©Arlindo Camacho/ Nos Alive

NOS Alive 2022 | O rock melancólico dos The War on Drugs

No primeiro dia do NOS Alive 2022, 6 de julho, os The War on Drugs tiveram a seu cargo uma tarefa algo desafiante: ser a banda de transição, no Palco NOS Stage, entre o animadíssimo concerto de Jungle e o cabeça de cartaz que se aproximava. Falamos dos cada vez mais polémicos The Strokes.

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A banda norte-americana The War on Drugs estreou-se, em 2008, com o álbum “Wagonwheel Blues”. Passados quatorze anos de carreira, a composição do grupo sofreu alterações mas algo se manteve constante. Na dianteira do projeto encontramos o frontman – leia-se líder – Adam Granduciel, co-fundador que se assume como guitarrista, compositor, produtor e vocalista.

O grupo de indie rock que ora toca o género mais alternativo, ora abraça o rock mais clássico, vê-se em muito influenciado pela jornada pessoal de Granduciel. Nomeadamente, Bruce Springsteen é um enorme herói pessoal e artístico para o músico dos The War on Drugs e, por isso, não é surpreendente que os seus rocks se casem de formas evidentes e complementares.

No concerto que decorreu no dia 6 de julho, no NOS Alive, e que nos embalou na transição do dia para a noite, pudemos ouvir estas influências de forma muito clara. A música de The War on Drugs, especialmente a mais recente e que mais se ouviu neste grande palco de Algés, é pautada por um toque de retro casado com rock contemporâneo. Como banda que começou num registo mais experimental, os The War on Drugs exibem agora, perante os festivaleiros e festivaleiras, um rock por vezes muito brando mas harmónico.

Quanto à multidão que já aguardava The Strokes, não se comprometia demasiado, não fossem os registos dos dois grupos algo distintos. Não obstante, mesmo com interação reduzida, a banda oriunda de Filadélfia e composta por Granduciel na voz e na guitarra, David Hartley no baixo, Robbie Bennett nos teclados, Anthony LaMarca na guitarra, Jon Natchez no saxofone e teclados e ainda por Charlie Hall na bateria, foi capaz de entregar um espetáculo sólido. O alinhamento passou por nove temas essenciais que integram o repertório de uma banda que já vai exibindo uma carreira longa e respeitável.

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©Arlindo Camacho/ Nos Alive

“I Don’t Live Here Anymore”, disco de originais lançado em 2021, o quinto no historial da banda, naturalmente dominou a setlist do espetáculo, mas houve ainda tempo para ouvir (e sentir) várias músicas de “Lost in the Dream” (2014), álbum escrito e rescrito ao longo de dois anos e que toca em géneros diversificados como o indie rock, a Americana – uma amálgama de influências muito próprias ao território dos EUA que passa por géneros como o folk, o blues e o country – ou até o rock psicadélico.

O disco “Lost in the Dream”, centrado em temas como a depressão, solidão e alienação, foi recebido pela crítica especializada com aclamação generalizada e recuperar estas canções no palco principal do NOS Alive, perante alguns dos grandes fãs da banda presentes, constituiu um momento de elevada cumplicidade. “Lost in the Dream”, música que partilha o título com o álbum, afigurou-se como um dos pontos altos do alinhamento.

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Para fechar o conjunto de músicas apresentadas pela terceira banda a subir ao maior palco do Nos Alive na edição de 2022, ouvimos a canção “I Don’t Live Here Anymore”. Um final valoroso, com uma música repleta de influências dos anos 80 mas que, do ponto de vista lírico, em tudo se relaciona com a angústia existencial dos tempos atuais. Não fosse este mais um álbum de pandemia que agora conseguiu finalmente ser ouvido e sentido, junto do grande público da arena dos festivais.

THE WAR ON DRUGS NO NOS ALIVE 2022 | I DON’T LIVE HERE ANYMORE FECHOU O ALINHAMENTO

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