Outer Range, Autumn (Imogen Poots) © Prime Video

Outer Range | Entrevista à surpreendente Imogen Poots

Continuamos com as entrevistas dedicadas às estrelas de Outer Range. Desta vez foi a nossa oportunidade de conversar com Imogen Poots.

Imogen Poots é uma das jovens britânicas que mais tem brilhado no cinema norte-americano. Depois de uma série de filmes independentes, como por exemplo “Vivarium” e uma pequena participação no aclamado “O Pai” com Anthony Hopkins, Imogen Poots continua a sua caminhada em Hollywood para estrear uma série de faroeste. Trata-se de um projeto ousado que permitiu Imogen Poots colocar-se na pele de uma mulher bastante complexa e até chocante. Com a sua personagem Autumn, Poots começou a questionar coisas que antes nem sequer prestava muita atenção.

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Trailer | Outer Range

E se há quem pense que a sua transformação para “Outer Range” foi simplesmente no plano do sotaque está muito enganado. Imogen Poots, de uma maneira muito discreta e inglesa, dá vida a uma personagem psicologicamente exigente, que acaba por expor um pouco da sua fragilidade a partir de tamanho ódio e falta de amor. A maoria das suas cenas foram rodadas com Josh Brolin e é na dinâmica com o ator que conhecemos Autumn verdadeiramente.

Ao contrário dos restantes atores, que estavam na sua zona de conforto, Imogen Poots teve que deixar o seu país para trás durante oito meses que foram precisamente os meses da pandemia. Isso fê-la envolver-se intensamente com a personagem e criar um isolamento perfeito para a sua personagem. Obviamente, saiu lesada em termos de saúde mental, mas soube erguer-se e mostrar que os trabalhos mais desafiantes, são também aqueles que se valorizam mais no final do dia. Vejamos o que tem a dizer sobre “Outer Range”.

MHD: A Autumn é uma das personagens mais misteriosas da série. Ficaste a saber de tudo aquilo que lhe sucederia ao longo da série de antemão? Ou foi um processo?

Imogen Poots: Inicialmente deram-me apenas o episódio piloto. Falei com o Brian Watkins e o restante grupo de produtores que deram-me mais informação sobre a personagem e aquilo que poderia esperar dela. Acho que isso foi reconfortante, porque fiquei um pouco receosa do caminho que a minha personagem poderia vir a ter. A equipa criativa garantiu-me que havia muito trabalho pela frente e isso percebe-se desde o primeiro minuto em que lês um argumento com uma personagem como a Autumn. Ela é uma jovem numa missão, por muito que não percebámos isso. Acho que foi emocionante.

Josh Brolin
Outer Range, Autumn (Imogen Poots), Royal Abbott (Josh Brolin) © Prime Video

MHD: Como é que trabalhaste no sotaque para esta personagem?

Imogen Poots: Eu tive uma treinadora, a Judy Dickson. Falei com Brian sobre isso. E ele queria realmente que a Autumn tivesse um sotaque do Colorado. A Judy ajudou-me imenso a preparar a minha voz, a conseguir atingir aqueles sons de vogais muito específicos e próprios daquela zona. Muitas vezes os atores britânicos fazem sotaque americano generalizado e não era isso que o Brian Watkins. Queria algo muito específico que me permitisse trabalhar.

MHD: O que achaste mais cativante em “Outer Range”?

Imogen Poots: Foi a combinação do faroeste americano com o elemento de ficção científica, achei muito fixe. Realmente transmitiu-me alguma coisa, algo inovador. Eu, como qualquer britânica, sintia-me fascinada pelo mito da América, pelo mito do oeste americano. A história de “Outer Range” é praticamente uma fusão perfeita entre todos os filmes e livros que existam sobre isso. Obviamente, os filmes acabaram por dar uma perspetiva fechada sobre a história e na série rompemos com alguns estereótipos e oferece-se uma visão mais contemporânea. Já não temos aquela visão falsa e propangadística do género. Acho que conseguimo-nos confrontar com isso.

