Cartaz promocional de "Luzzu" de Alex Camilleri © Noruz Films

Screenings Funchal | Programação para junho de 2022

O 5º aniversário dos Screenings Funchal será celebrado com um festival de cinema recheado de estreias e antestreias nacionais. 

Os Screenings Funchal em junho celebram o seu 5º aniversário e como tal a organização decidiu fazer um verdadeiro festival de cinema com sessões às sextas e sábados. No total serão exibidos 8 filmes, todos em exibição na Madeira pela primeira vez e alguns deles estreias em território nacional.

Será na realidade uma oportunidade de sonho para conhecer alguns dos maiores nomes do cinema português, europeu e internacional, para que o público madeirense possa ter um contacto próximo com os autores que estão a contar histórias particulares de uma maneira tão sublime, que consegue evocar-nos para situações a todos universais. De destacar, por um lado, as estreias de filmes nossos e também de filmes japoneses que abrem portas à Ilha da Madeira para um novo conceito das imagens em movimento. Segundo a organização:

Às sextas teremos as mais recentes estreias nacionais, enquanto que para os sábados preparamos algo particularmente especial para os nossos espectadores. Em exibição estarão um total de quatro obras-primas da cinematografia japonesa. Um conjunto de obras infelizmente muito pouco exibidas em Portugal e que poderão agora ser novamente disfrutadas em sala.

O pontapé de saída é dado por Edgar Pêra, que a convite da organização dos Screenings Funchal estará na Madeira para falar com o público sobre o seu “Kinorama – Cinema Fora de Órbita“, uma sessão em 3D que promete fazer-nos mergulhar nas mais ousadas experiências da sétima arte em Portugal. O último filme a ser exibido é “A Tragédia de BellaDonna“, uma obra trascendente de cinema avant-guarde que embora lançada em 1973 continua a ocupar um lugar especial na memória de muitos cinéfilos.

Os preços dos bilhetes individuais para o Festival Screenings Funchal em junho continuam a ser de 4,90€. É possível usufruir do desconto de 2=1 com o cartão NOS, ao valor normal da bilheteira.




KINORAMA – CINEMA FORA DE ÓRBITA – 3 de Junho às 21h

Um filme no formato tridimensional, uma cine-investigação sobre a relação do transe com o ato de ver cinema. Tendo como ponto de partida o facto de o cinema ter saído da órbita das salas (à exceção do cinema 3D) KINORAMA vai, no entanto, além do Além-Cinema, debruçando-se, entre outras coisas, sobre a forma como lidamos com a realidade, e a sua relação com a vida e a arte. Esta obra marca a sua despedida ao formato 3D, e deve ser destacado o facto de conter imagens recolhidas na Ilha da Madeira. O realizador, Edgar Pêra, estará presente na sessão para apresentar o seu filme e para Q&A no final da sessão.

O preço dos bilhetes para este filme de Edgar Pêra tem um valor acrescido referente à taxa 3D de 1,5€, assim como o valor de aquisição dos óculos 3D de 0,75€.




O ENFORCAMENTO – 4 de Junho às 21h

Um coreano é sentenciado à morte por enforcamento, sobrevive à execução, mas perde a memória. Nas duas horas seguintes, e de forma muito satírica, vemos os executores tentar descobrir uma forma de lidar com a situação, ao não conseguirem facilmente decidir se será correto enforcar uma pessoa inconsciente ou mentalmente incapacitada. Esta obra profundamente revolucionária e uma sátira que incita a uma poderosa reflexão sobre a pena de morte de um autor com um papel fundamental na chamada nova vaga japonesa.




LUZZU – 10 de Junho às 21h

Jesmark, um pescador maltês, depara-se com uma nova fuga no barco de pesca. Com dificuldades em sobreviver, ele vê o seu modo de vida – e uma tradição de gerações que o precederam – ameaçado pela diminuição das colheitas, uma indústria pesqueira impiedosa, e um ecossistema estagnado. Desesperado para cuidar da sua esposa e do seu filho recém-nascido, que requer tratamento, Jesmark envolve-se gradualmente numa operação de pesca ilegal no mercado negro que está a dizimar as populações de peixe no Mediterrâneo e os meios de subsistência das famílias locais que dela dependem. Esta arrebatadora obra inscreve-se na tradição neorealista de Luchino Visconti, Roberto Rosselini e dos irmãos Dardenne invocando o cinema socialmente empenhado de Ken Loach.

