Berlinale 66 (Dia 7): O Milagre da Família
Depois de ‘Submarino’, que esteve na Berlinale 2010, o realizador dinamarquês Thomas Vinterberg regressou com este ‘The Commune’, um dos melhores filmes até agora apresentados, na competição. A ciberpirataria e utilização descontrolada das novas tecnologia é fortemente abordada em ‘Zero Days’, do oscarizado documentarista Alex Gibney.
The Commune do realizador Thomas Vinterberg, é um filme baseado em parte nas suas experiências da infância, na década de 70. Erik, é um professor de arquitetura, que herda do pai um grande e antiga casa, nos arredores de Copenhaga. A sua esposa Anna, uma famosa apresentadora de televisão, sugere convidarem amigos para vir morar nesta casa enorme. Desta forma, esperava fugir ao tédio que começou a instalar-se no seu casamento com Erik. Cerca de doze pessoas, mulheres, homens e duas crianças mudam-se para a casa de campo, passando todos a tomarem decisões coletivas, a participarem em discussões e até a nadarem nus juntos, no lago de Oresund nas proximidades.
‘…é um excelente drama e um belo retrata familiar sobre uma experiência de vida em comunidade…’
Este frágil equilíbrio é ameaçado quando Erik se apaixona por uma aluna e a jovem acaba por mudar-se também lá para a casa. Freja, a filha adolescente de Erik e Anna, vai observando todos estes acontecimentos e vai procurar o seu próprio caminho. The Commune é um excelente drama e um belo retrato familiar sobre uma experiência de vida em comunidade, e em que a liberdade e tradição acabam por se confrontar, numa promessa de felicidade que na pratica não pode funcionar.
‘…este complexo vírus acabou não só por infectar seu alvo, mas também por se espalhar sem controlo…’
Neste seu novo filme, intitulado Zero Days, o documentarista Alex Gibney (premiado com o Óscar por Taxi to the Dark Side) procura desvendar os males do fenómeno Stuxnet, um poderoso vírus de computador auto-replicante, que foi descoberto em 2010, por especialistas internacionais de informática. Aparentemente encomendado pelos governos de Israel e EUA, este vírus foi criado especificamente para sabotar o programa nuclear iraniano. No entanto, este complexo vírus de computador acabou não só infectar seu alvo, mas também por se espalhar sem controlo, por outras plataformas informáticas. Embora negado oficialmente, o documentário demonstra que o Stuxnet foi criado pelas duas forças aliadas para defender os seus próprios interesses, abrindo uma caixa de Pandora e uma guerra cibernética.
‘…foi criado pelas duas forças aliadas, abrindo uma caixa de Pandora e uma guerra cibernética.’
No filme de Gibney, alguns testemunhos relatam o desenvolvimento programa com o nome de código do Olimpic Games, um virus capaz de paralisar as infra-estruturas informáticas de estados inteiros, numa fração de segundos, sem deixar qualquer vestígio dos responsáveis. Rodado de uma forma muito convencional e com base em muitos testemunhos Zero Days, a história desta operação secreta, que causou graves danos mesmo fora do ciberespaço, é uma importante chamada de atenção, para os perigos das tecnologias sem restrições e a sua utilização de um forma descontrolada pelo poder político.