MOTELx Elizabeth Harvest

MOTELx ’18 | Vencedores e Balanço Final

Elizabeth Harvest” encerrou o 12º MOTELx, mais uma esplendorosa edição do festival de cinema de terror lisboeta, cuja lista de vencedores inclui o formidável pesadelo alpino “Hagazussa”.

Na passada noite de domingo, 9 de setembro, deu-se, no Cinema São Jorge, a cerimónia de encerramento da 12ª edição do MOTELx. O filme que terminou as festividades foi “Elizabeth Harvest”, uma espécie de reinterpretação elegante e venenosa do conto do Barba Azul com uma empenhada prestação de Abbey Lee, mas não foi essa obra de Sebastian Gutierrez o filme mais falado da noite. Tais honras caem sobre as obras premiadas pelos júris e espectadores do festival.

No que diz respeito à competição de Longas-Metragens Europeias, o filme que ganhou o prémio do júri e um lugar na competição pelo Méliès d’Argent, um prestigiado prémio para cinema fantástico de origem europeia, foi “Hagazussa”. Essa obra de Lukas Feigelfeld examina questões de psicose e descriminação feminina através de um perturbador conto de bruxaria nos Alpes quatrocentistas. Com o seu jogo de medos viscerais, quase primitivos, e enlouquecida experimentação formal, este é claramente o filme mais merecedor de celebração de entre a competição do MOTELx.

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HAGAZUSSA, A ESTRANHA CASA NA BRUMA, AGOURO e ONE CUT OF THE DEAD foram os grandes vencedores.

Em relação às curtas-metragens portuguesas, foram entregues dois prémios. A honra principal caiu sobre “A Estranha Casa na Bruma” de Guilherme Daniel, uma das curtas mais visualmente provocadoras da seleção deste ano. O outro filme a ser reconhecido pelo júri é outro festim visual, tratando-se da animação “Agouro” de David Doutel e Vasco Sá, onde um conflito familiar é exacerbado pela intempérie e a crueldade arbitrária da Natureza.

Essas foram as escolhas dos júris oficiais do festival, mas esses não são as únicas entidades com direito a votar nos filmes exibidos durante o MOTELx. O público também pode fazer sentir o seu voto, sendo que o Prémio da Secção Serviço de Quarto é atribuído ao filme com melhor classificação das audiências que, no fim de cada sessão, podem deixar sua classificação de 1 a 5 estrelas com os voluntários do festival. Este ano, foi “One Cut of the Dead” de Shinichirou Ueda, um projeto japonês sobre a rodagem de um filme de terror interrompidas pelo advento do apocalipse zombie.

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Nicolas Cage em MANDY (2018) de Panos Cosmatos.

Igualmente merecedores de admiração são uma série de outros filmes que passaram pelo festival sem terem recebido nenhum prémio. Alguns desses títulos vão, aliás, chegar brevemente aos cinemas portugueses, como é o caso de “Mandy”, que teve direito a uma das sessões mais cheias e com um público mais entusiasmado desta edição. Esse filme, com Nicolas Cage no papel principal, irá ser distribuído comercialmente a 27 de setembro.

É pena que tantos outros títulos nunca hão de chegar às salas de cinema nacionais. Enfim, é por isso que festivais como o MOTELx são importantes, dando fugazes oportunidades para cinéfilos experienciarem algumas das maravilhas cinematográficas a que de outra forma nunca teriam acesso. Essas maravilhas são variadas, podendo ser alegorias sobre a guerra com criaturas subaquáticas, tapeçarias de superstição basca, elegias chorosas aos meninos perdidos da guerra às drogas no México ou até uma exploração febril do mundo da pornografia por webcam.

Antes de darmos por terminadas estas observações finais, convém mencionar a riqueza de masterclasses, sessões de autógrafos e conversas com o público por parte de alguns dos melhores cineastas envolvidos com o género de terror na atualidade. A presença de Leigh Whannell marcou uma interessante conflagração entre o terror e o cinema de ação, as conversas sobre a Nova Extremidade Francesa representam uma necessária reflexão sobre a história recente do género e a presença do figurinista Luís Sequeira veio celebrar uma parte do edifício cinematográfico que é muitas vezes menosprezado.

Talvez o 12º MOTELx não tenha tido das seleções de filmes mais inspiradas na história do festival, mas, apesar disso, as festividades foram valiosas para qualquer fã do terror. Como prova disso, vê algumas das nossas críticas positivas. Aqui deixamos uma lista de links para todos os artigos publicados no âmbito da cobertura MHD do festival:

Concordas com os vencedores do MOTELx? Concordas com o nosso balanço final desta edição rica em boas iniciativas, mas talvez carente de grandes obras-primas? Deixa as tuas respostas nos comentários.

One thought on “MOTELx ’18 | Vencedores e Balanço Final

  • Este Nightmare Cinema: 5* estreou no de 2019, mas podia muito bem ter estreado no de 2018.

    É um filme que mistura vários tipos de terror, contudo tem poucos sustos apesar de ter sido um dos melhores filmes passados no Motelx.

    Cumprimentos, Frederico Daniel.

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