William Shakespeare: 10 inesperadas adaptações no Cinema
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E se te disséssemos que alguns dos teus filmes favoritos são, na verdade, adaptações escondidas da obra de William Shakespeare?
Em abril de 2020 celebram-se 404 anos da morte de William Shakespeare, um dos mais influentes dramaturgos da história da literatura e do teatro e que tem vindo a inspirar, ao longo de mais de quatro séculos, incontáveis adaptações, reinterpretações e novas explorações do seu riquíssimo repertório criativo.
Esta pareceu-nos pois a ocasião ideal para embarcar em mais uma viagem pelos recônditos caminhos da sétima arte e relembrar alguns dos teus filmes favoritos… que são, afinal e sem aviso, baseados na obra de Shakespeare.
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AMOR SEM BARREIRAS (1961)
Ainda estamos a aquecer e resolvemos arrancar a nossa corrida em prosa que admira o verso de forma fácil e acessível. Embarquemos num jato particular de Verona para Nova Iorque, coloquemos os headphones que substituem o diálogo shakespeariano pela gíria americana dos anos 50 e acrescentem-se uns harmoniosos concertos vocais a uns vistosos passos de dança e, por alturas da aterragem, sem dar por isso, já Romeu e Julieta são Tony e Maria.
O REI LEÃO (1994)
Há duas coisas a dizer sobre o reverenciado clássico da Disney: a primeira é que nos apresenta a história de um príncipe cujo pai (e rei) é assassinado pelo tio. Quando o príncipe descobre a verdade depois de falar com o espírito do pai, decide vingar a morte do pai e lutar contra o tio. A segunda é que… bom, Hamlet. Ainda que seja manifestamente menos traumatizante – ainda choramos por ti, Mufasa, mas pelo menos não morrem todos no final – e protagonizado por felinos cantantes, parece que O Rei Leão é uma interpretação bastante fiel do clássico shakespeariano. E ainda há mais: se olharmos bem de perto, não é que O Rei Leão 2 é uma espécie de Romeu e Julieta?
10 Coisas que Odeio em Ti (1999)
Se há coisa em que seria extremamente difícil de acreditar há coisa de 400 anos é que o peculiar estilo shakespeariano combinasse tão bem com comédias românticas de adolescentes. Ora veja-se O (de 2001, baseado em Otelo), Ela… é Ele (de 2006, baseado em Noite de Reis) ou Esquece… e Siga (de 2001, baseado em Sonho de Uma Noite de Verão). A nossa metamorfose favorita é, no entanto, a de A Fera Amansada em 10 Coisas que Odeio em Ti, mais conhecido como “o filme que fez com que o universo se apaixonasse pela serenata de Heath Ledger”.
BIG BUSINESS (1988)
A Comédia dos Erros não é propriamente um dos mais famosos escritos de Shakespeare, mas é certamente um dos mais divertidos, seguindo as desventuras de dois pares de gémeos separados à nascença e criados por pais diferentes (uns ricos, outros pobres) que se reencontram mais tarde, durante a vida adulta. Esta parece ter sido razão mais do que suficiente para inspirar Jim Abrahams a dirigir Big Business onde Bette Midler e Lily Tomlin dão corpo e fôlego para gargalhadas às quatro mulheres na caricata situação.
HOMEM MAU DORME BEM (1960)
Foram várias as ocasiões em que, ao longo da sua carreira, Akira Kurosawa prestou reverência ao génio de Shakespeare através da transposição das histórias do dramaturgo inglês para a sua obra cinematográfica. Entre Trono de Sangue (a adaptação de Macbeth favorita de Michael Fassbender) e Ran – Senhores da Guerra (que se inspira mais do que levemente em Rei Lear), Kurosawa lançou Homem Mau Dorme Bem, que é possivelmente a sua mais subtil homenagem ao Bardo, mais especificamente, a Hamlet. Substituindo a putrefação do Reino da Dinamarca pela fétida realidade corporativa do Japão nos anos 60, toma lugar uma luta pelo poder nas posições de topo de uma empresa que nos direciona para um consequente homicídio e plano de vingança.
