Só precisei de um minuto do novo filme de Christopher Nolan para ficar interessado
Christopher Nolan não faz filmes. Faz grandes acontecimentos. E, desta vez, o evento começa antes do filme chegar.
Antes de te contar o que Nolan anda a tramar, deixa-me levar-te até ao palco onde tudo isto faz sentido. Um palco cada vez mais raro, quase anacrónico na era da velocidade, dos trailers às pinguinhas e dos clipes “leakados” no TikTok. Mas não para Christopher Nolan. Ele continua a tratar o cinema como se fosse um templo — e quer que entres descalço, de olhos bem abertos.
O novo teaser só pode ser visto nos cinemas
Sim, leste bem. O primeiro teaser do novo filme de Christopher Nolan, The Odyssey, está a ser exibido exclusivamente nas salas de cinema. E mais: só quem comprar bilhete para o novo Jurassic World: Rebirth é que poderá vê-lo. Nada de YouTube, de redes sociais, de leaks — ou pelo menos, assim espera a Universal.
Este tipo de estreia limitada não é inegavelmente novidade para Christopher Nolan. Assim, já em 2020, insistiu que Tenet fosse lançado em plena pandemia, em nome do “salvar” as salas de cinema. E mais recentemente, para Oppenheimer, exigiu um período de 100 dias de exclusividade nos cinemas e trailers apenas em IMAX, como aconteceu antes de Avatar: The Way of Water. E o resultado? 975 milhões de dólares em bilheteira global e o título de biopic mais lucrativo de sempre.
Assim, em The Odyssey, Matt Damon veste a toga de Ulisses, o rei de Ítaca que tenta regressar a casa depois da guerra de Troia. Uma narrativa milenar, sim — mas nas mãos de Christopher Nolan, não esperes recitais de Homero em grego antigo. Junta-se-lhe um elenco luxuoso: Tom Holland como Telémaco, Zendaya, Robert Pattinson, Lupita Nyong’o, Charlize Theron, Mia Goth, entre outros. Assim, o filme estreia a 17 de julho de 2026. Mas até lá? Vais ter de ir ao cinema.
Um teaser breve, mas épico — descrição completa do trailer
O teaser começa no silêncio. Apenas a voz de um velho servo, provavelmente Eumeu, ecoa na escuridão: “O meu mestre.” A identidade do narrador é ambígua, mas o tom é carregado de reverência. O mar surge em seguida — vasto, cinzento, ameaçador. Vemos o Cavalo de Tróia, numa praia, como um cadáver de madeira de uma guerra já extinta.
Corta para Telemachus (Tom Holland), um jovem em busca de respostas. Está frente a frente com Menelau (Jon Bernthal), que o recebe com um misto de ironia e peso histórico. “Que prisão conseguiria conter um homem como ele?”, diz Menelau, a propósito do paradeiro de Odisseu. Uma frase que, traduzida, vibra com a típica carga simbólica dos diálogos de Christopher Nolan: mais do que literal, ela fala de liberdade interior, de resiliência mítica.
As imagens são breves e pontuadas por sombras e luz intensa. Vemos Lupita Nyong’o em breves relances — provavelmente como o ícone etéreo que desencadeou a guerra. Odisseu (Matt Damon) aparece apenas de costas, ou envolto em nevoeiro. Assim, Christopher Nolan sabe jogar com o não-dito, com o sugerido, e aqui isso torna-se evidente: não nos dá Odisseu, dá-nos o rasto da sua lenda.
Um regresso para Christopher Nolan
Assim, Nolan não está apenas a adaptar a Odisseia. Ele está a vivê-la. Está inegavelmente a desafiar os deuses modernos da distribuição digital e a navegar contra todas as correntes. Tal como Odisseu, Christopher Nolan também é teimoso, estratega, em busca de uma pátria que talvez já não exista — a do cinema como espaço sagrado. E como espectadores, cabe-nos escolher: vamos embarcar nesta viagem ou ficar pela costa, à espera que chegue ao streaming?
E tu? Achas tudo isto uma odisseia de vaidade ou uma jogada de mestre? Deixa a tua opinião nos comentários.