The Last of us – Entrevista com Ashley Johnson (Ellie)

 

A convite da PlayStation Portugal, a Magazine HD deslocou-se até Madrid para assistir à apresentação de The Last of us Remastered para a PS4. Tivemos a oportunidade de experimentar o jogo, ver as diferenças entre as versões PS3 e PS4, e ainda entrevistar Arne Meyer (Gestor de Comunidade da Naughty Dog) e Ashley Johnson (a famosa atriz que deu voz e corpo a Ellie).

Hoje deixamos-vos com a entrevista a Ashley Johnson, a atriz que deu a sua voz a Ellie (vencedora de um BAFTA pela sua participação no jogo) e que também a interpretou na captação de movimentos. Extremamente prestável e sorridente, Ashley deu-nos uma rápida entrevista em que mostrou o quanto gostou da experiência.

arne e ashley

 

Magazine HD: Olá Ashley. Para começar temos de lhe dar os parabéns, não só pelo jogo, mas pelo que conseguiu fazer com a personagem. Acreditamos que é difícil não adorar a Ellie quando estamos a jogar The Last of us.

Ashley: Obrigada. Fico muito contente por isso.

MHD: Em primeiro lugar, jogou o jogo?

Ashley: Sim, joguei-o até ao fim.

MHD: E o que achou do final?

Ashley: [risos] Eu sei que não foi um final consensual. Algumas pessoas ficaram um pouco chateadas por ser um final que deixa algumas questões em aberto. Talvez quisessem algo mais definitivo. Eu adorei-o porque deixa espaço à interpretação de cada um.

MHD: É a decisão do Joel que faz sentido…

Ashley: Sim. É a que mais se adequa com ele.

MHD: É fácil dar voz a uma personagem num jogo tão intenso quanto este?

Ashley: Em alguns aspetos é fácil. Estivemos quase três anos a fazer as filmagens para este jogo e aos poucos habituei-me a representar a Ellie com naturalidade. Existiu uma fusão entre mim e ela, e acredito que não sou assim tão diferente da Ellie. Obviamente não tenho 14 anos como ela [risos], mas não muito difícil. É intenso, porque não é um jogo de comédia e foram muitos dias, e no fim dos dias nem sempre me sentia muito feliz porque existiam momentos intensos, mas foi uma experiência excelente.

MHD: Existiu algum momento realmente difícil de interpretar?

Ashley: Existiram algumas. A sequência do inverno foi a mais difícil porque foi a mais intensa. Estava sempre a ferir-me, sempre a cair de locais e a bater em coisas, e a gritar… existiu um momento particularmente difícil, quando a Ellie desaparece e o Joel a procura e ela está a ler o diário e lhe diz que já sabe sobre a Sarah, essa cena demorou bastante tempo até ficar bem feita. Precisámos de algum tempo até perceber o que era preciso para ficar como queríamos.

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MHD: Tendo já feito vários filmes, consegue dizer-nos o que é mais fácil de fazer? No cinema vemos o ator, mas no jogo ele desaparece, e com a voz são obrigados a transmitir muito mais… é mais difícil algum dos casos ou é apenas diferente?

Ashley: Acho que é apenas diferente. Nos jogos por vezes é difícil porque temos de imaginar tudo o que nos rodeia quando estamos nas capturas de movimentos, mas não diria que é mais difícil. Algo bom das capturas de movimentos é que conseguimos fazer muito mais um dia. Conseguimos fazer a mesma cena várias vezes seguidas, em oposição aos filmes em que tudo tem de ser retomado com as câmaras nos locais corretos, e temos de esperar bastante entre os vários takes. Torna-se difícil estarmos continuamente no mesmo estado de espírito durante um dia inteiro quando estamos a filmar para o cinema e aqui podemos continuar a fazer a cena vezes sem conta, e é isso que adoro na captura de movimentos.

MHD: É, então, uma experiência a repetir?

Ashley: [risos] Sim, sem dúvida.

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MHD: Se existisse a possibilidade de voltar a interpretar a Ellie, preferia uma Ellie mais jovem ou mais adulta?

Ashley: Oh, essa é uma questão interessante. Acho que não tenho uma resposta definitiva, mas acredito que seja mais interessante ver qual o caminho que seguiu e como está quando for mais velha… sim, acho que preferia que fosse mais adulta. Não sei o que você preferiria…[risos]

MHD: Definitivamente uma mais adulta.

Ashley: Sim, acho que seria uma história mais interessante ser uma continuação.

MHD: Eu adorei o final, mas gostaria imenso de jogar uma sequela.

Ashley: [risos] Ainda bem!

MHD: É comum no cinema sabermos que os atores fazem um grande trabalho de casa antes de começarem a interpretar uma personagem. Fez algum trabalho de casa especial para esta aventura? E até que ponto esta preparação é diferente da que faz para um filme?

Ashley: No meu caso a preparação é a mesma. O essencial é conhecermos a personagem, o seu passado, o que gosta, o que odeia. O que acreditas e o que não acreditas. O que ajudou imenso foi a própria escrita do enredo que estava fantástica. Neil é um grande escritor e tivemos muitas oportunidades de conversarmos antes de começarem as filmagens e assim quando tudo começou foi muito mais fácil chegar a fazer o que era preciso.

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MHD: tentando não conter muitos spoilers nesta pergunta, a verdade é que durante o jogo a narrativa empurra-nos para uma sensação de que existem dois finais possíveis: a Ellie salva o mundo ou morre. A verdade é que nenhum destes acontece. Sabia desde o início qual era o final do jogo?

Ashley: [risos] Bem visto… Não, não sabia. No início existe outro final que estava a ser pensado, tal como existiam outras personagens que não chegaram a aparecer no jogo. Quando filmámos esse final, o Neil dissemos que já sabia o que queria fazer, e quando nos contou todos dissemos que teria de ser feito.

ps4 last of us

MHD: Existiu algum momento na sua vida em que a falar com uma pessoa, a reconhecessem como Ellie? Durante esta entrevista já reparei que as vossas vozes não são exatamente iguais, mas já aconteceu alguém a reconhecer?

Ashley: Sim, não são bem iguais, mas já aconteceu. Numa ocasião uma pessoa disse-me “oh, tu pareces tanto uma personagem de um videojogo que tu, provavelmente, nunca ouviste falar…” e eu respondo “ah, sim, eu já sei qual é o jogo”… [risos].

MHD: Uma pergunta final. Tendo em conta que como atriz, pode estar por fora da parte gráfica, sonora e jogabilidade, mesmo assim sentiu que estava a participar num dos melhores jogos da sua geração?

Ashley: Sim, aos poucos. Mas é algo estranho porque enquanto estamos nas gravações nunca sabemos qual serão as reações das pessoas. Mas depois, sim, fui percebendo, principalmente após o lançamento do Left Behind (DLC), com tantos fãs a enviarem-me cartas, principalmente jogadoras, comecei a falar com muitos fãs e a perceber o que tinha significado para eles o jogo, e é algo incrível, porque é apenas um jogo, mas a forma como as pessoas se ligaram à história, em qualquer que seja o sentido, significa mesmo muito. Sinto-me uma privilegiada  por fazer parte deste jogo.

 

LP

 

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