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PRAXX | Entrevista com o Elenco

A Magazine.HD esteve à conversa com parte do elenco de “Praxx”, numa altura em que a segunda temporada acaba de chegar à Prime Video.

A 16 de dezembro de 2013, Portugal acordava de luto em sequência daquela que ficou conhecida como a ‘Tragédia do Meco’. Na noite anterior, sete jovens motivados pelos rituais da praxe, foram para a Praia do Meco, em Sesimbra, acabando por serem arrastados pelas ondas. Do grupo inteiro, apenas um membro sobreviveu ao trágico acidente. A partir desse dia, muito se questionou a segurança das praxes, uma tradição académica que visa integrar os alunos caloiros nos valores e práticas da instituição universitária. Se por um lado esta prática pode ter uma vertente solidária assente em valores morais de respeito, muitas vezes a praxe atinge dimensões extremas, acabando por humilhar quem nela participa.

Usando como fio condutor o acidente que vitimizou os seis jovens estudantes, Ana Lúcia Carvalho e Patrícia Sequeira desenvolveram “Praxx“, uma série que retrata a prática de uma praxe abusiva e que termina em tragédia. Após uma temporada com muito sucesso, apesar das controvérsias a ela associadas, um segundo capítulo chega agora à Pime Video. A Magazine.HD esteve à conversa com parte do elenco desta minissérie, que nos falou sobre os maiores desafios enfrentados durante as gravações, bem como a sua conexão a estas personagens que vivem momentos traumáticos durante os vários episódios.

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MADALENA ALMEIDA – MARTA

Madalena Almeida
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Magazine.HD: Foi difícil fazer este papel? 

Madalena Almeida: Foi, foi duro. Mas mais do que isso, foi muito desafiante, muito entusiasmante e muito estimulante. Acho que as coisas fáceis, depois também aborrecem, têm que vir desafios maiores. 

Magazine.HD: Como é que preparaste para esta personagem? 

Madalena Almeida: Li muitas vezes o guião, porque acho que como acaba por ser a personagem que conduz a história, eu queria sentir um domínio para, como nunca gravámos cronologicamente, saber exatamente onde é que está a personagem naquele momento, e não só, no próprio barco da personagem, mas no próprio barco da série. Depois disso, tivemos a vantagem, e eu sei que parece pouco, mas em televisão é imenso, de ter duas semanas de ensaios. Eu só consegui ensaiar uma, mas tive uma semana de ensaios intensiva, em que foi possível passar por todas as relações da personagem e improvisar com os outros colegas, de maneira a conseguir levar mais coisas para o guião, tornando-o mesmo nosso. E, depois, também todas as sugestões que nos deram para ver, inspirações de coisas que nos podiam ajudar relativamente ao mundo da série, ou o que é que era suposto nós termos, e muito focado nesta história e neste argumento.

Magazine.HD: Eu não sei se tu andaste na faculdade, não sei se participaste na praxe ou não, mas depois desta série gostarias de experimentar?

Madalena Almeida: Não, eu já não me via a participar neste tipo de praxes. Mas eu andei na Escola Superior de Teatro e Cinema e lá a praxe é vestirmo-nos todos de amarelo e invadimos a aula do primeiro ano, em que estão as duas turmas juntas a cantar o Yellow Submarine, tipo hospital dos malucos [risos], portanto, é mesmo uma festa. Há muita gente que acha que é uma parvoíce, mas é um momento e quem quiser participar, participa, quem não quiser participar, não participa. Eu acho que eu não me identifico muito com uma ideia de tu, para pertenceres a um grupo ou para conhecer pessoas, teres que te colocar numa posição de subjugado e teres que obedecer a alguém. Portanto, acho que aquilo que se chama de praxe poderia ser muito mais verdadeiramente uma recepção às pessoas que chegam. Porque, eu imagino a malta que vem de fora e que fica a viver num quarto sozinho em Lisboa. Claro que, se calhar, se eu estivesse nessas condições, eu ia querer fazer parte das praxes para conhecer pessoas, para ter a oportunidade de fazer novos amigos e conhecer pessoas que estivessem na mesma situação que eu. Mas, independentemente disso, eu acho que é importante falares disto para essas pessoas também perceberem que não há necessidade de isso, não há um custo para se fazerem amigos. Nesse sentido, eu não me via a participar nas praxes. Claro que existem praxes que foram muito giras e claro que há pessoas que têm histórias de praxes muito divertidas, mas também há histórias muito triste e muito trágicas, portanto, acho que não se pode permitir nem dar espaço para que isso continue.

