Os melhores guarda-roupas de 2016 | 8. Todos Querem o Mesmo!!

Entre calções minúsculos e uma proibição de sutiãs em cena, o trabalho da figurinista Kari Perkins é uma parte essencial do humor de Todos Querem o Mesmo!!

 


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todos querem o mesmo figura de estilo top 2016

Desde a sua estreia mundial em março de 2016 que Todos Querem o Mesmo!! tem sido caracterizado como um retorno de Linklater ao tipo de filme que marcou o início da sua carreira. Ou seja, depois do épico retrato humano que foi Boyhood e a trilogia Before, este iconoclasta cineasta texano estava a regressar às relaxadas comédias que, graças ao seu peculiar olhar humanista, garantiram a Linklater um lugar de notória relevância no panorama do cinema independente dos anos 90. Mais especificamente, Todos Querem o Mesmo!! é, segundo as próprias palavras dos seus cineastas, uma sequela espiritual a Dazed & Confused (também conhecido como Juventude Inconsciente).

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A ligar as duas obras temos, é claro, o seu tom cómico, enfoque numa comunidade adolescente em Austin e localização temporal no final dos anos 70, início dos 80 se bem que o filme de 2016 é notoriamente protagonizado por atletas arrogantes e bonacheirões em busca de raparigas bonitas ao invés dos cromos e párias sociais da obra mais antiga. Para além disso, Todos Querem o Mesmo!! e Dazed & Confused partilham muita da mesma equipa criativa como, por exemplo, a figurinista Kari Perkins que tem trabalhado com o realizador desde a sua primeira longa-metragem em 1991, Slacker. De certo modo, as intenções da figurinista foram as mesmas para os dois projetos, onde se procurou autenticidade histórica de modo a se criar uma experiência imersiva para a audiência.

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Em busca dessa autenticidade, Perkin baseou a conceção do vestuário para Todos Querem o Mesmo!! em anuários de escolas secundárias da área onde decorre o filme, assim como a filmes que inspiraram o realizador na sua edificação do projeto. Urban Cowboy e Breaking Away foram duas referências de particular importância, ajudando a figurinista a delinear uma estética tão próxima da história como da estilização cinematográfica que esses filmes do passado implementaram para tornar o que era, na altura, contemporâneo em iconografia pop. Podemos mesmo dizer que o guarda-roupa deste filme constitui uma interseção de duas correntes de pensamento exemplificadas pela pesquisa da figurinista. Por um lado temos o verismo da reconstituição histórica de uma época e local extremamente específicos, por outro temos a estilização que eleva o filme acima do naturalismo cru e lhe traz uma certa magia cómica, mais próxima da sitcom que do docudrama.

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Falando estritamente em termos práticos, essa conflagração de ideias num híbrido de história e paródia não teve grande impacto na pragmática construção do guarda-roupa. Tal como fez com Dazed & Confused, Perkins adquiriu a maior parte das peças que vemos o elenco vestir através de lojas de roupa em segunda mão de Austin e suas áreas mais próximas. As únicas peças que foram impossíveis de adquirir com este método foram os equipamentos de basebol que, sendo dos anos 80, são completamente diferentes das suas versões contemporâneas. Talvez uma audiência desinformada não fosse reparar, mas um fã americano de basebol rapidamente daria conta do anacronismo e, tal como já esclarecemos, Perkins e Linklater estavam em busca da perfeita reconstituição.

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Com isso em consideração, podemos obviamente apontar para a exatidão histórica dos figurinos de Todos Querem o Mesmo!! como uma das principais razões para o seu aparecimento nesta listagem, mas estaríamos a ignorar outras facetas ainda mais interessantes destas criações. Referimo-nos a essa já mencionada corrente de estilização cómica que vai influenciando todo o visual do filme, desde os cenários estereotipados até aos pelos faciais que dão a metade do elenco a aparência de estrelas pornográficas dos anos 80. Em suma, por muito charmoso que seja o texto e a reconstituição de uma Austin do passado, Todos Querem o Mesmo!! não teria nem metade do seu charme se, pelo meio do naturalismo global, os seus cineastas não tivessem tecido uma dimensão de comédia absurda e absolutamente desenvergonhada.

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Antes de terminarmos esta breve celebração do génio deste guarda-roupa e sua figurinista temos de destacar alguns dos seus mais excitantes elementos. Primeiro, temos a sexualização da figura masculina, algo incomum em comédias americanas, que confere uma jovialidade brilhante a alguns dos momentos menos exuberantes do filme – apesar dos comportamentos das personagens contribuírem muito para essa perceção, o homoerotismo que muitos críticos têm apontado deve-se mais aos figurinos do que às dinâmicas homosociais das personagens. Ainda nesse campo do erotismo sombreado com humor, temos o modo como Perkins fez questão de proibir os sutiãs no plateau e garantiu que também as figuras masculinas exibissem mamilos bem definidos pelas suas t-shirts impossivelmente justas. Por último, gostaríamos de salientar a riqueza de detalhes divertidos que vão apimentando as sequências mais populosas de Todos Querem o Mesmo!!, como a cena de discoteca onde podemos ver alguns sujeitos vestidos em estilo de cowboy na companhia de outras pessoas vestidas ao estilo de surfistas californianos e a festa dos estudantes de teatro, onde a natureza paródica do filme chega ao seu delicioso píncaro.

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O próximo filme nesta lista também é marcado pela comédia, mas o humor em questão é bem mais negro e complicado que a casualidade risonha de Todos Querem o Mesmo!!

One thought on “Os melhores guarda-roupas de 2016 | 8. Todos Querem o Mesmo!!

  • Eu adoraria viver nessa época, mas não teria bigode (em alguns atores ficou tão esquisito o bigode)

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