Boi Neon, Mini-crítica
‘Um western cheiroso, contextualizado num universo duro, sujo e carregado dos detritos e odores das vacas.’
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FICHA TÉCNICA |
Título Original: Boi Neon Realizador: Gabriel Mascaro, Elenco: Juliano Cazarré, Maeve Jinkins, Género: Drama Brasil | 2015 | 110 min[starreviewmulti id=18 tpl=20 style=’oxygen_gif’ average_stars=’oxygen_gif’] |
Foi surpreendente a estreia de ‘Boi Neon’, de Gabriel Mascaro (‘Ventos de Agosto’ e ‘Doméstica’), na secção Orizzonti da Mostra de Veneza 2015. Com toda a justiça teria sido um filme que pela suas qualidade podia ter estado perfeitamente na competição Veneza 72. De qualquer modo ‘Boi Neon’ é sem dúvida mais uma excelente demonstração da força e caráter da ‘nova onda do cinema pernambucano’. O filme passa-se nos bastidores das Vaquejadas, uma espécie de rodeios, muito populares nas zonas rurais e interiores do Brasil onde Iremar (Juliano Cazarré vimo-lo em ‘A Febre do Rato’, ‘Serra Pelada’ e ‘O Lobo Atrás da Porta’), agora na telenovela ‘A Regra do Jogo’, da SIC) é um vaqueiro que quer ser estilista de moda, e a sexy Maeve Jinkins (‘O Som ao Redor’ e ‘Amor, Plástico e Barulho’), é a dançarina Galega, que anima os shows, depois da largada das vacas. Levando uma vida na estrada, o caminhão que transporta as vacas é a casa improvisada de Iremar e dos seus colegas de trabalho: Zé, Negão, Galega e sua pequena filha Cacá.
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Boi Neon’ retrata o dia a dia intenso e visceral de um interior rural, atrasado e isolado, e deste pequeno grupo de personagens nada estereotipadas e de grande densidade dramática: Iremar, um vaqueiro ‘metrossexual’ que na dureza suja do ambiente e trabalho, sonha na sua rede pendurada no camião com vestidos de lantejoulas e tecidos requintados criados para a Galega e outras belas mulheres. Em fundo está a recente industrialização do interior Brasil, como o pólo de confecção de roupa na região do semi-árido nordestino que de facto vai despertar no vaqueiro novos desejos e ambições sociais.
‘…a recente industrialização do interior Brasil, vai despertar no vaqueiro novos desejos e ambições sociais.’
‘Boi Neon’ é filme excelente nas suas colorações: o contraste dos tons pardos da charneca com as cores vivas que invadem a vida e os sonhos de Iremar, graças ao excelente trabalho de fotografia de Diego García (responsável pela imagem de ‘Cemetery of Splendour’ de Apichatpong Weerasethakul). A luz é crua e realista no dia a dia do vaqueiro, contrastando com cenas salpicadas de uma aura mística e glamourosa de tons claros e cores estridentes. O filme termina com uma cena de sexo que é absolutamente excitante e requintada, se pensarmos que este ‘western cheiroso’, está contextualizado num universo duro, sujo e carregado dos detritos e odores das vacas. Está na competição oficial do 19º Festival de Cinema Luso-Brasileiro de Santa Maria da Feira.
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JVM
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