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Seleção Cannes 2020 | Quem disse que não há filmes para estrear?

Apesar de não se realizar a organização do 73º Festival de Cannes anunciou a sua ‘Seleção Oficial 2020’, que servirá como uma marca de prestígio para os filmes a estrear nas salas de cinema ou em outros festivais. São 56 filmes de cineastas-autores de relevo internacional, alguns mais ou menos previsíveis outras novidades, com comédias, primeiras, obras, animação e documentários e sem distribuição pelas habituais secções competitivas e extra-competição.

O 73º Festival de Cannes não aconteceu não haverá Palma de Ouro 2020, mas existe uma Seleção Oficial que foi há pouco anunciada ao vivo no Canal + e difundida em streaming através do site no Youtube e Facebook. Foram Pierre Lescure, presidente do Festival de Cannes e Thierry Frémaux, o seu director-artístico, a que coube fazer esta apresentação da selecção dos 56 filmes, onde poderiam estar vários candidatos à Palma de Ouro 2020. Frémaux disse que nunca teve dúvidas relativamente a um possível cancelamento, mas foi certamente uma decisão muito difícil já que só tinha ocorrido duas vezes na história do Festival: a II Guerra Mundial e o Maio de 1968. Contudo o 73º Festival de Cannes não aconteceu, esteve sempre fora de hipótese uma edição em streaming, mas não desapareceu e os filmes não se eclipsaram com o Covid-19: ‘Se o Festival de Cannes não pudesse assumir sua forma normal, teria que ser obviamente diferente para nós. Mas não quer dizer que desapareça’, reafirma Frémaux para justificar o anúncio desta ‘Seleção Cannes 2020’ que de facto faz crescer água na boca. Indiscutivelmente esta ‘marca Cannes 2020’ ou ‘Selectión Oficielle du 73º Festival de Cannes’, vai dar outro prestígio aos filmes — aliciar o público e os compradores/distribuidores — que vão começar a estrear a partir de 22 de junho em França, quando as salas de cinema abrirem e não tardarão a chegar a Portugal. ‘Decidi anunciar uma seleção oficial porque é a melhor maneira de ajudar o cinema’, já tinha dito Frémaux num comunicado à imprensa recente, que marcava este encontro digital para hoje, nos habituais cinema UGC Normadie dos Champs-Élisées. Além dos ‘camera-men’ de serviço, só se via uma pessoa sentada na sala: ‘É crucial a reabertura das salas de cinema, após meses de encerramento. Mesmo na ausência do evento na Croisette, (…) a Seleção Oficial manterá seu papel’, valorizando a importância simbólica desta decisão. Essa situação excepcional levou à criação de uma ‘Seleção Oficial’ abrangente e os organizadores esquecerem as habituais secções: Competição, Un Certain Regard, Fora da Competição, Sessões da Meia-Noite, ‘Sessões Especiais’, optando antes por outro tipo de categorias, mais valorativas e carregadas de simbolismo: ‘Fiéis’, ‘Estreantes’ ‘Primeiras Obras’, ‘Comédias’ — Dos 56 filmes Selecionados, 5 são comédias, o que é raro — e por aí fora, tendo apenas ao que parece um critério (ou antes dois?) que já era habitual nas edições anteriores: ‘Este filme é perfeito ou não para Cannes?’.

