O Círculo, em análise

Deverá a privacidade ser protegida? Ou deveria a humanidade deixar este conceito de lado de modo a que tudo fosse transparente? Esta é uma das questão pertinentes que O Circulo coloca ao seu espectador.

Privacidade é, ironicamente, o conceito que reina o início do filme. Mae Holland (interpretada por Emma Watson) é uma jovem em busca de um sonho. No seu tempo livre gosta de praticar remo, procurando o vazio e o silêncio das águas para refletir sobre a sua vida – um lugar isolado onde pode chorar à vontade ou apenas apreciar a beleza do mundo. De volta a realidade, ela divide-se entre o call-center que odeia e uma família que depende de si.

Tudo muda quando recebe um telefonema de uma amiga (Karen Gillan), convidando-a a fazer parte de uma entrevista de emprego que a poderá levar ao Círculo (The Circle), uma “rede social” usada por milhões de pessoas e que permite, entre outras coisas, pagar serviços. Gerida por Bailey (Tom Hanks) e Stenton (Patton Oswalt), ela tem o objetivo máximo de um dia ligar o mundo num serviço único e multi-funções.

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O Círculo começa aqui a mergulhar da sua real problemática – “existirão benefícios do fim da privacidade?”, “quais os prós e contras?” – e Mae entra numa espiral que colocará todos os seus valores (e os valores do próprio espectador) em causa.

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o círculo the circle

James Ponsoldt (realizador e co-argumentista do filme), aborda um assunto cada vez mais atual especialmente após o nascimento de serviços como o Facebook, rede social que, aliás, tem sido comparada ao fictício The Circle. Todos os dias as nossas vidas são gravadas e usadas para moldar o que vemos e a forma como pensamos. Existe uma manipulação cada vez mais crescente e invisível, e O Círculo sabe disso.

A obra, não tão distópica, de Ponsoldt (inspirada no livro de Dave Eggers) é um grito que tenta acordar o espectador para a realidade do que espera a sociedade. O Círculo repete vezes sem conta a ideia de que as pessoas farão de tudo para fazer parte do grupo cool que tudo partilha. Os que lutam contra a maré são rotulados de mentirosos, estranhos, ou são tidos como corruptos. Mae chega mesmo a defender que se todos partilhassem a sua vida publicamente haveria menos crime, menos más escolhas, e menos desordem, menos mentira. Na sua visão, a sociedade chegaria a uma democracia perfeita, onde todos são expostos por quem “realmente” são, deixando de lado a vergonha e o medo da descoberta.

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Esta “utopia” é defendida mas também contra-balançada por personagens como os pais de Mae (Bill Paxton e Glenne Headly) ou Mercer (Ellar Coltrane) que desejam ficar ao lado desta revolução tornando-se numa espécie de Amish modernos – rebeldes de um sistema ditatorial.

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o círculo the circle

O Círculo é uma verdadeira tese filosófica sobre a “privacidade”, oferecendo inúmeros argumentos e exemplos. Contudo, este é o seu pecado. A narrativa é o único aspecto memorável do filme e mesmo esta sofre de alguns problemas. Por exemplo, a protagonista tem sim uma grande evolução mas que estagna ainda no segundo ato. O terceiro ato torna-se numa confirmação do que já foi dito e o final deixa mais perguntas que respostas.

TRAILER | DESCOBRE O CÍRCULO

Pegando na pertinência da obra, queremos saber: concordas com a ideologia defendida por The Circle? Devemos abandonar a privacidade em detrimento de uma democracia perfeita?

O Círculo, em análise
o círculo the circle

Movie title: The Circle

Director(s): James Ponsoldt

Actor(s): Emma Watson, Tom Hanks, Ellar Coltrane, Bill Paxton, Karen Gillan

Genre: Drama, Sci-fi, Thriller

  • Ângela Costa - 60
  • Rui Ribeiro - 80
  • Daniel Rodrigues - 35
58

CONCLUSÃO

O Círculo explora uma temática pertinente e atual. É uma obra filosófica perfeita para o debate saudável acerca das vantagens e desvantagens de uma sociedade onde tudo é público.

O MELHOR: A preocupação em mostrar várias perspectivas através da existências de prós e contras, e a interpretação dos atores.

O PIOR: A filosofia sobrepõe-se à construção de uma narrativa cativante, tornando-a monótona.

AC

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