Steve Jobs, uma segunda análise

 

O filme de Danny Boyle está a ser muito aplaudido pela crítica e sobretudo a interpretação de Michael Fassbender é excepcional e brilhante. Seja como for este é o filme biográfico mais fiel à descrição da complexa personalidade do visionário fundador da Apple.

FICHA TÉCNICA

Título Original: ‘Steve Jobs’
Realizador: Danny Boyle
Elenco: Michael Fassbender, Kate Winslet,  Jeff Daniels
Género: Drama
NOS | 2015 | 122 min[starreviewmulti id=18 tpl=20 style=’oxygen_gif’ average_stars=’oxygen_gif’] 

 

Vale a pena ler ‘Steve Jobs’, de Walter Isaacson, para entender a responsabilidade do último filme do premiado realizador Danny Boyle (‘Quem Quer Ser um Milionário?’). ‘Steve Jobs’ é baseado numa biografia oficial (indirectamente encomendada pelo próprio), dramatizada por Aaron Sorkin, o mesmo argumentista de ‘Rede Social’, o filme sobre Mark Zuckerberg e o Facebook. No entanto, começou logo mal aquele que pode ser considerado, o melhor biopic até agora feito e que revela sem pruridos, a complexa personalidade do criador da Apple. Primeiro por pressões da família de Jobs, que não atinou com o conteúdo final do livro do ex-jornalista da Time, logo com a feitura do filme, a partir da obra. Boyle substituiu David Fincher, que desistiu entretanto do projeto, segundo consta por desentendimentos com a Sony (o filme agora é da Universal), em relação ao ‘budget’ e aos protagonistas. Sabendo que estiveram na calha, Christian Bale e Leonardo Di Caprio, para interpretarem Jobs. Steve Wozniak, sócio de Jobs na criação da Apple, trabalhou como consultor do argumento e considera que finalmente neste filme é-lhe feita justiça, em relação ao seu importante papel e da equipa na construção da marca e dos produtos da maçã e não unicamente pelo mérito de Steve Jobs.

Enquanto Steve Jobs (Michael Fassbender) está a preparar as apresentações de novos produtos é confrontado com pessoas e memórias das suas conflituosas relações familiares e laborais: Steve Wozniak (Seth Rogen), que esteve no início do fundação da Apple, John Sculley (Jeff Daniels), ex-CEO da Apple e ‘o homem que demitiu Steve Jobs’, Lisa Jobs, a filha que Jobs recusou a reconhecer como sua (Makenzie Moss, Ripley Sobo, Perla Haney-Jardine), e Andy Hertzfeld (Michael Stuhlbarg), o programador-chefe da equipa original que criou a primeira máquina Macintosh e teve dificuldade em pô-la a dizer ‘Olá’. Joanna Hoffman (Kate Winslet), a responsável pelo marketing e um dos membros da equipa original da Apple, vai acompanhando-o fielmente nestes momentos, já que esteve sempre ao lado de Steve Jobs durante anos e é a única pessoa que consegue confrontar o seu autoritarismo.

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‘Steve Jobs’ é um filme dividido em 3 atos, como numa estrutura teatral, passados cada um num único dia: o lançamento do Macintosh, (1984); o lançamento do Next, (1988), quando Jobs estava fora da Apple; o lançamento do iMac (1998), quando regressou à empresa. A acção de todo o filme decorre nos bastidores (faz lembrar um pouco ‘Birdman’, de Alejandro González Iñarritu) do lançamento destes três importantes produtos que marcaram a vida do criador e os utilizadores Mac. Naturalmente esta estrutura, mesmo com diálogos simples e rápidos (como é apanágio de Aaron Sorokin), faz-nos sentir como estivéssemos a assistir quase a uma peça de teatro, pois são quase excluídos os exteriores e as sequências do passado. No entanto, ‘Steve Jobs’ é um filme de palavras e de composição de personagens, que obviamente se torna um prazer para os espectadores que querem conhecer melhor a personalidade de Jobs e sobretudo um argumento que é um grande desafio para o trabalho dos actores, principalmente para Michael Fassebender. 

Michael Fassbender é na verdade brilhante na representação da arrogância e egocentrismo de Jobs. Apesar de não ser parecido fisicamente com Jobs, faz-nos acreditar que está ali o retrato fiel do génio visionário, que não era uma grande informático, como o filme demonstra (o fracasso do Nexus), mas sabia compreender as necessidade dos utilizadores. E por isso não se lhe pode tirar a glória, mesmo com todas as suas contradições. A bela Kate Winslet está extraordinária no seu papel de Joanna Hoffman. A sua interação com Fassbender é perfeita e . É provável que os dois actores, mesmo com o fracasso de bilheteira nos EUA, venham a estar nomeados para os diversos prémios de interpretação do ano. ‘Steve Jobs’ é um bom filme mas apesar de tudo, é difícil não cair em tentação de imaginar como seria se tivesse sido realizado por David Fincher.

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JVM

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