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A fascinante história da saída e regresso de John Frusciante aos Red Hot Chili Peppers

John Frusciante encaixa nos Red Hot Chili Peppers como uma luva, e deve ser por isso que o músico já voltou para a banda duas vezes depois de a ter abandonado.

Sumário

  • John Frusciante entrou para os Red Hot Chili Peppers em substituição do antigo guitarrista, que morreu de overdose em 1988;
  • O grupo tornou-se muito famoso logo a seguir a John entrar, que na altura era só um jovem músico de 18 anos;
  • Assoberbado com o peso da fama, o guitarrista dos Red Hot decidiu abandonar a banda em 1992, acabando por regressar em 1998, depois de uma forte reabilitação para deixar as drogas.
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Os Red Hot Chili Peppers receberam John Frusciante na banda em 1998, logo depois de Hillel Slovak, o anterior guitarrista, ter morrido com uma overdose de heroína. John tinha apenas 18 anos na altura, e estava a concretizar o sonho de qualquer adolescente com o desejo de ser músico: juntar-se à sua banda favorita.

O virtuosismo que Frusciante mostrava na guitarra, bem como toda a sua criatividade, trouxeram uma nova atmosfera à música feita pelos Red Hot, e o álbum de estreia com John na guitarra, Mother’s Milk, foi um sucesso.

Assim, Frusciante saboreou, ainda muito novo, um grande nível de fama. Só que o jovem guitarrista teve alguma dificuldade em lidar com isso, o que o levou a virar-se para uma vida de excessos de drogas e álcool que foram afetando a relação deste com os restantes membros da banda e até a sua atitude em palco.

Aliás, houve uma atuação da famosa canção “Under The Bridge” no programa Saturday Night Live que ficou conhecida por mostrar tão bem o quão “desfeito” estava o grupo na altura.

No vídeo podemos ver como Frusciante está completamente em desarmonia com o resto do conjunto, a demorar-se nos acordes mais do que devia e a acrescentar licks e mudanças que a música não tem.

E de facto, esta atitude de John em palco coaduna com o que aconteceu, no mesmo ano, com a banda: os Red Hot Chili Peppers perderam o seu guitarrista.


O Regresso Miraculoso aos Red Hot Chili Peppers

A década de 90 foi uma altura bastante sombria da vida de John Frusciante, algo que o músico nunca esconde quando é abordado com o tema em entrevistas. Desde drogas mais leves e álcool até substâncias pesadas, tais como a heroína, John tomou tudo quanto podia.

Foi também nesta altura que saiu o seu primeiro disco a solo, Liandra LaDes And Usually Just A T-Shirt, uma obra que mostra, segundo muitos apaixonados dos Red Hot e de Frusciante, a decadência em que John se encontrava.

O álbum não aparenta ter qualquer ordem pensada, e o mesmo pode ser dito em relação à estrutura das canções que o compõem. Desde berros desafinados de Frusciante a letras que parece terem sido escolhidas de forma completamente arbitrária, o disco é, sem dúvida, singelo.

“My Smile Is A Rifle” é um bom exemplo daquilo que estamos a falar.

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À medida que os anos foram passando, a dependência de Frusciante foi-se agravando, e isto levou à tomada de decisão que, segundo ele, salvou a sua vida: deixar completamente as drogas, fossem elas leves ou pesadas.

O estado físico do músico era tão grave que, no processo de reabilitação, teve de ser submetido a cirurgias de reconstrução dos dentes e também a tratamentos dos diversos abcessos que povoavam os seus braços tão marcados pelas agulhas das seringas.

Acontece que, apesar de John não ter saído dos Red Hot Chili Peppers nos melhores termos, Flea continuou a manter uma amizade com ele, o que levou a que o baixista convencesse os outros membros do grupo a convidarem John para um ensaio. Após alguns que se seguiram, ficou acordado: John Frusciante regressaria aos palcos com Flea, Anthony Kiedis e Chad Smith.

E, em junho de 1999, os Red Hot Chili Peppers lançaram o primeiro álbum de estúdio desde o regresso de John: Californication. Com uma sonoridade mais melódica do que haviam feito nos outros discos, esta obra composta por 18 canções foi um verdadeiro sucesso.

E o mais interessante, depois de conhecermos a história da banda e, principalmente, o que se passou com Frusciante no hiato temporal entre a sua saída e entrada, é perceber que John teve de reaprender a tocar guitarra. A maioria dos riffs e solos que ouvimos são simples, pelo menos em termos técnicos, e destoam muito da guitarra que ouvimos nos dois discos em que John, antes de ter abandonado o grupo, participou: Mother´s Milk e Blood Sugar Sex Magik. Parece que são duas pessoas diferentes que estão no instrumento. Percebe-se, e John chegou mesmo a confirmar isso, que o músico tinha perdido muita da memória muscular e agilidade nos dedos.

No entanto, com o input que Frusciante deu ao disco Californication, ficou provado que a alma e a criatividade têm tanto ou mais valor que a técnica. Desde riffs que são reconhecidos por qualquer apreciador de música, tal como os que abrem as canções “Californication” e “Scar Tissue”, a solos muito simples e quase infantis na forma de serem executados, tal como o de “Otherside”, a originalidade e energia desta guitarra mais “trapalhona” não deixou nada a desejar.

Arriscamo-nos até a dizer que John Frusciante, aquando do seu regresso, nos deu os Red Hot Chili Peppers tal como os conhecemos hoje em dia.

“Otherside” | Red Hot Chili Peppers

Esta é uma das músicas que, para nós, melhor demonstra a génese do álbum Californication, seja pela sua sonoridade bastante melódica, seja pelo muito que John Frusciante conseguiu fazer com um uso mais “simples” do seu instrumento.




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