A razão de J. R. R. Tolkien (Senhor dos Anéis) criticar fortemente a Disney
J. R. R. Tolkien é um autor conhecido por “O Hobbit”, um livro infantil que marcou gerações. No entanto, sabias que ele criticava Walt Disney e o seu império?
Para a maioria de nós, Disney significa horas, dias e anos bem passados ao lado das nossas personagens favoritas. “Papuça e Dentuça”, “Toy Story” e “Branca de Neve” são alguns dos clássicos que conquistaram gerações, tidos como os favoritos de muitas pessoas. Isto, claro, para não falar nos eternos Mickey Mouse, Minnie, Pato Donald e tantos outros.
Walter Elias Disney (1901 – 1966) foi um animador, ator, produtor, e empresário que ficou conhecido como o criador da Walt Disney. Ele foi também o responsável por inovar o género da animação, apresentando ao mundo novidades como curtas com som sincronizado (“Steamboat Willie”, 1928), e a primeira-longa metragem animada (“A Branca de Neve e os Sete Anões”, 1937).
A sua Disneyland, um parque temático que destacava as criações de Walt Disney, revolucionando assim o entretenimento familiar, mudando de forma radical o modo como as famílias interagiam com os seus filhos. Mas, claro, nem tudo era positivo e J. R. R. Tolkien, o autor que nos deu “O Hobbit” e “O Senhor dos Anéis“, era um dos seus maiores críticos.
J. R. R. Tolkien criticava fortemente Walt Disney
Sabemos, por exemplo, através de documentos encontrados no “J.R.R. Tolkien Companion and Guide“, que J. R. R. Tolkien recusou ver “A Branca de Neve e os Sete Anões” na sua estreia. C.S. Lewis, autor do livro infantil “As Crónicas de Nárnia“, viu e odiou (exceto a animação dos animais, que elogiou). Contudo, ele queria a opinião de Tolkien e acabou por convencer o amigo a ver a obra. Os anões e os contos de fada simplistas, foram apenas algumas das muitas criticas.
Numa carta a J.L. Curry (uma fã da Universidade de Stanford), o autor britânico refere: “Reconheço o seu talento, mas parece-me sempre um corrupto sem emenda. (…) É um malandro: desejoso de enganar os menos experientes, com truques suficientemente ‘legais’ para o manter fora da cadeia”.
Os anões da mitologia nórdica de Tolkien vs Branca de Neve
Quem leu os livros de J. R. R. Tolkien ou viu os filmes de Peter Jackson que os adaptam ao cinema, lembra-se dos anões do autor britânico. Complexos, orgulhosos e com um q.b. de arrogância, os anões de Tolkien são guerreiros inspirados na mitologia nórdica. Já para Walt Disney, eles são criaturas brincalhonas, divertidas, e simples.
“Os anões devem ser feios claro, mas não daquela forma”, afirma o autor em documentos publicados no “J.R.R. Tolkien Companion and Guide”. A interpretação de Disney, era “insultuosa” e “pouco digna”. E, curiosamente, essa mesma interpretação tem começado algumas conversas sobre o quão “A Branca de Neve os Sete Anões” denigre as pessoas com nanismo. Algo que nunca aconteceu com os anões de Tolkien.
Os contos de fadas simplistas e infantis
É verdade que os filmes de Walt Disney são para crianças. São assim divertidos e leves. Contudo, para Tolkien, aqueles primeiros filmes era demasiado simples e “infantis”. No texto “On Fairy-stories”, publicado em 1947, o autor sublinha a importância dos contos de fadas reterem o lado negro da vida. Em suma, filmes como “Branca de Neve”, simplificavam a vida e, apesar de um certo tom negro, não aprofundava temas que Tolkien acreditava serem importantes incutir ou explorar junto das crianças.
De facto, quem conhece o conto original dos Irmãos Grimm, sabe que a história era bastante mais complexa e negra. Terá Disney acreditado que era demasiado “chocante” para as crianças americanas do seu tempo? Prevendo talvez uma mudança de mentalidades que viria a “censurar” e regulamentar animações nos anos 80 e 90.
É importante também lembrar os filmes e curtas a que J. R. R. Tolkien teve acesso ao longo da sua vida. Por exemplo, “Branca de Neve” (1937), “Pinocchio” (1940), “Fantasia” (1940), “Bambi” (1942), ou “Cinderella” (1950). Apesar de todos incluirem temas “negros”, fazem-no de forma superficial, passando rapidamente para algo divertido e leve.
A comercialização e o capitalismo do Império Disney
“Um malandro: desejoso de enganar os menos experientes, com truques suficientemente ‘legais’ para o manter fora da cadeia”. Esta descrição de Walt Disney basta para compreender o desdenho de Tolkien pelo criador de “Branca de Neve”. Em diversas cartas e documentos deixados pelo autor britânico, fica claro que a falta de “paixão pela sua criação” era um elemento bastante criticado.
A comercialização dos projetos, com merchandise e parques temáticos, mostravam um lado “ganancioso” de Walt Disney, pouco apreciado por Tolkien – que, apesar disto, assumia em cartas que compreendia a importância de “fazer dinheiro”, mas não da forma que Disney o entendia.
J. R. R. Tolkien criticava tanto Walt Disney que se recusou a trabalhar com ele, quando convidado para adaptar “O Senhor dos Anéis”. Curiosamente, “Tolkien” foi o primeiro filme produzido pela Fox Searchlight Pictures após a sua compra pela Disney. Coincidência? Talvez o autor de “O Hobbit” não acreditasse. E tu? O que pensas da comparação entre a obra de Tolkien e Disney?