Magazine.HD: Pelo que percebemos, houve muitas praxes também durante os ensaios, que memórias ficam desses momentos?

Madalena Almeida: Eu gravei sempre sozinha, quase. Eles fazem parte do grupinho deles. Os únicos ensaios que eu tive assim de grupo, a minha personagem é tão outsider que eu ficava só com a minha amiga, que é Inês Sá Frias ou com o João Arrais, que também acabava por ser a personagem com que eu tinha mais proximidade. Nem com a minha irmã, Catarina Rebelo, eu conseguia interagir muito, porque ela sempre se intitula como anti-praxe, a Marta, portanto, chega à faculdade e nem sequer dá hipótese. Pronto, foi toda uma experiência, eles divertiram-se ao mesmo tempo que passaram pela sensação do que é ter que fazer estas provas e, muitas vezes, obedecerem. Mas foi uma experiência que eu não tive, risos.

Magazine.HD: Como é que foi gravar com a Maria João Pinho

Madalena Almeida: Ela é incrível. A Maria João é uma atriz espetacular e incrível, generosa, acima de tudo. O mais curioso nesta história foi quando nós tivemos um primeiro ensaio. Foi mais um encontro para nos conhecermos todos e, eu sabia que o João [Jesus] ia fazer a série, sabia mais um outro nome, mas não sabia mais ninguém. E ainda não tinha lido muita coisa. E nesse dia, pensei ‘quem será que vai fazer de minha mãe?’, porque sabia que ia ter muitas cenas com ela. E a primeira imagem, e a malta pode achar que isto é mentira, mas a primeira imagem que eu tive foi a da Maria João Pinho, porque eu tinha-a visto no “Glória“, tinha-a visto noutras coisas e pensei ‘fogo, a João faria isto mesmo bem’. Depois, quando eu a vi foi tipo ‘ah’ [risos]. Eu não estava à espera. Por isso, foi incrível. E é bom porque sais da série com pessoas que são tuas amigas e que tu gostas. Ainda agora fui à casa da João vestir-me para vir para aqui e viemos juntas, a seguir vamos jantar [risos]. Acho que isso é a melhor parte desta profissão. Tu acabas por experienciar coisas com os teus colegas, e mesmo com as equipas, mas principalmente com os teus colegas, que tu não vives se calhar num escritório ou num qualquer outro trabalho que não tem este tipo de ligação humana. Se calhar, também podemos sofrer muitas vezes com algumas coisas, mas trazes amigos, muitas vezes para a vida. 

Magazine.HD: Tu não tens cinquenta anos e não andas nisto há décadas, não é? Como é que, com tão pouca idade, já viveste 1001 vidas? Foste mãe na adolescência, enquanto eras sem-abrigo, o amor da tua vida foi para outro país, agora vives esta praxe de forma intensa, sem estares diretamente ligada a ela. Como é que te sentes ao viveres tantas vidas?  