Festival de Cannes
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A organização vangloriou-se pelo menos com os números de uma Selecção sem glamour, passadeira vermelha ou prémios: a barreira simbólica dos 2.000 filmes recebidos e candidatos à Seleção Oficial foi ultrapassada. Os 56 filmes distinguidos com esta ‘marca Cannes 2020’ são o resultado de uma ‘filtragem’ de cerca de 2.067 obras  —em 2019 foram ‘apenas’ 1.945 — vistas pelo comité de seleção, que provavelmente também se questionou se este ou aquele filme seria ou não perfeito para estrear só nas salas de cinema. A revelação destes números de candidatos à selecção, não deixa de ser uma indirecta ao Festival de Veneza — que por enquanto mantém as suas datas — tentando dizer subtilmente que os cineastas preferiram ver seu filme na ‘Seleção Cannes 2020’, mesmo com o cancelamento, do que participar na competição do Lido, em setembro. Certamente alguns destes filmes com a ‘marca Cannes 2020’ poderão no entanto competir em outros festivais como San Sebastian ou Toronto. Apesar da aparentemente ‘feroz’ competição entre os dois festivais, parece que as negociações mantêm-se, quanto à possibilidade de uma ‘secção Vennes’, que seria obviamente mais uma boa ajuda para a promoção internacional dos filmes. Isto é se Veneza se realizar. Facto é que não há nenhum filme italiano na Selecção Cannes 2020. Outro motivo de orgulho para organização é a presença de várias mulheres-cineastas nesta Seleção Cannes 2020: no total das longas-metragens são, 16 contra 14 em 2019. Outra particularidade mais ou menos óbvia é também o número de filmes franceses, algo que representa mais de um terço desta Seleção: ‘Uma recompensa pela sua qualidade’, responderam os organizadores, reafirmando ainda que a França além de produzir muitos filmes de qualidade, nestas circunstâncias ainda ajuda os filmes de outros países. A ‘Seleção Cannes 2020’ é sem dúvida baseada nas ilusões — e desilusões — e do que seria se estreassem na Croisette: ‘Esta seleção está aí e é linda’, disse Thierry Frémaux, entusiasticamente no seu comunicado de imprensa, finalizando com ‘o cinema está mais vivo do que nunca’. É verdade que filmes para estrear não faltam, resta saber se os espectadores vão libertar-se do sofá lá de casa, deixarem o streaming, aderirem e regressarem sem receios às salas de cinema. Se a ‘Seleção de Cannes 2020’, não for boa, concordo com Frémaux, é pelo menos linda e, o gesto é tudo!

Festival de Cannes
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Os Fiéis (que já estiveram pelo menos uma vez na Selecção Oficial)

The French Dispatch, de Wes Anderson

Eté 85, de François Ozon

Asa ga Kuru (True Mothers), de Naomi Kawase

Lovers Rock, de Steve McQueen

Mangrove, de Steve McQueen

Druk (Another Round), de Thomas Vinterberg

ADN (DNA), de Maïwenn

Last Words, de Jonathan Nossiter

Heaven: To The Land of Happiness, d’Im Sang-soo

El olvido que seremos, de Fernando Trueba

Peninsula, de Yeon Sang-ho

In the Dusk (Au crépuscule), de Sharunas Bartas

Des hommes, de Lucas Belvaux

The Real Thing, de Koji Fukada

Os Estreantes

Passion simple, de Danielle Arbid

A Good Man, de Marie-Castille Mention-Schaar

Les Choses qu’on dit, les choses qu’on fait, d’Emmanuel Mouret

Souad, d’Ayten Amin

Limbo, de Ben Sharrock

Rouge (Red Soil), de Farid Bentoumi

Sweat, de Magnus von Horn

Teddy, de Ludovic et Zoran Boukherma

February (Février), de Kamen Kalev

Ammonite, de Francis Lee

Un médecin de nuit, d’Elie Wajeman

Enfant terrible, d’Oskar Roehler

Nadia (Butterfly), de Pascal Plante

Here We Are, de Nir Bergman

Um filme colectivo (em segmentos)

Septet : The Story of Hongkong, d’Ann Hui, Johnnie To, Tsui Hark, Sammo Hung, Yuen Woo-Ping, Patrick Tam et Ringo Lam

Primeiras Obras

Falling, de Viggo Mortensen

Pleasure, de Ninja Thyberg

Slalom, de Charlène Favier

Casa de antiguidades (Memory House), de Joao Paulo Miranda Maria

Broken Keys (Fausse note), de Jimmy Keyrouz

Ibrahim, de Samir Guesmi

Beginning (Au commencement), de Dea Kulumbegashvili

Gagarine, de Fanny Liatard et Jérémy Trouilh

16 printemps, de Suzanne Lindon

Vaurien, de Peter Dourountzis

Garçon chiffon, de Nicolas Maury

Si le vent tombe (Should The Wind Fall), de Nora Martirosyan

John and The Hole, de Pascual Sisto

Striding into The Wind (Courir au gré du vent), de Wei Shujun

The Death of Cinema and My Father Too (La Mort du cinéma et de mon père aussi), de Dani Rosenberg

Documentários

En route pour le milliard (The Billion Road), de Dieudo Hamadi

The Truffle Hunters, de Michael Dweck et Gregory Kershaw

9 jours à Raqqa, de Xavier de Lauzanne

Comédias

Antoinette dans les Cévennes, de Caroline Vignal

Les Deux Alfred, de Bruno Podalydès

Un triomphe (The Big Hit), d’Emmanuel Courcol

L’Origine du monde, de Laurent Lafitte

Le Discours, de Laurent Tirard

Animações

Aya to Majo (Earwig and The Witch), de Goro Miyazaki

Flee, de Jonas Poher Rasmussen

Josep, d’Aurel

Soul, de Pete Docter

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