Viral, em análise

Uma espécie de híbrido entre 28 Dias Depois e O Renascer dos Mortos, Viral é uma surpreendente experiência de terror que não podes perder em sala.

Temos de ser honestos: ainda não tínhamos acabado de ler a sinopse de Viral e já estávamos a revirar os olhos: “mais um apocalipse pandémico com uma espécie de zombies a mascar membros humanos decepados não é propriamente a última Coca-Cola do deserto”.

Mas eis senão quando, em pleno visionamento, reparamos que o filme de Henry Joost e Ariel Schulman (Atividade Paranormal 3) é afinal um sólido drama de terror e ficção científica que acompanha, é verdade, a difusão de um vírus que elimina a maior parte da população humana, mas que em vez de apostar na gasta perspetiva do domínio zombie, vira o foco para o arco narrativo de uma jovem mulher que documenta a sua nova vida em quarentena enquanto tenta sobreviver.

Neste pesadelo vívido de Joost e Schulman, os realizadores provam que, não obstante o estatuo de indie e o lançamento direto para o mercado de VOD e Homevideo nos Estados Unidos, Viral é uma pequena exploração de terror dramático que nunca se sente amadora ou grosseira – também em virtude do primor técnico envolvido, desde o elenco dedicado, à impecável fotografia de Magdalena Górka que capta de forma limpa os tons torrados da costa Oeste sem esquecer os simples e diretos mas eficazes efeitos visuais levados a cabo na expansão do surto.

O trato da eclosão pandémica é feito com dinamismo, mas não é gratuito, e o tempo que passamos no primeiro ato a investir na relação entre os protagonistas tem os seus ganhos ao conseguir gerar um núcleo de personagens que, genuinamente, temos interesse e preocupação em seguir – de facto, Viral não se revela tanto um filme de terror sobre uma temível epidemia, mas sobretudo uma exploração do laço que une duas irmãs. Vale aqui a pena também salutar o argumento muitas vezes superior em relação ao género, que não se contenta em riscar lugares-comuns, mas que toma a liberdade de se estender sempre que necessário, não entrando também na infeliz “tendência estupidificante”  que tanto permeia o género de terror na atualidade.

Resumindo e concluindo, Viral é um pequeno Caso de Sucesso: para os fãs do género pós-apocalíptico ou das epopeias infecciosas da contemporaneidade, é uma deliciosa experiência em pequena escala criada com afeto e respeito pelo género, para os adeptos do body horror também podem esperar alguns regalos que garantem o impulso de desviar o olhar.

Apesar de tocar em temas largamente familiares e de ter alguns problemas graves de ritmo, Viral esconde desvarios misteriosos e inteligentes que divergem dos habitués do género, é constantemente arrepiante e ocasionalmente assustador, o que o torna rapidamente uma paragem obrigatória para os admiradores do género de terror.

Viral, em análise
  • Catarina de Oliveira - 70
  • Rui Ribeiro - 65
68

Um resumo

Sem ser particularmente vistoso, Viral é uma entrada honrada e humilde no género de terror pós-apocalíptico que garante um bom serão pipoca.

O MELHOR: A abordagem relativamente diferenciadora que faz do cenário pós-apocalíptico.

O PIOR: Algum desaproveitamento de certas linhas temáticas que tornam o filme relativamente inofensivo.

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