Fortes candidatos aos Óscares 2019 que já têm trailer
Sim, faltam cerca de sete meses para os Óscares 2019, mas as campanhas para a temporada de prémios já arrancaram com a divulgação dos trailers de alguns dos mais fortes concorrentes às estatuetas douradas.
Se é verdade que alguns dos concorrentes às estatuetas douradas do próximo ano se podem encontrar entre filmes já estreados (First Reformed, Black Panther e Hereditary são alguns exemplos), também é certo que os mais fortes candidatos ainda estão por chegar. Alguns desses filmes – dez, para se ser mais preciso – tiveram as suas primeiras imagens reveladas online nos últimos dois meses.
Eis alguns filmes que podem, perfeitamente, suceder a “A Forma da Água”:
IF BEALE STREET COULD TALK
Barry Jenkins regressa depois do triunfal “Moonlight”, desta vez adaptando o aclamado romance homónimo de James Baldwin. Em “If the Beale Street Could Talk” (cuja estreia está marcada para o Festival de Toronto, neste Outono), Jenkins debruça-se sobre a comunidade afro-americana no Harlem, onde uma mulher se esforça desesperadamente por provar que O seu noivo é inocente de um crime, enquanto carrega ao colo o seu primeiro filho. À sua terceira longa-metragem, Barry Jenkins traz de “Moonlight” alguns colaboradores habituais, incluindo os editores Joi McMillon e Nat Sanders, o diretor de fotografia James Laxton e o compositor Nicholas Britell. Quanto ao elenco (Kiki Layne, Stephan James, Teyonah Parris, Regina King e Brian Tyree Henry), os nomes podem parecer completamente desconhecidos, mas isso impediu “Moonlight” de vencer nos Óscares?
BOHEMIAN RHAPSODY
A polémica que circunda este biopic de Freddie Mercury pode ser nefasta quando as suas reais hipóteses de concorrer aos Óscares 2019 forem testadas. Bryan Singer é creditado como realizador, mas este foi despedido e substituído por Dexter Fletcher, devido a desavenças com o ator principal, Rami Malek. Para além disso, o primeiro trailer mostra Mercury quase sempre rodeado de mulheres, o que originou uma precoce chuva de críticas de pessoas preocupadas sobre a não representação do ícone queer que há em Freddie Mercury. Polémicas à parte, há Oscar buzz para dar e vender neste trailer que agora vos mostramos:
BOY ERASED
Nicole Kidman até pode ter mais filmes a estrear este ano (entre eles “The Upside”, remake da dramédia francesa “Amigos Improváveis”, “Aquaman” e o seu papel de destaque em “Destroyer”, ao lado de Sebastian Stan), mas o trailer de “Boy Erased” leva-nos a apostar tudo numa nomeação (e vitória?) pelo filme de Joel Edgerton. “Boy Erased” é a segunda longa-metragem de Joel Edgerton (depois da sua estreia bem sucedida em “The Gift”), e conta também com Russell Crowe, e a estrela de “Manchester by the Sea”, Lucas Hedges nos principais papéis. Depois da sua nomeação pelo filme de Kenneth Lonergan, não será de espantar que o jovem Lucas Hedges arrebate mais uma nomeação, agora como Ator Principal, nesta sua interpretação de um adolescente gay que é enviado para um programa de terapia de conversão, de forma a mudar a sua orientação sexual.
PETERLOO
Mike Leigh regressa à competição do Festival de Veneza com um drama histórico sobre o massacre de Peterloo, marcando 200º aniversário desse evento. Se nos recordarmos da forma como Leigh se intrometeu na corrida aos Óscares 2015 com “Mr. Turner”, e sabendo que o realizador e argumentista conta já com sete nomeações (sem uma única vitória), então “Peterloo” assume-me como um filme a não perder de vista nos próximos meses.
