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Avatar 2: O Caminho da Água, em análise

As expectativas são grandes em relação a “Avatar 2: O Caminho da Água”. No final, é uma sequela mais do que digna. 

Com uma identidade completamente diferente do primeiro filme, James Cameron apresentou-nos um filme arrojado, a nível técnico e visual, com recurso a efeitos visuais executados de forma exemplar. Semelhante ao que acontece no primeiro filme, os grandes corpos dos Na’vi parecem-nos, de facto, reais. Além dessa parte, a visualidade e a narrativa da sequela seguem um caminho completamente distinto, e ainda bem. Nesse sentido, vamos analisar este filme em duas partes, mutuamente ligadas.

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A partir daqui existirão alguns spoilers, mas prometemos que serão muito poucos!

Antes de embarcarmos na fantástica viagem visual, comandada por James Cameron e a sua equipa, vamos parar pela narrativa. De forma breve, os primeiros 30 minutos do filme não se traduzem na obra impressionante que é o restante filme. De modo a introduzirem os acontecimentos que se seguiram ao final do primeiro filme, saltamos de cena em cena, onde em certos casos não existe uma conexão ou sentido. Por vezes, até sente-se que podia ser perfeitamente excluída. Ou pelo menos, ter seguido outro caminho. Com isto, as novas personagens do filme, nomeadamente Kiri (Sigourney Weaver), Neteyam (Jamie Flatters) e Lo’ak (Britain Dalton), mereciam outra introdução, sobretudo com que veremos ao longo do filme.  Mas se por um lado não houve uma introdução digna, o ressurgimento do mal, dos Homens, acontece de forma demasiado abrupta. 

Numa das saídas proibidas dos filhos de Jake Sully (Sam Worthington) e Neytiri (Zoe Saldana), James Cameron revela um spoiler para os mais atentos. Recuando ao primeiro filme, quando Jake Sully está aprender os costumes dos Na’vi, os pequenos seres brancos chamados Atokirina ou Woodsprite, pusam em cima de si. Na cultura do povo nativo, é um sinal da Grande Mãe, de alguém com um papel importante, e de facto Jake Sully foi crucial para salvar os Na’vi. Agora, com Kiri, a personagem nascida a partir do avatar da Dr. Grace Augustine, sucede-se o mesmo. E no final, temos a confirmação disso, e certamente será uma das personagens mais importantes nos próximos filmes.

Nessa mesma saída, com o aparecimento do novo Coronel Quaritch (Stephen Lang), e há hora errada e no sítio errado, os filhos de Jake e Neytiri dão-se de caras com o vilão. Com muita luta, e sorte a mistura, Jake e Neytiri chegam a tempo de resgatar os seus filhos, tirando Spider (Jack Champion), um jovem humano que foi educado entre os Na’vi. Com esta nova ameaça, Jake tem de tomar uma decisão importante, e inevitavelmente, escolhe a opção mais difícil, partir com a sua família, para salvar o seu povo. É a partir daqui, que começa realmente “Avatar 2: O Caminho da Água”. A água torna-se no elemento mais importante do filme, ligada à vida, à morte, e ao povo do mar.

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Numa integração difícil, a família Sully começa a aprender os costumes do mar, com alguns percalços pelo caminhos, mas que irão ser essenciais para a história. De todos os acontecimentos, o mais importante vai para ligação entre Lo’ak e Payakan, da espécie Tulkun, um grande ser marítimo que foi injustamente rotulado de assassino. Dissecando esta ligação, juntando a questão da água, encontramos o maior significado do filme, o respeito (ou a falta dele) que temos pela a água, a terra, e pelos animais. Vemos os Homens a queimar grandes proporções de floresta para aterrarem, onde pelo meio milhares de animais são queimados vivos. No mar, a situação é idêntica, com a matança dos Tulkuns para proveito e lucro humano, exatamente como acontece na vida real. Se no primeiro filme podemos refletir sobre a colonização, em “Avatar 2: O Caminho da Água” podemos analisar a nossa postura perante o local em que vivemos (a Terra) e o tratamento que damos aos seres vivos com quem partilhamos o planeta.

Avatar 2: O Caminho da Água
Lo’ak e Payakan © 20th Century Studios

Dentro da narrativa propriamente dita, com foco nas personagens, há duas que devemos salientar. Pelo lado positivo, está Kiri, a jovem Na’vi interpretada por Sigourney Weaver. Desde cedo, percebemos a sua diferença em relação aos demais, a sua preocupação e fascino pela natureza. Com o final do filme, é notória a ligação que tem com a Grande Mãe,  e que certamente irá ter uma importância acrescida nos próximos filmes. Pelo lado negativo, está Spider, o jovem humano criado entre os nativos. Na altura em que grande parte dos Humanos foram expulsos com a rebelião nativa, Spider ficou para trás, dado que sendo bebé, não podia entrar em crio-sono. Filho do Coronel Quaritch, acabou por trair duplamente, tantos os Homens, como os Na’vi. Nas restantes personagens, houve pouco foco nos protagonistas, sobretudo com Neytiri. Ao longo do filme, não tem muitas intervenções, com aparecimentos esporádicos. No entanto, na reta final do filme, temos um excelente exemplo do instinto maternal em ação quando as crias estão em perigo. Seja com os Na’vi, ou com outro ser, o instinto é o mesmo.

