Stephen King revela o motivo de existir um erro ortográfico neste famoso livro
Nas profundezas do terror literário de Stephen King, por vezes os detalhes mais simples escondem as verdades mais perturbadoras.
No universo da literatura de terror, poucos nomes carregam tanto peso como o de Stephen King. O mestre do horror, responsável por obras que definiram gerações, como “Carrie“, “The Shinning” e “It“, tem uma habilidade quase sobrenatural para transformar o quotidiano em pesadelo. Entre as suas inúmeras obras, destaca-se uma que tem gerado discussões por uma peculiaridade ortográfica que intriga leitores há décadas. Falo, obviamente, de “Pet Sematary“, um título que, à primeira vista, parece conter um erro ortográfico gritante. Mas será mesmo um erro?
O cemitério dos animais existe
O livro “Pet Sematary” (Wook) de Stephen King centra-se num cemitério de animais construído sobre um antigo terreno sagrado indígena, com o poder macabro de ressuscitar qualquer ser ali enterrado. Quando o jovem filho da família Creed morre num trágico acidente, o pai, Louis, decide enterrá-lo neste local, esperando o seu regresso. Contudo, como sabiamente adverte a personagem Jud Crandall, “Por vezes, é melhor estar morto”, e a família Creed aprende da forma mais dura a não interferir no ciclo natural da vida, quando o filho regressa como uma entidade maligna.
O mais fascinante é que, de acordo com a Collider, esta história tem raízes na vida real de Stephen King. Em 1979, enquanto trabalhava como escritor residente na Universidade do Maine, o autor vivia numa casa alugada em Orrington, perto de uma estrada movimentada onde frequentemente pessoas atropelavam cães e gatos. As crianças locais criaram um cemitério para animais de estimação nos bosques atrás da sua casa, para honrar os animais falecidos. Certo dia, um camião atropelou o gato da filha de King, e ele decidiu enterrá-lo neste cemitério improvisado.
Após explicar a situação à filha, Stephen King começou a questionar-se sobre o que aconteceria se uma família perdesse o seu animal de estimação e, em vez de contar aos filhos, simplesmente enterrasse o animal naquele cemitério. A ideia evoluiu para a possibilidade arrepiante do animal regressar no dia seguinte, vivo mas completamente diferente. “Lembro-me de atravessar a estrada e pensar que o gato tinha sido morto na estrada — e pensei, e se uma criança morresse naquela estrada?”, partilhou King em “The Essential Stephen King“, revelando como as experiências pessoais se entrelaçaram para criar esta obra-prima do terror.
“Pet Sematary” adiciona uma camada à história de Stephen King
O título aparentemente mal escrito não é um erro editorial ou um descuido do autor. Stephen King revelou que o sinal do cemitério de animais perto da sua casa estava realmente escrito como “Pet Sematary”. O sinal tinha sido criado por crianças que, naturalmente, não eram os melhores ortografistas. Esta explicação foi, eventualmente, também incorporada no livro. As crianças locais encontraram o cemitério e assumiram a responsabilidade de cuidar dele, criando um sinal onde escreveram incorretamente a palavra “cemetery”.
A inocência infantil refletida neste erro ortográfico amplifica a devastação da narrativa. O Cemitério dos Animais é onde famílias enterram os seus animais de estimação, e onde o patriarca da família Creed decide enterrar o seu filho. É um local de repouso para os inocentes, cujos entes queridos não estão prontos para dizer adeus, mas que regressam com crueldade.
Assim, esta justaposição entre a inocência infantil representada pelo erro ortográfico e os horrores que emergem do cemitério reforça a mensagem central do romance: a morte e o ciclo da vida não são para ser manipulados. O Cemitério dos Animais é um local de descanso para animais domésticos, criaturas inocentes trazidas para lares amorosos para proporcionar um pouco mais de alegria, mas de onde despertam coisas brutais. A inocência infantil da ortografia usada por Stephen King apenas torna esse elemento da história ainda mais difícil de digerir.
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