Madalena Almeida: Eu estou sempre a ser mãe, eu devo ter cara de mãe, porque põe-me sempre ou grávida ou com uma criança [risos]. Eu acho que foi isso que fez com que eu viesse para esta profissão, porque era a vontade de eu poder contar muitas histórias. Acho que o mais giro é quantas mais histórias contas. E isso é mesmo o que me interessa enquanto atriz, é contar uma história. Dão-te uma história e dizem-te ‘agora amanha-te’. E seja em televisão, seja no teatro, seja em cinema, seja nas dobragens, seja no que for. Eu é mesmo disso que gosto! Claro que há histórias mais interessantes do que outra. Mas há também a possibilidade de fazer isso com um grupo de pessoas, e ainda há pouco estava a dizer que eu tenho tido muita sorte com as pessoas com quem me cruzo. Já tive algumas experiências mais chatas, mas não interessa. Mas, a verdade é que quando eu comecei a trabalhar, eu sempre tive a sorte de trabalhar com pessoas que, para além de me ensinaram muita coisa, eu fico tipo fã, eu admiro mesmo estas pessoas e a maneira delas de trabalhar e de como se desmultiplicam. Porque às vezes há uma ideia de que o ator é uma coisa super glamorosa. Não [risos], a malta tem que fazer trinta coisas diferentes para conseguir ganhar alguma coisa e ter alguma estabilidade. E nesse sentido, eu fico muito contente por contar estas histórias todas e por continuarem a chamar-me para contar novas histórias.

Magazine.HD: E para terminar, quais são as próximas histórias que nos vais contar?

Madalena Almeida: Para além dos concertos do Jesus Quisto, nos Coliseus, vou estar a fazer um filme com a Rita Nunes. Neste momento, já tenho uma companhia minha, portanto vou repor um espetáculo que estreou em dezembro do ano passado, no Teatro da Politécnica. Este ano vai (re)estrear no Centro de Artes de Lisboa, no início de junho. E vou estar a filmar o “Pôr do Sol” e, para já, é isto.




JOÃO JESUS – ‘DUX’ GONÇALO

João Jesus
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Magazine.HD: Primeiro que tudo, esta série um tem um fundo de factos reais. Como é que é dar vida a uma personagem que tem um contexto verídico? 

João Jesus: Ora, a personagem eu nunca trabalhei no sentido verídico. Apoiei-me na obra de ficção e não pesquei nada. O único trabalho que eu tive de pesquisa, e que nós todos tivemos, foi ir às universidades assistir a algumas praxes, falar com todo o tipo de pessoas que foram praxadas, e com outras que não foram, e que foram também aos nossos ensaios, porque nós tivemos alguns ensaios em que estiveram lá várias pessoas que se formaram em gestão, outras em economia, etc. E algumas relataram as suas experiências, e isso também nos deu alguma bagagem, porque conhecemos a história de várias pessoas. Mas trabalhei sempre a partir do guião e do que lá estava escrito. E começou sempre por aí, nunca foi nada apoiado no que aconteceu. 

Magazine.HD: Vamos já para a segunda temporada na Prime Vídeo. Não há uma segunda temporada se a primeira não for boa, não é? Como é que foram as reações à primeira temporada? 

João Jesus: As reações, eu acho que foram muito boas, Eu não estive muito atento, à procura de críticas, mas do que me chegou, acho que foi bom. As pessoas gostaram muito! Mesmo entre colegas, falam muito bem da série. Falam mesmo muito bem da prestação dos atores, do elenco todo, e falam do quão bem aquilo foi realizado. É um tema muito forte e, eu acho que pode ser explorado durante uma data de temporadas. Aquilo acaba e, acho que cria muita vontade no espectador de assistir a cada episódio. Pelo menos, acaba o episódio e tens logo vontade de ver o próximo, e isso é bom! Eu senti que foi dos poucos trabalhos que eu queria mesmo assistir realmente e, isso deixa-me contente. 

Magazine.HD: E já agora, que memórias é que ficam deste projeto?

João Jesus: Ficam memórias de muito trabalho de grupo e com um grupo a trabalhar para o mesmo, na mesma direção, e as coisas funcionaram sempre. Tivemos muitos ensaios com a Ana padrão, lá em Lisboa, em Santos. E as minhas memórias são connosco na rua a fazermos praxe uns aos outros e as pessoas olharem para nós e não perceberem se nós realmente éramos da praxe ou o que é que se estava a passar ali [risos]. E houve um italiano que ainda nos filmou quando estava a passar. Foi genial! E isso também nos deu um bocado de gozo. 




