Os melhores e os piores posters da semana (26/03-01/04)
Os melhores posters desta semana mostram-nos a Amazónia em toda a sua banalidade e as pernas de Claudia Cardinale justamente libertas das suas curvas asquerosas.
Como todos já bem sabemos, os melhores posters de cinema são aqueles que contornam noções de singularidade ou mesmo criatividade para nos apresentarem com uma obra anónima. No ideal utópico, uma pessoa passaria por um cinema e, pelas suas paredes, os cartazes promocionais deveriam ser praticamente indistinguíveis uns dos outros. Nada de imagens memoráveis ou inteligentes jogos gráficos. Afinal, que melhor caminho que o da monotonia visual para cativar uma audiência? Esta semana vamos celebrar a falta de criatividade e, se estivermos com sorte, algum exemplo de Photoshop usado e abusado por designers sem a mais pequena ideia de como usar essa mesma ferramenta de modo subtil ou eficiente. Mas, como já estabelecemos, quem é que deseja eficiência, subtileza ou mesmo qualidade estética num cartaz de cinema? Enfim, depois de tantas perguntas retóricas, já está na altura de avançarmos para a nossa seleção dos melhores posters da semana…
OS MELHORES POSTERS DA SEMANA
O primeiro cartaz em evidência não é tanto de um filme, mas de um festival de cinema conhecido por pouca gente, mas cujo cartaz tem sido causa de notícia esta semana.
Neste cartaz para o Festival de Cannes de 2017, vemos a jovem Claudia Cardinale congelada a meio de um movimento, ora, a polémica em volta deste cartaz pouco tem que ver com a escolha da fotografia ou mesmo com a composição dos elementos escritos ou da paleta cromática. A origem da controvérsia é o modo como a figura de Cardinale, outrora considerada um sex symbol foi adelgaçada digitalmente, atenuando as curvas da atriz e fazendo-a parecer ligeiramente mais alta. Mas, afinal qual é o problema? Cardinale já tem sorte em ter a sua imagem de juventude assim celebrada e não há razão pelas quais o seu hediondo corpo não seja sujeito a manipulações digitais para o moldarem a padrões contemporâneos de beleza idealizada e ligeiramente irreais. O que é que nos vão dizer a seguir, que é errado objetificar indiscriminadamente o corpo feminino ou que a colorização de filmes a preto-e-branco para agradar a audiências modernas é um crime contra o cinema?
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Depois de Cannes, passamos para as selvas da Amazónia onde o Photoshop amador voltou a atacar com resultados maravilhosos. O uso de divisórias horizontais para compartimentar o grafismo é particularmente inspirador. Apenas duvidamos do uso de cores fortes que chamam demasiado a atenção. Uns pastéis ou tons lamacentos indefinidos seriam uma escolha melhor. Afinal, ser-se genérico é o caminho do sucesso.
No último exemplo dos melhores posters da semana, deparamo-nos com um exemplo a que poderíamos chamar o Santo Graal dos cartazes de cinema genéricos e anónimos. Um ator loiro, bem-parecido a encher quase todo o cartaz, uma paleta cromática sem contrastes ou qualquer insinuação de originalidade, taglines simples e despidas de qualquer tipo de inteligência ou humor intencional, uma citação crítica posicionada do modo mais expectável de que se poderia imaginar e, acima de tudo, uma falta de significantes visuais que fazem deste poster, uma peça promocional que poderia pertencer a uma infinidade de diferentes projetos. Que maravilha!
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OS PIORES POSTERS DA SEMANA
No seguimento da gloriosa insipiência dos melhores posters da semana falta-nos falar dos piores. Comecemos…
Este cartaz de It, com o seu uso de cores contrastantes e sombras espessas, comete o crime capital de qualquer poster para um filme de terror. Sugere uma experiência arrepiante. Péssima estratégia de marketing.
Este horror ilustrado para Keepers é ainda pior, fazendo um uso expressivo de espaço vazio para tentar dar personalidade e qualidade memorável ao seu visual. Que esforço pueril e francamente estúpido.
Por fim, temos um cartaz que ousa tentar traduzir a natureza esquisita, antissocial, humorística e levemente desconfortável das suas personagens de um modo visual. Este cartaz para a nova temporada de Silicon Valley é obviamente o pior da semana e a mera visão deste horror é suficiente para nos queimar a vista. Não seria muito melhor ter fotos do elenco a sorrir, com cada ator separado por linhas horizontais brancas?
Perdoem-nos esta brincadeira do dia 1 de abril, mas para a semana já não estaremos no dia das mentiras e não seremos levados a fazer mais destas parvoíces inocentes. Não percas!
