportunidade de experienciar o trabalho de um dos maiores mestres do cinema europeu!

 

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