O Padrinho © Paramount Pictures

O Padrinho | 50 anos, 50 curiosidades de um clássico

Lançado pela primeira vez em outubro de 1972, o mítico “O Padrinho” completou ,este ano 50 anos. A propósito da data, navegamos pelos segredos da produção.

Marlon Brando é um ícone do cinema e pela sua carreira deixou impressionantes papéis para continuarem a ser admirados. Don Vito Corleone, de “O Padrinho” é talvez um dos mais significantes, ou não tivesse também valido ao ator um Óscar da Academia. Uma história que leva as audiências para o mundo do crime e da máfia, o filme lançado pela Paramount Pictures estabeleceu-se como um gigante da história do cinema.

O primeiro filme fez sucesso ainda antes de ser lançado, em 1972, e desde então muito deu à indústria da sétima arte. Gerou duas sequelas diretas, “O Padrinho: Parte II”, em 1974, e “O Padrinho: Parte III”, 1990 e neste momento já tem também parte da sua própria história na televisão. “The Offer“, uma série limitada, é a visão sobre o que aconteceu na produção deste lendário filme.

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Neste ano de 2022, o clássico do cinema faz 50 anos e por isso não poderíamos deixar de revisitar o que aconteceu ainda antes da história chegar aos ecrãs. Fomos procurar e reunimos aqui 50 curiosidades de elenco, castings, cenas filmadas e arrufos entre o realizador, Francis Ford Coppola, e os executivos dos estúdios da Paramount Pictures. Será que já conhecias alguma?

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Marlon Brando deu vida ao icónico Don Vito Corleone | ©(1972) BY PARAMOUNT PICTURES CORPORATION.
  • Apesar do filme ter sido lançado apenas como “The Godfather” (“O Padrinho”), essa não foi a primeira opção do realizador Francis Ford Coppola. O cineasta queria que o projeto se intitulasse “Mario Puzo’s The Godfather”, uma vez que o argumento se assemelhava em muito à obra original de Puzo, que era a inspiração para o filme.
  • Os direitos para se fazer o filme foram comprados pela Paramount ainda antes do filme ter sido publicado. Quando Peter Bart os comprou a Mario Puzo, a história ainda só tinha 20 páginas escritas.
  • A ideia inicial dos estúdios era fazer um filme de baixo orçamento sobre gangsters e no tempo presente, ao invés de uma história de período entre os anos 40 e 50. Francis Ford Coppola recusou o guião original de Mario Puzo, que seguia essa ideia.
  • O filme foi alvo de uma campanha para que não fosse feito. A iniciativa partiu do chefe do crime Joe Colombo e da sua organização, a Liga Italo-americana dos Direitos Civis, por acreditarem que não era um bom retrato dos italo-americanos. Acabaram no entanto por fazer um acordo e envolver-se na longa-metragem.
  • Desde que a história foi lançada que se acreditava que uma das personagens era inspirada no cantor Frank Sinatra. Conta a história que o mesmo usou as suas ligações à máfia para pedir que ameaçassem as pessoas ligadas ao filme. O cantor fez campanha para que o filme não chegasse a ser feito.




The Godfather
© Paramount Pictures
  • A personagem de Don Vito Corleone foi modelada a partir dos chefes da máfia de Nova Iorque, Joe Profaci e Vito Genovese. Mario Puzo inspirou-se em incidentes verdadeiros que aconteceram nas vidas de Profaci e Genovese e as suas famílias. A personalidade da personagem, no entanto, é inspirada na mãe de Puzo.
  • Os Corleones, por sua vez, são inspirados nos Borgias, uma família espanhola que emigrou para Roma no século XV. O patriarca, Rodrigo, tornou-se o Papa Alexandre VI e na altura Roma também tinha cinco poderosas famílias: Borgias, Colonna, Medici, Orsini e Sforza. Criando um paralelismo com a Nova Iorque dos anos 40, também cinco famílias se destacavam no jogo do poder: os Bonnano, os Colombo, os Gambino, os Genovese e os Lucchese.
  • O papel de Don Vito Corleone foi oferecido a Sir Laurence Olivier. O ator, que já era vencedor de um Óscar, recusou o papel por já estar com problemas de saúde.
  • Don Corleone é uma das personagens mais icónicas de Marlon Brando. Para lhe dar um ar parecido a um bulldog, o ator decidiu usar algodão dentro das bochechas durante a audição. Já em filmagens, a técnica utilizada foi uma prótese para a boca feita por um dentista.
  • A voz de Don Vito Corleone foi baseada na do verdadeiro mafioso Frank Costello. Marlon Brando utilizou como base de estudo as suas aparições na televisão, em 1951.