A minha personagem representa um pouco dessa novidade. Em “Outer Range” não temos apenas um pai de família a tentar resolver os problemas da sua família ou simplesmente a perseguir índios. Acho que isso deixou-me rendida.

MHD: Achas que isso tem a ver com a maneira através da qual o Brian Watkins tentou misturar a realidade do faroeste com a ficção científica?

Imogen Poots: Sim, acho que a trama beneficia muito disso. O desconhecido vem com uma mala cheia de questões, de grandes presságios. Vem também com alguma curiosidade, e acho que vem ainda com a necessidade de queremos saber o quão perigoso é. O elemento de ficção científica desta trama revela-se como um impulso para cada personagem, uma motivação associada a um sentimento interior ou até mesmo a algum segredo.

MHD: A presença do Josh Brolin fez querer-te envolver neste projeto?

Imogen Poots: Sim. Eu também queria trabalhar com Josh há muito tempo. Ele é uma pessoa maravilhosa, com quem adorei trabalhar. A minha personagem evolui muito à medida que conversa com a personagem do Josh e isso foi fascinante. Acho que temos boa química. O Josh era o líder da equipa e conseguiu manter sempre um excelente tom entre os atores e a equipa criativa. Acho que ele fez-nos sentir como numa comunidade, deixou-nos completamente à vontade.

Imogen Poots
Imogen Poots como Autumn em “Outer Range” © Prime Video

MHD: Quão difícil foi deixar esta personagem para trás? Porque ela é tão complexa?

Imogen Poots: Obrigado pela pergunta. Foi tudo muito estranho. Quando estávamos a rodar a série eu vivia sozinha e não tive a oportunidade de voltar a casa durante 7 a 8 meses. Eu moro aqui na Inglaterra e passei muito tempo em Santa Fé devido à pandemia COVID-19 que não nos permitia viajar para lado nenhum. Se por um lado foi benéfico para a personagem, por outro lado para a minha saúde mental foi um processo complicado. Eu estava lá, sentia-me ali, mas também tinha que ser honesta comigo e perceber que estava longe do meu espaço. Quando terminámos foi um processo longo. No final das rodagens eu não conseguia ver nada que inclusive personagens complexas, mentalmente instáveis. Tive que assistir comédias românticas e assim foi. Tive que encontrar uma maneira para sair desse cérebro de pessoa muito intensa e extrema.

A Autumn é uma mulher solta, capaz de fazer qualquer coisa sem pensar nas consequênicas. Eu sou um pouco diferente. Acho que a solidão que encontrei num primeiro plano foi essencial para perceber essa realidade americana.

MHD: A série tem também algumas cenas de ação. Como foi rodar essas sequências? Tiveste algum duplo?

Imogen Poots: Sim, tivémos alguns atores duplos que foram sensacionais. Faziam todo o tipo de movimentos que eu não conseguia. Eu ainda cheguei a ter treino com armas reais, mas foi algo perturbador e do qual não gostei nada. Felizmente, quando filmámos as cenas de ação chegou a ser divertido. Tentei encontrar o lado positivo e através de uma excelente coreografia chegámos aquilo que temos. Se não tivesse feito essa coreografia todo o processo teria sido complicadíssimo.

Imogen Poots
Outer Range, Autumn (Imogen Poots) © Prime Video

MHD: Como é que esta série é diferente de tudo aquilo que fizeste até agora?

Imogen Poots: Achei mesmo muito diferente. Quando li o argumento e depois quando falei com o Brian estive à procura de referências para criar a Autumn a partir dos filmes e dos textos que mais admiro. Depois foram-me enviados um conjunto de filmes e músicas pelo Brian. Eu acho que nunca tinha lido um argumento que me tivesse agarrado desde o primeiro minuyo.

Entreguei-me à série simplesmente por contar um enredo completamente estranho à minha realidade. Foi literalmente como se eu entrasse no buraco negro e aparecesse noutra realidae, que é essa realidade do faroeste americano. Gostei tanto do desafio que entreguei-me completamente. Foi um sentimento novo e com um custo. Mas valeu a pena.

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