Paredes de Coura Fan Weekend | Entrevista a Miguel Reizinho

A propósito de um dos maiores e melhores eventos LEGO em Portugal, com o Paredes de Coura Fan Weekend, entrevistamos Miguel Reizinho, responsável pela organização do evento.

No extremo norte de Portugal, a menos de vinte quilómetros da fronteira com Espanha, há um evento obrigatório para todos os fãs da LEGO. Em Paredes de Coura, um local conhecido também por outro evento, o festival de verão Vodafone Paredes de Coura, há, num registo anual, um evento certificado pela própria marca. Paredes de Coura Fan Weekend reúne num fim-de-semana várias construções únicas, feitas por construtores de toda a parte do mundo, desde da Austrália até ao Canadá. Nem sempre as construções de maior dimensão têm o maior grau de complexidade, é nas micro construções que se encontra o desafio. Com poucas peças, conseguir representar fielmente um determinado monumento. A propósito do evento, conversamos com Miguel Reizinho, um dos membros mais importantes da Comunidade 0937 e responsável pela organização do evento.

MHD: Como é que surgiu a Comunidade 0937?

MR: Já tem quase 20 anos. Foi criado em 2006. Da PLUG saíram o Baixinho, a Tânia e o Pedro Silva. Depois, juntou-se logo a seguir também o Alex e o José Sá. E criou-se um núcleo diferente, com interesses diferentes da PLUG na altura. E começou a crescer a partir daí. Depois deu secalhar um grande boom já por volta da altura do Tomar Lego. Em com displays colaborativos, cada pessoa fazia em sua casa, uma pequena base/plate, uma pequena área e depois juntávamos-nos nos eventos para juntar todos estes pequenos moldes e fazer disso grandes displays. E a partir daí começou a ser um bocado essa filosofia do trabalho da Comunidade. 

MHD: Como surgiu este evento?

MR: Depois começámos sempre a tentar ter alguns convidados especiais internacionais nesses eventos, mas depois começámos nós a ir aos eventos internacionais. Começou a haver ligação com mais eventos internacionais de outros países. Começou a ver colaborações, nós vamos lá, vocês vêm. E depois, então em 2015, é que já havia o nosso evento anual estabelecido cá nesta localidade em Paredes de Coura. E, que já havia visitantes, designers e visitantes internacionais. Em 2015 surgiu o convite da própria LEGO de fazer o Fan Weekend esse ano aqui. A ideia da LEGO era pegar, em vez de os funcionários da LEGO andarem a ir a um evento a outro evento, a ideia era criar os chamados hub events, em que eles pudessem visitar apenas um evento e conseguir reunir com todos os anciãos internacionais da zona. Havia um já na Dinamarca, ainda muito mais antigo com o nosso. O nosso foi o segundo a ser criado fora da Dinamarca.

MHD: Faria sentido, num futuro próximo, levar este evento a outras partes do país?

MR: Fazia sentido, fazia, se seriam as mesmas condições, não. Porque neste momento o que nós temos aqui é uma cidade inteira por trás do evento. Não é só o esforço da Comunidade 0937, a própria Câmara e cidade, mesmo a população da cidade. Por exemplo, temos o caso da Feira Mostra que está a decorrer neste mesmo fim de semana aqui na cidade, porque eles querem que seja no mesmo fim de semana do Fan Weekend para terem as visitas das pessoas que vêm ao evento. E mesmo a nível de infra-estruturas o apoio imenso e eu penso que não seria possível fazer um evento nestas condições. Com esta qualidade, há que dar realmente também valor ao apoio que recebemos da Câmara Municipal. Um  anfiteatro destes, ainda que é óbvio, é muito complicado encontrá-lo. 

MHD: Quais é que são os grandes objetivos da Comunidade?

MR: Ora bem, criaram uma espécie de guidelines e, portanto, a qualidade surgiu por divergências do grupo anterior. Certo regras para que isso não voltasse a acontecer e eu penso que o ponto principal desse alicerce de todas essas regras, não ser só comercial. Tudo isto é suposto ser esforço de todos os membros e foi isso que deu realmente para evoluirmos. Há várias maneiras de viver este hobby. Não há uma certa, não há uma errada. E a minha maneira de ver o hobbit de certeza que não é a melhor. Outras ideias para pormos, tipo consciencializarmos o que é que fazemos. Pode ser um colecionador. Eu posso ser um construtor. Um outro elemento pode ser um artista. E pronto há várias maneiras realmente de se relacionar com o LEGO. Há que respeitar um bocado essa visão de todas as outras pessoas e objetivos para o futuro. Eu gostaria de continuar a incentivar e a fazer dispaslays colaborativos, que é isso que realmente sentimos. Falta aquelas coisas grandes e que enchem o olho. Há necessidade, porque nós perdemos bastante membros, foram trabalhar como designer mesmo para a própria LEGO e é normal também. Vida pessoal vai acontecendo pelo caminho. As pessoas às vezes têm filhos, portanto já não dedicam tanto tempo. Óbvio, como tinha e é preciso também fomentar de novo. Que permita ter novas ideias e que permita fazer um pronto evoluir. Para não ser sempre a mesma coisa. 

MHD: Para si, o que é a LEGO num sentimento?

MR: Para mim é um escape, é poder chegar a casa às vezes, para dedicar o tempo, tentar esquecer o dia de trabalho ou tentar relaxar. Nem que seja para fazer uma pesquisa na Internet à procura ou ver construções ou ver novidades. Pronto é aquilo que eu gosto de ver, é aquilo que eu gosto de fazer e eu gosto quando tenho um bocado de tempo livre. 

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