Marlon Brando
Marlon Brando venceu o Óscar por “O Padrinho” © 1972 Paramount Picture
  • A cena de Don Corleone com o gato, na abertura de “O Padrinho”, foi na verdade improvisada. O guião nunca referiu um gato e foi Marlon Brando que decidiu levar o gato depois de o encontrar a vaguear nos estúdios da Paramount Pictures.
  • Marlon Brando não decorou a maioria das falas que tinha em “O Padrinho”. À semelhança de outros trabalhos que fez antes desta filme, o ator leu a maioria das suas falas de cue cards espalhados pelo set durante as filmagens. De acordo com o artista, esta era a melhor maneira de conseguir uma performance autêntica.
  • Apesar de ser o grande protagonista de “O Padrinho”, Marlon Brando tem uma presença no filme que dura menos de uma hora.
  • É um dos seus papéis mais icónicos no cinema, e valeu-lhe o Óscar, mas Marlon Brando recusou o convite de protagonista várias vezes. Na sua autobiografia de 1994, “Songs My Mother Taught Me”, o ator referiu que o fez porque não queria, de modo algum, trazer algum glamour à Máfia.
  • Al Pacino, James Caan e Diane Keaton receberam, cada um, 35 mil dólares pelo seu trabalho em “O Padrinho”




O Padrinho 1972
Talia Shire (a noiva), é na verdade a irmã de Francis Ford Coppola © 1972 Paramount Pictures
  • A cena onde Sonny bate em Carlo, o marido de Connie, demorou quatro dias a ser filmada. Contou com mais de 700 extras e teve improviso por parte de James Caan, nomeadamente no uso da tampa do caixote de lixo.
  • James Caan fez audição para ser Tom Hagen. Chegou a ser considerado para o papel, e até para Michael Corleone, até lhe ser oferecido o papel de Sonny Corleone.
  • A irmã de Coppola, Talia Shire, participa no filme como Connie mas o processo de audição apenas aconteceu por pressão de Mario Puzo. O realizador estava hesitante em aceitar esta opção uma vez que tinha medo de ser acusado de nepotismo ao dar o papel a uma familiar.
  • Talia Shire teve o papel com mais destaque mas houve outros membros do clã Coppola a marcar presença: a mãe, Italia Coppola, foi uma extra na reunião do restaurante; o pai, Carmine Coppola, é o pianista na “Matress Sequence” e compôs a música; os filhos Gian-Carlo Coppola e Roman Coppola são extras na cena em que Sonny bate em Carlo; a filha Sofia Coppola é o bebé, Michael Rizzi, na cena do baptismo.
  • Ao longo das filmagens Coppola realizou várias sessões de ensaio de improviso com o elenco principal. Sentados como se de uma refeição de família se tratasse, nenhum deles saia de personagem, acabando por estabelecer uma química orgânica entre os seus papéis.