VERA MOURA – MAFALDA

Vera Moura
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Magazine.HD: Vera, eu não sei tu estiveste na faculdade ou não e, se estiveste na faculdade, se foste à praxe ou não, mas depois disto tudo, gostava de ir fazer parte da praxe?

Vera Moura: Eu andei na faculdade só um ano e, não tinha tempo para a praxe. Mas também não sei se tivesse se iria. Mas tinha vários amigos que iam, mas eram umas praxes muito soft. Tinha vários amigos que estavam nas praxes. Agora, se fizesse, acho que era só para tentar mudar qualquer coisa. Mas também não sei se é o meu papel mudar o que quer que seja, portanto, acho que não [risos]. 

Magazine.HD: Apesar de esta série não ser literalmente baseada na história do Meco, tem um fio condutor do que aconteceu naquela noite. Aliás, foi daí que surgiu o argumento. Existe uma maior responsabilidade quando vamos apresentar alguma coisa em que as pessoas vão sempre associar a uma tragédia?

Vera Moura: Sim, claro! Porque há quem quiser ver com maus olhos, vai sempre achar que nós estamos a fazer uma reprodução daquilo que aconteceu. E acho que é mais interessante perceber que é inspirado, mas não tem nada a ver e que, aliás, até tem mais do que aquilo que aconteceu, mais do que a tragédia em si. É aquilo que continua a acontecer, como por exemplo, as pessoas não seguirem o seu instinto ou serem demasiado influenciadas. Não precisamos de ir até esses patamares, ou o patamar que foi, mas sim, acho que acarreta uma responsabilidade enorme, porque são jovens que vão ver e espero que faça alguma coisa na cabeça deles e que mude ali alguma coisa. 

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Magazine.HD: Também é esse o vosso papel, dar uma nova cara e uma nova visão daquilo que é tão negativo! Mas continuando, Que memórias é que ficam deste projeto?

Vera Moura: Agora que estou aqui a falar, apercebo-me de que é mesmo importante o trabalho de equipa todos os dias. Nós filmávamos até muito tarde, assim das 18:00 às 05:00 da manhã, e estávamos todos muito juntos. Era um grupo muito coeso, muito unido. Eu acho que são as cenas entre nós, de festa, que ficam, não é o resto. 

Magazine.HD: Que praxe é que o elenco fez entre si?

Vera Moura: Eu lembro-me que eu estava a trabalhar ao mesmo tempo, portanto, eu faltei à praxe com eles. Infelizmente, porque tinha levado farinha, ketchup, água, tudo, portanto. A minha foi mais soft, com menos ingredientes, mas só para mim. Portanto, foram apenas cinco minutos, mas foram cinco minutos em que eu percebi tudo aquilo. Eu primeiro ria-me de tudo aquilo que eles me faziam, porque era, todos a praxar-me. Ria-me muito com aquele riso nervoso à Vera. Tipo ‘olhos no chão’ e eu ‘ahahah’. Mas, de repente, há ali shift, há qualquer coisa que se liga, e tu percebes que esta personagem gosta disto. Esta personagem está aqui porque quer estar aqui. Esta personagem vai olhar, vai ter um respeito enorme que a Vera não vai ter. E isso aí foi duro.

Magazine.HD: Houve cenas muito duras de se gravar?

Vera Moura: É interessante porque quando eu fiz a série, estava muito mais leve ao fazê-la e agora, quando a vejo, não há um episódio em que eu não chore [risos]. Tanto pelas prestação da Madalena Almeida e da Maria João Pinho, que são angustiantes e, falta-me o ar. Mas acho que a cena da praia foi complicada, porque era impossível não relembrar o que se passou.

Magazine.HD: Para terminar, que projetos tens para o futuro?

Vera Moura: Então, agora estou muito ansiosa para trabalhar com um jovens realizador, que é o David Pinheiro Vicente. É uma curta-metragem, mas que eu acho que vai ser uma boa curta-metragem, espero eu [risos]. E depois, vou fazer a próxima série do realizador Ivo Ferreira. 




