Marilyn Monroe | Os figurinos mais icónicos
Com “Blonde” a dar que falar, vale a pena recordar a verdadeira Marilyn Monroe, seus fantásticos filmes e maravilhosas modas. De “Niagara” a “Quanto Mais Quente Melhor,” a atriz envergou uma série de figurinos tão fabulosos quanto icónicos.
Adaptando o livro de Joyce Carol Oates, Andrew Dominik apelou a um contraste entre a recriação meticulosa de um passado material e a ficcionalização quase mitológica da figura central. Por outras palavras, apesar de, historicamente, a narrativa de “Blonde” ser uma invenção lasciva, suas imagens reluzem como reproduções perfeitas. No que se refere aos figurinos, a designer Jennifer Johnson foi escolhida para confrontar o desafio de vestir uma das mulheres mais famosas na História do Cinema, senão mesmo a mais célebre de sempre. Este tipo de exercício não é novidade para Johnson que, em “Eu, Tonya,” fez semelhante façanha.
Vendo “Blonde,” é difícil não nos deixarmos cativar pelas modas que Johnson ressuscitou, trabalhando com uma equipa de hábeis artesãos e costureiras para transformar Ana de Armas numa Marilyn Monroe reencarnada. Dito isso, há grande diferença entre recriar fatos vistos somente em fotografias de paparazzi e reproduzir figurinos vistos no grande ecrã, especialmente quando esses desenhos já foram tantas vezes copiados e reinterpretados. Johnson manteve-se fiel ao princípio histórico, copiando todo o detalhe, até aqueles pormenores que podem ser considerados defeitos para uma audiência moderna.
Invariavelmente, estas considerações fazem-nos pensar nos reais filmes de Marilyn Monroe e seus guarda-roupas esplendorosos. Perdendo-nos na estrada da reminiscência, vamos lá pensar nos figurinos da estrela e listar os looks mais memoráveis, mais imortais, icónicos. Começamos, pois claro, com o primeiro filme a cores que Marilyn Monroe rodou para a 20th Century Fox. Estamos a falar de…
![marilyn monroe figurinos niagara](https://www.magazine-hd.com/apps/wp/wp-content/uploads/2022/09/marilyn-monroe-figurinos-niagara.jpeg)
NIAGARA (1953)
Apesar do nome, nem todo o film noir era necessariamente filmado a preto-e-branco. “Niagara” é bom exemplo do noir em Technicolor, com realização de Henry Hathaway e fotografia de Joseph MacDonald prontos a sugerir a podridão moral através da paleta lúrida. Os resultados são belos e chamativos, mas mortíferos, uma flor tropical cujas pétalas suam veneno. Monroe, contudo, não é nenhuma femme fatale vestida como orquídea assassina. Pelo contrário, ela é vítima do monstro na narrativa, uma figura provocadora, mas indefesa. De entre os seus muitos conjuntos, este vestido cor-de-rosa concebido por Dorothy Jeakins é o mais memorável, conjugando a tonalidade exuberante com traços eróticos – a pele descoberta, tanto um chamariz como uma mostra de vulnerabilidade.
![marilyn monroe figurinos](https://www.magazine-hd.com/apps/wp/wp-content/uploads/2022/09/marilyn-monroe-figurinos-diamantes.jpeg)
OS HOMENS PREFEREM AS LOIRAS (1953)
O rosa era uma cor que ficava sempre bem à loira mais famosa do grande ecrã. Em “Os Homens Preferem As Loiras” de Howard Hawks, Marilyn usou muitos conjuntos perfeitos, desde as lantejoulas escarlate da primeira cena até à renda matrimonial do final feliz. Contudo, é ao rosa que regressamos, para o momento mais inesquecível da fita, quando Lorelei Lee canta o hino de todas as beldades que, numa sociedade patriarcal, conquistam poder para si mesmas através do sex appeal. Cantando “Diamonds Are a Girl’s Best Friend,” Monroe enverga uma coluna de cetim rosa forrado a veludo preto para melhor se agarrar ao corpo da atriz. O lendário Travilla decidiu deixar a silhueta cai-cai mais larga do que usual para facilitar a dança, com um cinto a condizer para marcar a cintura e um enorme laço a salientar todo o movimento. Trata-se de uma obra-prima e do vestido mais copiado na filmografia de Marilyn Monroe.
