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Queer Lisboa 29 chega dia 19 setembro: Eis o programa completo

A 29.ª edição do Queer Lisboa está prestes a chegar a Lisboa, com exibições no Cinema São Jorge e Cinemateca Portuguesa entre os próximos dias 19 e 27 de setembro. A programação completa é já conhecida, espelhando o “conturbado mundo de hoje, sem deixar de relembrar as muitas histórias de superação e as lições do passado recente da cultura queer”.

O programa do presente queer celebra a memória, bem como a apresentação de novas narrativas que celebram a construção de laços, comunidade e resistência. A escolha da programação faz-se de “histórias de amparo e cumplicidade”, às quais passamos agora revista.

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Histórias de amparo e cumplicidade: Quase 3 décadas de Queer Lisboa

O Queer Lisboa, festival com uma imensa história na capital portuguesa, chega quase à sua trigésima edição. A organização recorda um ano particularmente rico em cinema queer, destacando que a seleção de obras escolhidas para o certame inclui títulos celebrados à escala internacional, com longas e curtas-metragens que passaram por festivais lá fora como Locarno, Sundance, Berlim ou Cannes.

Entre as temáticas centrais temos as crescentes expressões de transfobia, as migrações europeias, o genocídio na Palestina, o conservadorismo e a persistência do seu discurso público, bem como o ativismo queer, com muito necessárias histórias sobre liberdade, reconstrução identitária e sexual.


Diversidade de títulos e proveniências no Cinema São Jorge e Cinemateca

Ao todo, estão selecionados 104 filmes para a 29.ª edição do Queer Lisboa. As obras têm proveniências díspares, tais como Geórgia, Palestina, Irão, Cuba, Coreia do Sul, Índia, Austrália ou Líbano. Pode esperar-se uma forte presença de cinema latino-americano, asiático, brasileiro, espanhol e claro, também a representação de obras portuguesas, tanto no registo documental como ficcional.

Entre 112 cineastas, “54% são homens cisgénero, 30% mulheres cisgénero, 16% pessoas trans ou não binárias, , e 40% são cineastas BIPOC.”


Programação Queer Lisboa: sessões especiais dos EUA à Coreia do Sul

plainclothes queer lisboa
“Plainclothes” | © Queer Lisboa

Entre as sessões especiais deste Queer Lisboa 29 contamos com “Morte e Vida Madalena”, de Guto Parente; “Vivre, mourir, renaître” de Gaël Morel e ainda com os filmes de abertura e encerramento do certame.

Na Noite de Abertura podemos ver “Plainclothes”, drama de Carmen Emmi, protagonizado por Tom Blyth. A longa-metragem, bem recebida no último festival de Sundance, abre a programação com a história de um polícia que, nos anos 90 e na cidade de Nova Iorque, alicia homossexuais para depois os prender.

“Between Gooodbyes“, co-produção entre os EUA e a Coreia do Sul, da autoria de Jota Mun, terá a honra de fechar o certame com uma história sobre família e identidade, tal como prometido pela sinopse oficial: “Quando uma mulher adotada, coreana e queer, visita a sua mãe biológica em Seul, arrependimentos do passado e mal-entendidos culturais vêm à tona, juntamente com ternura, humor e tenacidade.”


Competição de longas-metragens com 8 títulos na corrida

Cactus Pears Queer Lisboa 29
©Queer Lisboa

Em 2025, o Queer Lisboa propõe 8 títulos díspares para a sua competição de longas-metragens. São eles:

  • “Cactus Pears”, de Rohan Parashuram Kanawade (Índia, Reino Unido, Canadá, 2025, 112’)
  • “Dreamers” de Joy Gharoro-Akpojotor (Reino Unido, 2025, 78’)
  • “Drunken Noodles” de Lucio Castro (EUA, Argentina, 2025, 82’)
  • “Jone, a Veces” de Sara Fantova (Espanha, 2025, 80’)
  • “Laurent dans le vent” de Anton Balekdjian, Léo Couture e Mattéo Eustachon (França, 2025, 110’)
  • “Lesbian Space Princess” de Emma Hough Hobbs e Leela Varghese (Austrália, 2025, 87’)
  • “Queerpanorama” de Jun Li (EUA, Hong Kong, 2025, 87’)
  • “Salomé” de André Antônio (Brasil, 2024, 118’)

“Cactus Pears” é uma narrativa familiar sobre luto e amor que venceu a competição de longas internacionais no Festival de Sundance e que se destaca através dos diálogos íntimos que cria entre dois homens amigos numa pequena aldeia do interior da Índia.

Já do Reino Unido e pela mão de Joy Gharoro-Akpojotor  chega-nos “Dreamers”, uma obra sobre uma migrante nigeriana que foi transferida para asilo no RU. Por lá, espera a deportação e enquanto enfrenta o regime encontra, pelo caminho, uma alma gémea que poderá revelar-se uma preciosa ajuda.

Outra narrativa romântica nesta secção é “Jone, A Veces”, uma estreia para a espanhola Sara Fantova e “retrato de uma jovem protagonista cujo verão teima em a dividir entre as responsabilidades de cuidadora do pai e um primeiro amor adulto”.