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O VAGABUNDO DE TÓQUIO – 11 de Junho às 21h

Um antigo chefe yakuza chamado Kurata decide se retirar do mundo do crime passando a atividades legítimas o que o leva a dissolver o seu gangue. O seu leal e temido executor Tetsu tem dificuldades a se habituar a uma vida fora do crime organizado e é assediado pelo gangue rival após recusar uma proposta de recrutamento de Otsuka, chefe desse gangue. Otsuka, vê a oportunidade da saída de Kurata do crime organizado para tomar conta do seu território. Tetsu, visto como uma ameaça aos planos de Otsuka, para escapar à serie de atentados de que é alvo vê-se obrigado a se fazer à estrada, mas para onde quer que vá os sarilhos encontram sempre Tetsu “A Fénix” Hondo. Seijun Suzuki, mostra com todo o estilo e humor que o caracteriza, o seu apreço em parodiar o género yakuza.




PERGUNTEM À LUA – 17 de Junho às 21h

Depois do seu pai sofrer uma doença súbita e debilitante, Artemis (Sofia Kokkali) decide regressar a casa na Grécia após um longo período de ausência. Mas nem Artemis, nem Paris (Lazaros Georgakopoulos), o seu pai pouco comunicativo, se enquadram confortavelmente nos papéis familiares prescritos. Têm personalidades demasiado antagónicas e imprevisíveis, e desde que Artemis se lembra, têm estado tacitamente em desacordo um com o outro. Ao descobrir um segredo há tempos escondido, Artemis começa a compreender seu pai de uma nova maneira, e então, passa a amá-lo verdadeiramente pela primeira vez.




FUNERAL DAS ROSAS – 18 de Junho às 21h

O filme segue Eddie, que está apaixonadamente envolvido numa intimidade destrutiva e triângulo amoroso violentamente ciumento que o leva a se confrontar com memórias traumáticas da infância. Um dos filmes mais subversivos e intoxicantes dos anos 60, uma celebração da juventude e das subculturas, uma vigorosa condenação da intolerância e uma experiência cinematográfica única. Toshio Matsumoto, naquela que foi a sua a primeira longa-metragem, manipula e distorce o tempo, combina livremente entrevistas documentais, interrupções brechtianas, premonições edipianas de desastre, confrontando destemidamente os temas então tabu de género e sexualidade. Esta é uma das principais obras da nova vaga japonesa sendo citada por Stanley Kubric como uma inspiração para o seu filme Laranja Mecânica (1971).




DONBASS – 24 de Junho às 21h

Na região de Donbass, na Ucrânia Oriental, trava-se uma guerra híbrida, envolvendo um conflito armado declarado paralelamente a assassinatos e roubos em grande escala perpetrados por fações russo-separatistas. Em Donbass, a guerra chama-se paz, a propaganda é proferida como verdade, e o ódio é declarado como sendo amor. A vida é impregnada de medo e desconfiança. O que é real e o que são notícias falsas? Uma viagem através do Donbass que se desenrola como uma cadeia de curiosas aventuras, onde o grotesco e o dramático estão tão entrelaçados como a vida e a morte. Chamado “um autocarro sombrio e satírico de vinhetas mordazes” pelo Washington Post, o Donbass de Sergei Loznitsa serve como uma interpretação crucial da guerra Russo-Ucraniana, mas o filme não é, em última análise, um conto de uma região ou de um conflito. Trata-se de um mundo perdido na era da pós-verdade e das identidades falsas. É sobre todos e cada um de nós. “Não há outro filme anti-guerra como Donbass”.




A TRAGÉDIA DE BELLADONNA – 25 de Junho às 21h

Jean e Jeanne são dois camponeses pobres, habitantes da França Medieval. No dia do seu casamento, o marido é obrigado a pagar uma taxa ao senhor feudal da região para ver o seu casamento autorizado. Na impossibilidade de Jean cumprir com o exigido, o tirano toma Jeanne para si (jus primae noctis). O casal, abalado pela violência da situação mergulha numa espiral de tristeza até que Jeanne é visitada por uma peculiar criatura que parece ser capaz de dotá-la de poderes sobrenaturais. Uma animação de culto com um indescritível imaginário erótico e fantástico que combina uma estética entre art nouveau (Klimt, Degas, Kandinsky) e o psicadelismo. Esta obra extremamente transgressiva e ainda hoje à frente do seu tempo, é uma obra-prima da animação japonesa, contando ainda com uma banda sonora sublime de rock psicadélico japonês do compositor de jazz avant-guarde Masahiko Sato. “Se os Led Zeppelin tivessem um filme preferido, seria este. Por outras palavras, “Stairway to Hell.”

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