![marilyn monroe figurinos o pecado mora ao lado](https://www.magazine-hd.com/apps/wp/wp-content/uploads/2022/09/marilyn-monroe-figurinos-pecado.jpeg)
O PECADO MORA AO LADO (1955)
Quase tão célebre como o figurino cor-de-rosa de “Os Homens Preferem As Loiras,” este vestido plissado em rayon branco-sujo, mais perto de um tom champanhe. Concebido como um vestido de cocktail a refletir as últimas tendências, a peça também foi criada a pensar no momento em que a personagem de Marilyn deixa que o ar do metro lhe suba pelas pernas acima e faça a saia voar. O plissado abre-se com a brisa, qual flor face ao sol, e sugere sensualidade pela transgressão. Não é que o vestido revele muito, mas faz parte de um jogo atrevido de objetificação sexual, onde a inocência projetada pela atriz só sublinha a sua suposta sensualidade. As imagens de Marilyn posando com o vestido numa sessão aparte da rodagem são consideradas algumas das fotografias mais icónicas do século XX.
![marilyn monroe paragem de autocarro figurinos](https://www.magazine-hd.com/apps/wp/wp-content/uploads/2022/09/marilyn-monroe-figurinos-bus-stop.jpeg)
PARAGEM DE AUTOCARRO (1956)
No meio destes muitos vestidos, este conjunto mais casual em “Paragem de Autocarro” marca pela diferença. Novamente, foi William Travilla quem vestiu Marilyn, inspirando-se nalgumas das suas sessões fotográficas para conceber o visual desta protagonista, mais séria e dramática que a maioria dos seus papéis. Saia preta com racha profunda, cinto a condizer, uma blusa de renda verde e collants de rede compõem a figura da atriz. Há aqui um tenor boémio que muita gente inspirou, levando a tendências passageiras e reforçando o poder de Marilyn Monroe enquanto ícone influente da moda norte-americana.
![marilyn monroe o principe e a corista figurinos](https://www.magazine-hd.com/apps/wp/wp-content/uploads/2022/09/marilyn-monroe-figurinos-principe-e-a-corista.jpeg)
O PRÍNCIPE E A CORISTA (1957)
Os últimos dois figurinos nesta breve listagem diferem num ponto crucial. Ao invés de interpretarem a contemporaneidade estilística em jeito direto, estes designs são exemplos de figurino histórico. Primeiro, temos “O Príncipe e a Corista,” narrativa passada na Londres de 1911 que encontra Marilyn Monroe contracenando com Laurence Olivier. O ator também realizou a fita, promovendo um visual faustoso, todo cheio da pompa e circunstância do espetáculo monárquico. Neste milieu, a corista titular é simultaneamente uma intrusa e quiçá a pessoa que melhor se adequa à performance social da realeza. Seu traje, desenhado por Beatrice Dawson, é uma paródia de moda Eduardina deturpada pelos preceitos de 1957. A silhueta é completamente moderna, mas alguns detalhes piscam o olho à época passada. Acima de tudo, a brancura nupcial da peça e seus adornos em madrepérola insinuam o romance e puxam pela pureza paradoxal desta figura tão sexualizada, mas, simultaneamente, tão inocente.
![marilyn monroe figurinos some like it hot](https://www.magazine-hd.com/apps/wp/wp-content/uploads/2022/09/marilyn-monroe-figurinos-some-like-it-hot.jpeg)
QUANTO MAIS QUENTE MELHOR (1959)
Não há ilusão de inocência em “Quanto Mais Quente Melhor.” O que há é ilusão de nudez através da transparência falseada. Orry-Kelly ganhou o Óscar pelo seu trabalho nesta comédia clássica cuja narrativa decorre durante o fim da Era do Jazz, entre Chicago e Miami em 1929. Interpretando Sugar Kane, uma cantora com historial romântico complicado, Marilyn é uma visão de carisma reluzente. Assim é em todas as suas cenas, mas especialmente durante a rendição de “I Wanna Be Loved By You.” Para o momento intemporal, o figurinista concebeu uma peça em tule largo, coberto com lantejoulas, missangas, franjas brilhantes e algumas aplicações de renda. Em preto-e-branco e com a luz sugestiva de Charles Lang, Marilyn parece nua, ideia reforçada quando ela se vira e vemos as costas abertas com um coração recortado no traseiro. Este conjunto é ainda mais impressionante quando consideramos as complicações técnicas que o figurinista confrontou, tendo que esconder a gravidez da atriz durante a rodagem.
Quais são os teus figurinos preferidos na filmografia de Marilyn Monroe? Está o teu favorito na nossa lista ou tens algo a acrescentar?