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Rina Sawayama traz pop arrebatadora ao final do NOS Alive

Poucos minutos depois da meia-noite, no último dia do NOS Alive, a britânica Rina Sawayama subiu ao palco Heineken para uma lição com nota “A” acerca do que faz um bom concerto pop. 

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A 8 de julho, um dos últimos nomes no palco Heineken foi Rina Sawayama, empolgante e promissora nova artista pop. Com dois álbuns de originais lançados, SAWAYAMA em 2020 e Hold the Girl em 2022, Rina é uma artista prolífica e em clara rota de ascensão. Perante a sua prestação no NOS Alive 2023, no último dia, questionámos: “Será Rina Sawayama a estrela pop perfeita?”. Algo é certo, é muito promissora e esta segunda visita a Portugal, depois da passagem pelo Primavera Sound Porto no ano passado, apenas serve para solidificar tal certeza.

Rina Sawayama Hold the Girl
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A japonesa por nascimento que se naturalizou britânica foi acolhida em Lisboa, por volta das 00h10, por uma plateia de dimensões reduzidas, enquanto o concerto de Sam Smith ainda decorria e atraia a atenção da maioria dos festivaleiros. Todavia, depressa a tenda se viu composta e por quem lá ficou testemunhou algo especial: um verdadeiro furacão pop, com vários acessórios em palco e elementos que iam sendo revelados ao longo do espectáculo. Entre eles, a banda de Rina Sawayama.

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Aclamada pela crítica, Rina Sawayama tem estado numa rota exponencial de crescimento no mundo da música desde o lançamento de “Rina”, em 2017, o seu primeiro EP/mini-álbum auto-publicado. Em setembro do ano passado, Rina editou o seu segundo disco de originais, com igual aprovação por parte da crítica especializada. No concerto em Lisboa, começou precisamente pelo single do mesmo nome – “Hold the Girl”, um hino pop alternativo cativante/ exemplo de hyper pop e capaz de perdurar na nossa memória.

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E apesar de ter “Hold the Girl” para promover, o alinhamento deste breve concerto, de cerca de 40 minutos, equilibrou na perfeição os dois discos de originais da artista. Num total de 13 temas interpretados, 7 originaram-se em “SAWAYAMA” e 5 em “Hold the Girl”. Logo no início da setlist, a terceira música interpretada foi “Dinasty”, uma música poderosa e épica acerca da história conturbada da sua família, tornada ainda mais empolgante e épica através das imagens projetadas a vermelho – um ecrã vermelho, um templo japonês, fotografia, tudo numa sucessão rápida e frenética.

 

Épico é mesmo o termo indicado para descrever a sensação de assistir ao concerto de Rina Sawayama . Temas do primeiro álbum como “XS”, “STFU!” ou “Comme des garçons (Like the Boys)” proporcionaram um êxtase coletivo. Rina fez das tripas coração, acompanhada em palco por duas bailarinas exímias e com cada minuto do seu concerto perfeitamente cronometrado e coreografado. Em “XS” apresentou-se como uma dominatrix sensual, em “Comme Des Garçons” criou um décor rico que envolveu uma primeira página de um jornal, um disfarce másculo e muita atitude e sensualidade, e em “STFU!”, tal como havia feito em Glastonbury, amaldiçoou Matty Healy (dos 1975) devido aos seus comentários racistas e misóginos (sem contudo o nomear diretamente).

RINA ALIVE
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Rina Sawayama e o seu casamento imbatível entre pop clássica do arranque do milénio, rock e até country

Com um aparelho vocal excelente e muitas notas altas, Rina Sawayama conquistou o público com a sua arrojada presença de palco e a sua atitude reivindicativa. Com raiva feminina (female rage) para dar e vender, Sawayama é uma figura da pop pela qual queremos torcer. Com inúmeras influências no seu som, de Britney Spears a Lady Gaga, Rina oscila também por vezes entre a sonoridade pop eletrónica e uma pop rock a puxar um pouco mais para o ‘pesado’. Algures entre as vibes vindas do rock e a pop mais mainstream, a artista não tem necessariamente a identidade mais clara do mundo. Tal não prejudica a sua apresentação ao vivo.

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A certa altura, interpreta “Beg for you”, a sua canção mais comercial, um dueto com Charlie XCX. Na realidade, é difícil conciliar esta Rina com aquela que nos apresentou “Dinasty” ou “Akasaka Sad”, temas mais arrojados e experimentais. Não obstante o seu leque muito vasto de influências, às vezes até caoticamente distintas, com por exemplo “This Hell”, a música divertida, arrojada e defensora da comunidade LGBTQIA+ que fechou o alinhamento e que bebe muito do Country, a verdade é que a prestação de Rina Sawayama é coerente e capaz de conquistar o público, seja qual for o género musical em destaque.

Num set sempre em altas, Rina Sawayama provou merecer o maior dos palcos e a maior das tours, empolgando através da sua capacidade para dançar e cantar sem perder o fôlego, interagir com o público e transformar as suas versões de estúdio – tornando-as ainda mais pujantes quando interpretadas ao vivo. Com quatro mudanças de roupa em apenas 40 minutos de concerto e muita coreografia elaborada à mistura, ninguém dúvida do potencial de Rina Sawayama para se tornar um ato cabeça de cartaz.

Será que daqui a uns anos a vemos fora da tenda? Ao fim de contas, até Florence and the Machine começou neste palco aquando da primeira visita ao NOS Alive…

RINA SAWAYAMA NO NOS ALIVE 2023| 1ª VISITA A LISBOA – THIS HELL FOI A CANÇÃO FINAL

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