ON THE BASIS OF SEX
A agenda política raramente fica de fora da cerimónia dos Óscares e “On the Basis of Sex” pode beneficiar desse efeito em 2019. O filme biográfico sobre Ruth Bader Ginsburg, Juíza do Supremo Tribunal dos EUA, é interpretado por Felicity Jones, que vai na corrida pelo seu segundo Óscar. No filme, Ginsburg será ainda uma jovem advogada que se une ao marido (Armie Hammer) para combater um caso discriminação de género nos tribunais americanos, caso esse que marcou a história legislativa do país. Na realização (Mimi Leder) e argumento (Daniel Stiepleman) não encontramos nomes sonantes e, como consequência, é de esperar que “On the Basis of Sex” não seja um peso pesado.
SUSPIRIA
Os filmes de suspense, fantasia e terror (?) têm sempre parcas possibilidades de triunfar nos Óscares, mas esta reinterpretação do clássico de Dario Argento por parte de Luca Guadagnino não poderia ficar de fora desta lista. “Suspiria” faz parte da competição oficial de Veneza e já foi elogiado por, imagine-se, Quentin Tarantino (que, segundo Guadagnino, chorou e o abraçou depois de ver o filme que sucede a “Call Me By Your Name” na carreira do realizador italiano). A somar a isso, há um trailer verdadeiramente aterrador que nos deixa em pulgas.
MARY, QUEEN OF SCOTS
Duas Rainhas a lutar pelo trono da Escócia. O filme de Josie Rourke coloca em confronto Mary Stuart, Rainha de França que, aos 18 anos, reclama o seu trono natal da Escócia após a morte do seu marido, e a Rainha Elizabeth I. O trailer transpira a Óscares por todos os poros, sobretudo no que respeita a Saorise Ronan que pode conquistar, aos 24 anos de idade, a sua 4ª nomeação nos Óscares, a 3ª em quatro anos. Também Margot Robbie parece bem lançada para uma nomeação, mas podem haver mais na calha: Fotografia, Guarda-Roupa, Banda Sonora, Design de Produção, Maquilhagem & Cabelos.
BEAUTIFUL BOY
Timothée Chalamet regressa em 2019 para outro “tearjerker” que promete colocá-lo de novo na corrida para Melhor Ator. Ao seu lado tem Steve Carell, que vai no encalço da sua segunda nomeação (depois de “Foxcatcher”). Juntos, interpretam pai e filho numa história verídica que lida com a toxicodependência na adolescência. O realizador é o belga Feliz Van Groeningen (que se estreia num filme em língua inglesa) e a distribuição está a cargo da Amazon. Tendo isso em conta, não são de esperar muito mais nomeações para além daquelas a atribuir aos seus dois atores.
THE FAVOURITE
O trailer do novo filme de Yorgos Lanthimos parece um mash-up de “Marie Antoinette” e “Barry Lyndon”, e isso é deixa-nos tremendamente ansiosos! Depois de “A Lagosta” (com nomeação ao Óscar de Melhor Argumento Original) e “O Sacrifício de um Cervo Sagrado”, Lanthimos regressa com o seu filme mais “oscarizável”: um filme de época e um forte elenco de atrizes (Olivia Colman, Emma Stone e Rachel Weisz) são sempre grandes ingredientes. Nomeações para Melhor Guarda-Roupa, Maquilhagem & Cabelos, Melhor Argumento Adaptado, Melhor Atriz Principal e Secundária… tudo hipóteses válidas.
FIRST MAN
É o regresso de Damien Chazelle e num filme que se distingue dos predecessores. Trata-se da cinebiografia de Neil Armstrong, o primeiro homem a colocar os pés na Lua, e que conta com o regresso do protagonista de “La La Land”, Ryan Gosling, aqui também no papel principal. Este pode, portanto, ser um dos mais fortes concorrentes aos Óscares 2019, com a Academia poder ceder à tentação de recompensar Chazelle de todo o imbróglio que existiu em redor de “La La Land”. São possíveis nomeações: Filme, Realização, Ator, Atriz Secundária (Claire Foy), Efeitos Visuais, Argumento, Guarda-Roupa, Montagem, Som… a Lua é o limite.