MARIA JOÃO PINHO – JÚLIA

Maria João Pinho
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Magazine.HD: Nós temos aqui a perspectiva dos jovens que anda na praxe, digamos assim, e agora, a perspectiva da mãe que sofre com essa praxe e que, está envolvida na praxe de outra forma. Como é que se prepara para um papel destes? 

Maria João Pinho: Não se prepara! Prepara-se estudando o melhor possível e estudar bem as cenas, estudar bem os diálogos. Eu tinha uma mais-valia, eu já tinha trabalhado com a Patrícia Sequeira. Felizmente, conhecemo-nos bem. Ela é ótima a dirigir atores. Ela é exímia a conhecer as pessoas e, portanto, sabe orientar-nos muito bem. Eu estava muito bem acompanhada com a Madalena [Almeida]. As minhas cenas são quase todas com ela. E, portanto, não há uma preparação, é viver o momento e deixares-te ir, no fundo, naquela dor, naquela procura, e naquela tentativa de sobreviver àquilo. 

Magazine.HD: Existe uma responsabilidade ainda maior quando, apesar de isto não ser exatamente fiel ao que aconteceu no Meco, retratamos este acontecimento?

Maria João Pinho: Existe! Sobretudo quando sabemos que há pais que passaram por isto e que perderam os seus filhos nestas situações. Há uma responsabilidade e um respeito. 

Magazine.HD: Houve cenas muito difíceis de se fazerem? 

Maria João Pinho: Foi o papel mais difícil que eu acho que já fiz até hoje. 

Magazine.HD: E que memórias é que ficam deste projeto?

Maria João Pinho: Muito carinho pelos meus colegas. E por ter feito mais um trabalho com a Patrícia. Eu adoro trabalhar com ela, não tenho problema em repetir isso vezes e vezes. Eu adoro trabalhar com ela! Adoro porque ela leva-me a sítios que eu própria não conheço. E levo esse amor e esse respeito.

Magazine.HD: Que projetos é que existem para o futuro?

Maria João Pinho: Olha, acabei ontem um projeto, uma telenovela, o “Sangue Oculto“, onde eu me diverti muito. E agora tenho uma série em perspetiva. 




MARIANA PACHECO – SARA

Mariana Pacheco
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Que sentimentos te traz esta segunda temporada?

Mariana Pacheco: Então, eu estou muito entusiasmada por esta segunda temporada, que já vi, obviamente, porque acho que a minha personagem revela um outro lado nos próximos episódios, que foram muito desafiantes. E acho que, na primeira temporada, não se percebe muito bem o que ela está ali a fazer, quem é e o que é. Parece que faz parte ali de um complô mas, ao mesmo tempo, está de fora de muitas coisas que estão a acontecer. E nesta segunda, há muito mais surpresas. Acho que é uma temporada com muita adrenalina e com muita coisa a acontecer constantemente. Não dá pra virar o olhar sequer [risos]. 

Houve cenas difíceis nesta segunda temporada?

Mariana Pacheco: Foi muito duro para nós e acho que tentámos levá-lo com a maior seriedade possível, mesmo as cenas de festa e de diversão que, supostamente, são mais leves mesmo. Foram duras de fazer, e tentámos recriar toda uma realidade que existe e que é dura e crua. Tentámos fazê-lo com a maior verdade possível, sendo que tivemos que passar essa verdade mesmo. 

Foste buscar inspiração aos teus tempos de estudante? 