“Laurent dans le vent”, da autoria de um trio de realizadores, é descrito como um “elogio à inadaptação social” e uma obra bem-humorada a não perder”, que nos chega a partir de Cannes, mas precisamente da secção paralela ACID.

Com um nome sugestivo “Lesbian Space Princess”, que venceu este ano o Teddy Award, apresenta-se como uma comédia de animação de ficção científica sobre uma princesa introvertida que se envolve numa missão espacial para salvar a sua ex-namorada.


Competição de documentários de regresso

  • “A Body to Live in” de Angelo Madsen (EUA, 2025, 98’)
  • “Amantes en el Cielo” de Fermín de la Serna (EUA, Argentina, 2024, 77’)
  • “Ceci est mon corps” de Jérôme Clément-Wilz (França, 2025, 64’)
  • “Edhi Alice” de Ilrhan Kim (Coreia do Sul, 2024, 127’)
  • “Familiar Places” de Mala Reinhardt (Alemanha, 2024, 94’)
  • “Je suis déjà mort trois fois” de Maxence Vassilyevitch (França, 2025, 65’)
  • “My Sweet Child” de Maarten de Schutter (Países Baixos, 2025, 58’)
  • “Tripoli / A Tale of Three Cities” de Raed Rafei (Líbano, 2024, 88’)

A par da secção competitiva de longas deste 29.º Queer Lisboa, destaque também para mais uma competição de documentários que conta também com 8 obras em competição.

Numa secção rica destacam-se obras como “Ceci est mon corps”, de Jérôme Clément-Wilz, que coloca na primeira linhas os abusos morais e sexuais perpetuados pela Igreja Católica. A sessão, a 25 de setembro, pelas 21h45, na sala 3 do Cinema São Jorge, contará com a presença em sala do cineasta.

Vindo diretamente do Líbano chega-nos “Tripoli/ A Tale of Three Cities”, assinado por Raed Rafei, que aqui regressa à sua cidade natal, Tripoli, para criar um retrato das suas gentes, das suas crenças aos seus preconceitos, para assim criar uma fita sobre a possibilidade de progresso e aceitação.

Nesta secção, com competição patrocinada pela RTP2, o filme vencedor terá direito à aquisição de direitos de exibição do filme pela estação pública, no valor de 3.000€


Panorama com retrospetiva do melhor do cinema Queer  internacional

Panorama 2025 queer lisboa
“I’m Your Venus”| ©Queer Lisboa

Outras secções importantes do Queer Lisboa 29 podem ser conhecidas na íntegra através do website oficial, tais como a Competição de Curtas-Metragens, Competição In My Shorts, Competição Queer Art, Secção Resistência Queer, Queer Focus ou ainda a RETROSPETIVA Lionel Soukaz.

Por agora, fechamos esta pequena vistoria ao programa com uma passagem pela secção Panorama, a qual ano após ano é dedicada aos grandes destaques do circuito internacional e que este ano conta com os títulos:

  • “Alexina B. Vides en Composició” de Alexis Borràs (Espanha, França, 2025, 77’)
  • “Ato Noturno, Filipe Matzembacher” de Marcio Reolon (Brasil, 2025, 119’)
  • “Homem com H” de Esmir Filho (Brasil, 2025, 129’)
  • “I’m Your Venus” de Kimberly Reed (EUA, 2024, 85’)
  • “My Boyfriend el Fascista” de Matthias Lintner (Itália, 2025, 95’)
  • “Peter Hujar’s Day” de Ira Sachs (EUA, Alemanha, 2025, 76’)
  • “Pillion” de Harry Lighton (Reino Unido, 2025, 106’)
  • “Sally!” de Deborah Craig (EUA, 2024, 95’)
  • “Tesis sobre una Domesticación” de Javier van de Couter (Argentina, 2024, 113’)

Em 2025, o Panorama celebra importantes figuras como  Camila Sosa Villada, Ney Matogrosso, Venus Xtravaganza, Peter Hujar, Sally Gearhart ou Alexina B.

Os títulos alinham-se e refletem o palco sócio-político atual. Por exemplo “My Boyfriend el Fascista” confronta-nos com a perigosa e persistente ascensão da extrema-direita. O realizador, Matthias Lintner, filma a relação com o seu namorado, um migrante cubano em Itália que defende ideais de extrema-direita, confrontando-nos assim com o espelho do período atual.

Recuperamos também a rica história de “Paris is Burning” e as muitas faces da cena da ballroom nova-iorquina, nomeadamente o de Venus Xtravaganza, trabalhadora do sexo trans assassinada antes da estreia do filme em que viria a participar. “I’m Your Venus”, de Kimberly Reed, também ela uma mulher trans, procura respostas para o seu desaparecimento e presta-lhe uma bela homenagem.

Também dos EUA chega-nos outra obra documental, “Sally”, sobre Sally Gearhart, importante pioneira do movimento feminista lésbico dos EUA, que se moveu nas mesmas esferas que figuras de alto perfil como Harvey Milk.

Estes e muitos outros títulos poderão ser descobertos na 29.ª edição do Queer Lisboa, que chega ao Cinema São Jorge e à Cinemateca Portuguesa já entre os próximos dias 19 e 27 de setembro. A programação completa pode ser descoberta aqui.

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