James Caan
James Caan não tinha como primeira ideia ser Sonny Corleone, papel pelo qual ganhou uma nomeação ao Óscar de Melhor Ator Secundário | Crédito editorial: Kathy Hutchins / Shutterstock.com
  • O icónico Orson Welles andou a cobiçar o papel de Don Vito Corleone. O ator fez campanha e ofereceu-se com a promessa que iria perder bastante peso se isso lhe desse o papel. Francis Ford Coppola, ainda que fã de Welles, teve de dizer-lhe que não pois já tinha Marlon Brando em mente como o ator ideal para o papel.
  • Robert Duvall foi a escolha de Coppola para Tom Hagen mas houve outros grandes atores a fazerem o casting para o papel. Além de James Caan, que conseguiu o papel de Sonny no filme, também tentaram entrar na corrida Jerry Van Dyke, Bruce Dern, Steve McQueen e Paul Newman.
  • Sylvester Stallone fez audições para os papéis de Paulie Gatto e Carlo Rizzi. Depois de não ter conseguido nenhum optou por se dedicar à escrita e apenas mais tarde teve a sua estreia em “Rocky” (1976).
  • Inicialmente o papel de Johnny Fontane esteve entre Frankie Avalon e Vic Damone, ambos cantores experientes. Coppola escolheu mesmo Damone mas os produtores escolherem antes Al Martino. Martino garantiu o seu lugar no elenco usando a seu favor as ligações que tinha ao crime organizado.
  • Robert DeNiro esteve muito perto de entrar em “O Padrinho”. O ator foi o escolhido para ser Paulie Gatto mas a sua agenda não permitiu conciliar o projeto com um que já tinha em andamento. Obrigado a desistir, o ator voltaria à história mais tarde, em “O Padrinho: Parte II”, quando Copolla lhe pediu para ser um Vito Corleone mais jovem. O conflito de agendas revelou-se proveitoso para DeNiro, que conquistou na altura o seu primeiro Óscar.




O Padrinho 1972
© Paramount Pictures
  • Antes de Al Pacino ficar com o papel de Michael Corleone, este foi oferecido a Burt Reynolds. No entanto, conta a história que quando Marlon Brando descobriu, que este se recusou a avançar com o projeto caso não fizessem alteração no casting. Reynolds acabou por desistir do projeto.
  • Tendo em conta as suas alturas, tanto Marlon Brando como James Caan tiveram de usar sapatos com saltos durante as filmagens.
  • “O Padrinho” foi filmado na cidade de Nova Iorque e em mais de cem localizações. A ideia original seria utilizar os estúdios de Hollywood mas Dean Tavoularis, designer de produção, disse que apenas o faria se pudesse acrescentar mais andares a cada estúdio para conseguir replicar o ambiente da cidade de Nova Iorque. A Paramount acabou por aceitar assim mudar as filmagens para o local.
  • A cena do casamento demorou quatro dias a ser filmada. Contou com 350 figurantes e muito improviso por parte do elenco.
  • Na altura em que estreou, “O Padrinho” tinha uma das cenas mais violentas da história do cinema: a morte de Sonny Corleone. Para a cena, o ator James Caan tinha mais de 127 mini explosivos cheios de sangue para simular as consequências das balas que o atingiram. O carro, por sua vez, contava com mais de 200 buracos de mini explosivos pré-perfurados.




O Padrinho 1972
Apesar do grande orçamento, os grandes atores de “O Padrinho” receberam cachets relativamente baixos © 1972 Paramount Pictures
  • A cena mais cara do filme foi a mais violenta, a da morte de Sonny. Custou cerca de 100 mil dólares.
  • Inicialmente, dado o estado dos estúdios da Paramount, “O Padrinho” tinha um orçamento de dois milhões e meio de dólares. Foi com o sucesso inesperado do livro, e a pressão de Francis Ford Coppola na sua visão para a adaptação, que os executivos acabaram por aceitar dar mais dinheiro e elevaram a quantia para seis milhões de dólares.
  • Ao longo de todo o filme nunca são pronunciadas as palavras ‘mafia’ ou ‘mob’.
  • Inicialmente os estúdios quiseram livrar-se do icónico logótipo de “O Padrinho”, das cordas de marionetas, criado por S. Neil Fujita para o lançamento do livro, e que tinha o nome de Puzo no top. Mas graças a Francis Ford Coppola o desenho manteve-se, já que ele considerava imprescindível o crédito porque Puzo co-escreveu o argumento consigo.
  • Gordon Willis, o editor de fotografia de “O Padrinho”, tinha a alcunha de Princípe da Escuridão pelo seu trabalho nos sets de filmagens. Considerado por muitos como um ambiente demasiado escuro, teve de convencer os estúdios que a decisão artística estava diretamente relacionada com o conteúdo do filme.