Mariana Pacheco: O mais desafiante para mim foi precisamente entrar nesse espírito académico, porque eu não vivi nada disso. Eu não estive na universidade. Eu fiz um curso profissional e, depois, comecei a trabalhar. O importante foi mesmo tentar entrar nesse espírito durante os ensaios, e foi o que me salvou, porque depois a gravar não temos tempo. Durante os ensaios, dedicámos muito tempo a isso. Ou seja, fomos ver e fizemos muitos exercícios até na rua, muitas figurinhas tristes? Tudo o que fosse possível adquirir e absorver dentro deste ambiente. Mas isto é o tipo de coisas em que cada um tem a sua experiência também. Nós também vimos muitos documentários de malta a favor, malta contra, porque quando estamos a fazer este tipo de personagens dentro deste ambiente, é bom perceber os dois lados e perceber para onde é que se pode ir e com o que é que se pode contar. E percebe-se isso, tem muito a ver com a experiência de cada um. Há pessoas que tiveram experiências horríveis, porque lidaram com pessoas horríveis, e há pessoas que que dizem que tiveram padrinhos e madrinhas espetaculares e que adoraram. Mas foi exatamente isso que nós também quisemos retratar. Se calhar estamos a retratar até tanto o aspeto negativo como o positivo, mas também o aspecto mais cru da coisa, porque tem muita festa, obviamente, mas depois tem a parte mais trágica. Ou seja, tentamos tanto retratar a parte divertida como a parte em que a coisa pode correr mal. 

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E já foste praxada?

Mariana Pacheco: Nos ensaios nós fizemos isso! Tivemos que procurar uvas em pratos de farinha, tivemos que fazer aquela coisa da centopeia, que é agarrar nos pés uns dos outros e andar e, claro, muitas flexões. Foi muito divertido porque, obviamente, estamos num ambiente controlado, não é? E conhecemos as pessoas. E este elenco é muito unido. Quando nos sentimos confortáveis e seguros, a coisa não descamba nunca. Portanto, também não há muito por onde se sentir humilhada, nem desconfortável, porque foi tudo muito controlado. E foi divertido também para perceber esse outro lado, porque, na verdade, eu nesta série nunca sou praxada, estou sempre do outro lado, mas durante os ensaios, isso foi falado que é quem está a praxar já passou por isso. Portanto, mais cedo ou mais tarde, se calhar nos ensaios, é bom para a minha personagem passar pelo outro lado. Então fizemos um dia de ensaio em que os que estavam sempre a praxar na série iam ser praxados só para termos alguma base de sustentação. 

Acompanhaste o processo das mortes do Meco? Que impacto é que isso teve em ti? 

Mariana Pacheco: Sim, lembro-me perfeitamente! É muito forte. Agora, não sei se culpo isso diretamente às praxes, porque isso podia ter acontecido com amigos meus. E há muita coisa também que não foi muito bem apurada. Mas nada aqui foi uma representação fiel. Nós tentámos mesmo afastarmo-nos muito do acontecimento em si, sendo que há muitas referências que são óbvias, ninguém pode negar, mas que serviram de inspiração. Até porque na história real ficaram muitas respostas por serem dadas. Aqui nós determinámos mesmo o fim e como é que as coisas aconteceram e teorias que assumimos como verdade na história, que nunca na vida vamos saber se são verdade ou não. Portanto, afastámo-nos mesmo muito da história real. 

E expectativas, agora vais ver o teu trabalho ser mostrado ao mundo? Estás nervosa? 

Mariana Pacheco: Eu acho que ainda não pensei muito nisso. Mas as reações à primeira temporada foram ótimas e, mesmo a segunda, que entretanto já está na OPTO, também foram muito boas! E acho que a Patrícia está de parabéns, em termos de fotografia, de escrita e de realização, está um trabalho espetacular. Acho que mostra mesmo um lado muito verdadeiro e muito realista.foi muito bom fazer parte disto. 

E agora que nós podemos-te ver na novela “Sangue Oculto”, tens mais algum projeto para o futuro? 

Mariana Pacheco: Terminámos ontem as gravações do “Sangue Oculto”, mas ainda vai estar no ar. Para já, não há trabalho garantido. Vamos ver, mas vou descansar um bocadinho e preparar-me para uma próxima oportunidade e um convite que venha. 

TRAILER | A 2ª TEMPORADA DE PRAXX JÁ ESTÁ DISPONÍVEL NA PRIME VIDEO

Acompanhaste a primeira temporada de “Praxx”? Quais as tuas expectativas para esta segunda temporada?

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