SANGUE QUENTE (2013)
Desbravando os trilhos da mais inveterada estranheza das adaptações shakespearianas, chegamos a um ponto em que se torna difícil mascarar o cansaço da repetição de tão badalada trágica história de amor. Que de outra forma seria possível contar a história de Romeu e Julieta? Como acrescentar-lhe algo novo? A resposta: zombies. Zombies numa comédia romântica, é claro. De facto, não há paixão mais malfadada que aquela entre um morto-vivo monossilábico chamado R(omeu) e uma humana de sangue na guelra de seu nome Julie(ta). Mas se se pergunta como é que Romeu pode morrer se, tecnicamente, já está morto… aproveita para assistir e confirmar.
PLANETA PROIBIDO (1956)
Planeta Proibido é relembrado por diversas razões: é o primeiro filme da história a ser inteiramente passado no espaço, um landmark no cinema de ficção científica e um enorme clássico de culto. Mas o ambiente alienígena do filme de Fred M. Wilcox esconde outro valoroso facto trivial: o “apadrinhamento” de Shakespeare. Os lasers e robôs podem roubar quase todas as atenções, mas a história de magia e amor de A Tempestade é facilmente reconhecível no emaranhado de tecnologia futurista e astronautas apavorados. Afinal, quem disse que Shakespeare não podia ir ao espaço?
A CAMINHO DE IDAHO (1991)
O filme de Gus Van Sant sobre dois “gigolos” rebeldes em busca do seu destino não nasceu como uma adaptação da obra de Shakespeare de gema, mas cresceu orgulhosamente para tornar numa. De facto, A Caminho de Idaho começou por se inspirar no romance “City of Night” de John Rechy e as experiências pessoais do realizador. No entanto, a páginas tantas, tornou-se tão claro que o enredo e os obstáculos dos personagens eram tão próximos dos de Henrique IV e Henrique V que reescreveu todo o argumento para se abeirar ainda mais da narrativa do Bardo de Avon.
STRANGE BREW (1983)
Em poucas palavras, Strange Brew é uma peculiar comédia de culto sobre um par de irmãos canadianos com muita queda para a bebida que começa a trabalhar numa cervejeira dirigida por um psicopata que usa cerveja contaminada para tentar conquistar o mundo. Ah! Quase nos esquecíamos, e é baseado em Hamlet. Hamlet, leste mesmo bem à primeira: de facto, o enredo envolve um dono de uma cervejeira (que, não por acaso, se chama Elsinore) que é assassinado pelo irmão que subsequentemente casa com a sua cunhada que não inconsequentemente tem uma filha que fala com o espírito do pai morto no ecrã de um videojogo. Hamlet já teve muitas apropriações, boas e más, mas esta é certamente uma das mais bizarras.
POCAHONTAS (1995)
Sim, Pocahontas é baseada numa celebrada figura histórica do mesmo nome, mas e se lhe disséssemos que o filme da Disney é, na verdade, mais próximo de uma adaptação de A Tempestade de Shakespeare do que de um relato fiel da história icónica indígena? Nós sabemos o que estás a pensar, mas pedimos-te calma neste momento de assinalada dificuldade e tensão. Senta-te, e juntos seremos fortes, mesmo perante esta inesperada revelação que vem destruir tudo aquilo em que acreditávamos desde a infância, por isso, respiremos fundo. De facto, A Tempestade conta a história de uma guerra que se inicia quando um grupo de viajantes chega a uma terra já habitada e, evidentemente, os dois lados não se entendem. No final, e como sempre deveria ser, o Amor prevalece. E ainda bem, mas depois desta… precisamos mesmo de uma sesta.
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Que outras inesperadas adaptações de William Shakespeare colocarias na lista?
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