O Padrinho 1972
© Paramount Pictures
  • A “Mattress Sequence”, montagem com as fotos de cenas de crime e cabeçalhos sobre a guerra das cinco famílias, foi na verdade feita por George Lucas. O cineasta fez a montagem como um favor a Coppola por este o ter ajudado a reunir fundos para “American Graffiti: Nova Geração” (1973) e nunca pediu para ter os créditos.
  • “O Padrinho” contou com dois editores. William Reynolds (“Música no Coração”) ficou responsável pela primeira parte do filme, com Peter Zinner a tratar da segunda parte e a regressar para a sequela “O Padrinho: Parte II”.
  • Sergio Leone foi abordado para realizar o filme antes de Coppola mas recusou-o, acreditando que “O Padrinho” tinha uma história que glorificava a Máfia. Acabou por se arrepender mais tarde mas realizou outro filme do género em 1984, “Era Uma Vez na América”.
  • Francis Ford Coppola apenas aceitou realizar o filme porque estava em dívida para com os estúdios Warner Brothers depois de prejuízos de mais de 400 mil dólares no filme “THX 1138” (1971).
  • Apesar de ter sido um dos filmes mais lucrativos da Paramount Pictures, a sua produção não correu de forma suave, sendo constantes os atritos com o realizador, Francis Ford Coppola. De acordo com o que foi divulgado nos últimos anos, os estúdios tentaram substitui Coppola várias vezes, alegando que o mesmo não conseguia manter o calendário, que tinha despesas desnecessárias ou que tinha erros de casting. Na realidade, o filme foi completado antes do tempo estimado e abaixo do orçamento dado.




O Padrinho 1972
Al Pacino não concordou com a atribuição de papel secundário dada pela Academia, em comparação a Marlon Brando © Paramount Pictures
  • A primeira versão que Francis Ford Coppola entregou aos estúdios, o Director’s Cut, tinha duas horas e seis minutos. Robert Evans, na altura chefe de produção da Paramount Pictures, rejeitou no entanto a versão e pediu uma mais longa, com mais cenas sobre a família. A versão final lançada acabou por ter quase mais cinquenta minutos que a primeira.
  • “O Padrinho” recebeu 11 nomeações aos Óscares mas apenas ganhou 3: Melhor Filme, Melhor Ator Principal (Marlon Brando) e Melhor Argumento Adaptado (Francis Ford Coppola e Mario Puzo).
  • Das 11 nomeações ao Óscar, 3 foram da categoria de Melhor Ator Secundário – Robert Duvall, James Caan e Al Pacino. Nenhum ganhou e Al Pacino fez mesmo boicote à cerimónia. O ator acreditava que por ter tido mais tempo de ecrã que Marlon Brando deveria ter recebido antes uma nomeação na categoria principal ao invés da secundária.
  • Uma das nomeações aos Óscares que o filme recebeu foi retirada. Nino Rota foi nomeado pela Academia pela banda sonora mas a nomeação foi retirada por o compositor ter reutilizado o mesmo tema de “Fortunella” (1958), que ele havia composto anteriormente.
  • Al Pacino recebeu uma nomeação aos Óscares por “O Padrinho”, na categoria de Melhor Ator Secundário. O projeto marcou o início de uma série de quatro nomeações consecutivas aos prémios – recebeu depois por “Serpico” (1973), “O Padrinho: Parte II” (1974) e “Um Dia de Cão” (1975), todos na categoria de Melhor Ator Principal.




O Padrinho 1972
A Família Corleone © Paramount Pictures
  • A icónica frase “I’m going to make him an offer he can’t refuse” está presente em todos os filmes de “O Padrinho”, de uma maneira ou de outra.
  • No ano do seu lançamento, 1972, “O Padrinho” foi o filme mais rentável. Manteve-se no topo de filme mais rentável de sempre mas apenas até ao ano seguinte, com a estreia de “O Exorcista”.
  • Em 1990 “O Padrinho” entrou oficialmente no Registo Nacional de Cinema da Biblioteca do Congresso. Foi considerado “cultural, historicamente ou esteticamente significativo“.
  • De acordo com o American Film Institute, “O Padrinho” é o segundo Melhor Filme Americano de Todos os Tempos.
  • A sequela de “O Padrinho” começou a ser preparada quando as primeiras críticas positivas começaram a sair. O filme ainda não tinha sido acabado de filmar.

“O Padrinho” também faz parte dos teus clássicos de cinema?

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