THE OLD MAN AND THE GUN
O sucessor do incrível e subvalorizado “A Ghost Story” na carreira de David Lowery é este “The Old Man and the Gun”, talvez a maior produção do realizador logo a seguir à reinterpretação de “A Lenda do Dragão” para a Disney. O filme traz no papel principal Robert Redford, naquele que deve ser a sua última aparição no grande ecrã após a anunciada reforma, e também o regresso de Sissy Spacek, no seu primeiro papel no Cinema em 6 anos. O filme de Lowery conta a história verídica de Forrest Tucker, um famoso assaltante de bancos que fugiu da prisão aos 70 anos de idade. Bónus: há uma participação especial de Tom Waits. Só não estará nos Óscares 2019 se algo de catastrófico acontecer.
A STAR IS BORN
Quem o viu (como é o caso de Robert De Niro), só sabe tecer rasgados elogios à prestação de Lady Gaga e, sobretudo, à realização de Bradley Cooper. A verdade é que a colocação da estreia deste “A Star is Born” na temporada de prémios (inicialmente estava previsto estrear em maio), é um grande sinal de esperança por parte da Warner Bros., que espera capitalizar esta mudança com nomeações às estatuetas douradas. Melhor Ator, Atriz, Filme e Realização são fortes hipóteses.
WIDOWS
O realizador de “12 Anos Escravo”, Steve McQueen volta com mais uma história importante para os nossos tempos: história de um grupo de mulheres que assumem as dívidas dos seus maridos criminosos e forjam os seu próprio caminho. O elenco conta com nomes como Viola Davis, Colin Farrell, Carrie Coon, Daniel Kaluuya, Liam Neeson, Jacki Weaver, Robert Duvall e Elizabeth Debicki, e o argumento é de Gillian Flynn, a autora de “Em Parte Incerta”. Em teoria, tem tudo para conquistar o seu espaço nos Óscares 2019, mas o trailer revelado há poucos meses faz antever um thriller de ação pouco ajustado aos filmes tipicamente “oscarizáveis”.
WILDLIFE
Estreou em Sundance e abriu a Semana da Crítica em Cannes sob ovações de pé. O filme é a estreia na realização do (muito) subvalorizado Paul Dano e conta com Carey Mulligan e Jake Gyllenhaal nos principais papéis. A obra de estreia de Dano foca-se na visão do filho de um casal quando constata que o matrimónio dos seus pais está a desabar com estrondo. Carey Mulligan pode conseguir aqui a sua (adiada) segunda nomeação (depois de “Uma Outra Educação”) e Paul Dano e Zoe Kazan são fortes candidatos na categoria de Melhor Argumento Adaptado.
COLETTE
Keira Knightley regressa aos dramas de época e isso normalmente significa que temos no horizonte uma forte candidata ao Óscar de Melhor Atriz. O filme de Wash Westmoreland (“Still Alice”) estreou também em Sundance em janeiro e a Variety considerou este como dos papéis pelos quais Keira Knightley será recordada. A juntar a isso, o The Guardian descreve-o como um filme “empolgante, divertido, inspirador e deslumbrante”. Pode já colocar Keira na bolsa de apostas!
BLACKKKLANSMAN
O regresso de Spike Lee à realização foi um fenómeno estrondoso no último Festival de Cannes, acabando por vencer o Grand Prix, o segundo maior prémio do festival. “BlacKkKlansman” é baseado na história de vida de Ron Stallworth, o primeiro polícia afro-americano de Colorado Springs, que se disfarçou para se infiltrar na Ku Klux Klan. No filme, o detetive Stallworth (John David Washington) e seu parceiro Flip Zimmerman (Adam Driver) infiltram-se no KKK para acabar com a sua tentativa de tomar a cidade. O filme é produzido por Jordan Peele (“Foge!“), e pode beneficiar do precedente que a obra de Peele abriu este ano. Para além disso, os rasgados elogios tecidos pela crítica especializada em Cannes aliado ao poderio da mensagem política do filme, podem tornar este “BlacKkKlansman” num frontrunner. Melhor Filme, Melhor Realização, Melhor Ator, Melhor Ator Secundário e Melhor Argumento Adaptado são fortes hipóteses.