Just Mustard (foto de Pany Inthaxoum)

“Seven” é o novo single dos Just Mustard

No seu mais recente single “Seven”, a banda irlandesa Just Mustard combina a habitual aura taciturna inerente à sua sonoridade com uma ousada batida trip hop e orações abstractas, todavia emocionalmente profundas.

Após o lançamento, durante o mês de Junho, de um vinil de doze polegadas constituído pelas faixas “Frank” e “October”, esotéricas e perigosamente excitantes peças shoegaze pontuadas por uma batida hipnotizante, um denso lençol de distorção e feedback notavelmente conseguido pelas guitarras eléctricas aliadas aos pedais de efeitos e as melodias vocais taciturnas de Katie Ball, a banda de rock experimental irlandesa Just Mustard voltou à carga com a divulgação do single “Seven“, acompanhado de um teledisco realizado por Katie Ball, David Noonan e Graham Patterson.

Originário da cidade de Dundalk, o quinteto formado pela vocalista Katie Ball, os guitarristas David Noonan e Mete Kalyon, o baixista Rob Clarke e o baterista Shane Maguire iniciou em grande o seu ano de 2019, tendo sido nomeado, através do criticamente aclamado disco de estreia Wednesday (2018), para o Choice Music Prize, uma cerimónia anual que galardoa o melhor álbum de estúdio concebido por um(a) cantautor(a) ou banda nativos da Irlanda ou Irlanda do Norte, prémio que acabou por ser vencido pelo grupo de rock progressivo O Emperor e o seu disco de despedida, Jason (2018).

Capa do single “Seven”

Em Wednesday, álbum de estúdio afiliado à sua própria editora discográfica DIY, Pizza Pizza Records, deparamo-nos com uma sonoridade revivalista que cambaleia entre as ondas de reverberação do shoegaze, as texturas e melodias etéreas usualmente detectadas nos trabalhos das bandas dream pop e uma atmosfera obscura reminiscente dos três sombrios álbuns que integram a Trilogia dos The Cure: Pornography (1982), Disintegration (1989) e Bloodflowers (2000), sendo que os Just Mustard, juntamente com os Ride e The Twilight Sad, foram convidados pelos veteranos do rock gótico a abrir o seu muito antecipado concerto no Castelo de Malahide, durante o Verão de 2019. Estas características musicais sofreram um meticuloso aperfeiçoamento nas canções “Frank” e “October” e as letras de Katie Ball, mais introspectivas e reveladoras de um aumento de confiança da vocalista, foram realçadas na mistura.

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O desenvolvimento de uma sonoridade consistente e intrínseca ao grupo, porém com margem de manobra para experimentação, prosseguiu com o lançamento do mais recente single, “Seven”, uma canção previsivelmente sinistra e dotada de uma aura dark wave acentuada, contudo acolhedora de uma arrojada batida trip hop, “corpo estranho” na música dos Just Mustard até ao momento, e de guitarras psicadélicas que colidem, de modo curiosamente prazeroso, com as melodias vocais de Katie Ball, onde a reverberação se funde com orações abstractas de cariz religioso e alicerçadas nos fundamentos da fé. O teledisco conduz, apropriadamente, os herméticos temas abordados na canção, beneficiando de uma imagética que traz à memória os filmes do realizador chileno Alejandro Jodorowsky.

Elaborámos o teledisco para “Seven” com o nosso amigo Graham Patterson. Recorrendo à cinematografia, explorámos temas de perspectiva, percepção e fé, inspirando-nos na letra. A maioria dos acessórios no teledisco são objectos do meu quarto que transformámos em vilões. Encontrávamo-nos interessados em utilizar meios de comunicação distintos na narrativa, portanto incluímos algumas pinturas e animações em stop motion também. – Katie Ball

Vê o intrigante teledisco do single “Seven” e escuta a mais recente canção dos Just Mustard. Depois dos lançamentos de Dogrel (2019) dos Fontaines D.C. e When I Have Fears dos The Murder Capital, a música alternativa proveniente da Irlanda mantém-se assim em alta durante o ano de 2019, com o despontar de mais um conjunto de artistas promissores.

JUST MUSTARD | “SEVEN”

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