Passando para a outra parte da análise, está a visualidade do filme, que consegue ser muito superior ao primeiro. Em “Avatar 2: O Caminho da Água”, podemos assistir ao novo cinema, um cinema mais moderno e imersivo, que inevitavelmente está mais ligado ao entretenimento. Ver este filme na forma tradicional não nos permite usufruir de toda a sua potencialidade enquanto espectáculo visual. Por exemplo, no formato 3D, a partir do momento em que a família de Jake e Neytiri juntam-se ao povo do mar, com cenas debaixo de água, não são só eles que estão submersos, somos nós também. Viajamos diretamente para dentro do ecrã, para nadar ao lado dos protagonistas. Para isto acontecer não basta os efeitos visuais, sem a narrativa apelativa, nada disto acontecia. O nosso corpo pode estar dentro da sala de cinema, mas a nossa mente está em Pandora. Ainda assim, o modo tradicional de cinema, em 2D, não fica aquém das expectativas. Num ritmo acelerado, somos convidados a deslumbrar-nos com movimentos (quase) reais, onde as gravações debaixo de água, terem sido, de facto, gravadas debaixo de água, torna a experiência única e verdadeira. É notável a forma todo o trabalho envolvido para conseguir essas cenas. A duração do filme, com 3 horas e 22 minutos, vão aparecer pouco, muito por culpa da visualidade. É o melhor de espectáculo visual do ano, e provavelmente, um dos melhores de sempre. 

Avatar 2: O Caminho da Água
© 20th Century Studios

No entanto, no meio destes dois pontos, existe outro que podia ter sido melhor, a banda sonora. Desde do início, é possível perceber as semelhanças com o primeiro filme, onde a base essencial é idêntica à banda sonora de “Avatar” (2009). Apesar disso não desilude, antes pelo contrário, dá a continuidade da verdadeira essência da saga. Contudo, podia e devia haver mais, com sons dignos do mundo da água. No início dos créditos, somos brindados com uma excelente música através da voz de The Weeknd.

É de relembrar, e como é conhecido, James Cameron tem mais três filmes planeados para este universo. E em “Avatar 2: O Caminho da Água”, o realizador dá-nos várias pistas, ou pelo menos, cria bases para os próximos filmes. Por exemplo, Kiri revelou-se como uma personagem fundamental, mas ainda temos muito para descobrir. O mesmo acontece com Lo’ak e Spider. Nesta última personagem, o vilão acaba por ser resgatado, e como um bom vilão, não é desta que foi derrotado (definitivamente). No entanto, é preciso saber quando “acabar” com uma personagem, para evitar a repetição e o excesso.

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Apesar da demora, James Cameron trouxe-nos um dos melhores filmes do ano. “Avatar 2: O Caminho da Água” era a sequela que tanto ansiávamos, e que cumpriu e superou todas as expectativas. Existem sagas em que o melhor filme tende em ser o primeiro, mas não no universo de “Avatar”, que consegue ser melhor. De Sam Worthington, Zoe Saldana e Sigourney Weaver, até aos novos atores que entraram somente neste filme, nomeadamente Britain Dalton, todos tiveram uma performance exemplar. Ao longo do mesmo, a mensagem está clara como a água, com a nossa relação (humanos) entre a Natureza e os outro seres vivos.

Resta-nos esperar pelo terceiro filme, para uma vez mais, mergulharmos neste mundo.

TRAILER | AVATAR 2: O CAMINHO DA ÁGUA ESTREOU ONTEM NOS CINEMAS 

Já foste ver o filme? Qual foi o formato que escolheste? Superou as tuas expectativas? 




Avatar 2: O Caminho da Água, em análise
Avatar O Caminho da Água

Movie title: Avatar: The Way of Water

Director(s): James Cameron

Actor(s): Sam Worthington, Sigourney Weaver, Stephen Lang, Zoe Saldana

Genre: Drama, 2022, 192min

90

Avatar 2: O Caminho da Água

Depois dos acontecimentos do primeiro filme, Jake Sully vê-se como líder do seu povo, juntamente com Neytiri. No entanto, os Humanos estão de volta, em procura de vingança. Jake Sully vai ter de proteger a sua família, custe o que custar.

Pros

  • Efeitos visuais – Um trabalho notável que deverá ser seguido como exemplo pelos restantes filmes do género;
  • Narrativa – Melhor do que seria esperado, James Cameron dá-nos uma continuação digna e repleta de história;
  • Universo – Estamos perante uma nova saga, que deverá manter o mesmo nível durante anos;
  • Visualidade – Um autêntico espetáculo visual que deve ser visto nos formatos de 3D e 4DX 3D.

Cons

  • Banda Sonora – Podia ter sido melhorada e inovada;
  • Introdução – Os primeiros momentos do filme podiam ser seguido outro caminho, assim como a própria introdução de algumas personagens.
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