Agnès Varda em "Olhares Lugares" | © Midas Filmes

10 realizadoras que já deviam ter ganho o Óscar

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Para celebrar o Dia da Mulher, a Magazine HD decidiu listar 10 mulheres que já mereciam ter ganho o Óscar para Melhor Realização. Até hoje, só uma realizadora conquistou essa honra.

Por muito que a Hollywood dos nossos dias se possa congratular pelo progresso feminista, ainda há muito que precisa de melhorar. Mulheres são constantemente menosprezadas na indústria cinematográfica e as suas janelas de oportunidade são bem mais raras que aquelas concedidas aos seus colegas homens. Basta vermos quão raro é ver qualquer presença feminina entre os nomeados para o Óscar de Melhor Realização.

Os Óscares já existem desde 1928, mas, até hoje, só cinco realizadoras foram nomeadas para o grande prémio. Elas são Lina Wertmüller, Jane Campion, Sofia Coppola, Kathryn Bigelow e Greta Gerwig. Entre elas, só Bigelow conquistou a estatueta doirada, sendo que o seu filme “Estado de Guerra” também ganhou a honra máxima de Melhor Filme.

Para celebrar o Dia da Mulher, vamos listar aqui o nome de dez realizadoras que já deviam ter conquistado o Óscar para Melhor Realização. Nunca digam que não há mais realizadoras vencedoras por qualquer falta de talento. A triste verdade é que, apesar de elegíveis, muitas delas nem sequer foram nomeadas. Enfim, o mundo é injusto e o melhor que podemos fazer para honrar estas artistas é ver o seu trabalho e aplaudir os seus filmes.

Sem mais demoras, aqui ficam dez realizadoras que já deviam ter ganho o Óscar. As imagens em destaque são fotos dos filmes pelos quais elas deviam ter triunfado.

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ANDREA ARNOLD

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“American Honey” | © NOS Audiovisuais

Esta extraordinária realizadora inglesa já tem um Óscar graças ao seu trabalho em curtas-metragens, mas falta-lhe a merecida honra para Melhor Realização. De facto, Arnold nunca foi nomeada nessa categoria apesar de ser uma favorita dos críticos e do circuito dos festivais. Aliás, três dos seus filmes foram premiados em Cannes, sendo que “American Honey”, estreado em 2016, é aquele pelo qual Arnold devia ter conquistado o Prémio da Academia. Entre detalhes imersivos e ousada sonoplastia, prestações naturalistas e ritmos idiossincráticos, este é um trabalho primoroso.


JANE CAMPION

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“In the Cut – Atração Perigosa” | © Pathé Productions

Verdade seja dita, Jane Campion merecia bem mais que um Óscar. Desde os anos 80 que esta realizadora neozelandesa tem sido responsável por alguns dos melhores filmes da contemporaneidade, experimentando géneros e registos díspares com a habilidade de uma mestra consagrada. Em 1993, ela ganhou o Óscar para Melhor Argumento Original por “O Piano”, mas nós dar-lhe-íamos o galardão de Melhor Realização em 1990 e 2003, pelo pesadelo suburbano “Sweetie” e os devaneios psicossexuais de “In the Cut – Atração Fatal”.


JULIE DASH

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“Daughters of the Dust” | © Cohen Media Group

No seio da indústria cinematográfica norte-americana, poucos são os artistas não-caucasianos a ter oportunidade de alcançar sucesso. Julie Dash foi a primeira mulher afro-americana a conseguir distribuição comercial para as suas longas-metragens. Ela é também uma cineasta com grande influência, sendo que algumas das imagens e iconografias dos seus filmes têm vindo a inspirar artistas como Beyoncé. “Daughters of the Dust”, estreado em 1992 nos EUA, é uma obra-prima de cinema poético, contando a história de uma comunidade isolada de antigos escravos e seus descendentes que confrontam os ventos da modernidade no virar do século XIX para o XX.


CLAIRE DENIS

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“Chocolat” | © MK2

No panorama do cinema francês, há poucas realizadoras mais aclamadas que Claire Denis. Desde os anos 80 que ela tem vindo a provar o seu talento com obras nos mais variados géneros, sendo tão extraordinária a explorar masculinidade militar em “Beau travail”, códigos da ficção-científica em “High Life” ou até paradigmas do melodrama em “O meu Belo Sol Interior”. Com isso dito, a cineasta realmente mereceu o Óscar quando surpreendeu o mundo com a sua primeira longa-metragem, “Chocolat”, onde passados colonialistas e tensões familiares se emaranham. No entanto, por muito ambiciosas que as suas temáticas possam ser, Denis jamais perde controlo das suas obras, todas elas caracterizadas por uma excecional disciplina formalista.


JULIA LOKTEV

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“Um Planeta Solitário” | .© Alambique Filmes

Para aqueles que não sejam cinéfilos ferrenhos com um gosto por sucessos dos festivais, “Um Planeta Solitário” é capaz de ser um título relativamente obscuro. No entanto, isso não significa que a obra careça de qualidade, muito pelo contrário. Este é um drama tenso sobre um casal que se envereda pelas paisagens naturais do Cáucaso e se deparam com uma situação que lhes vai desfazer a harmonia mental e romântica. Não queremos revelar mais, pois este filme é um drama psicológico tenso que ganha poder pela qualidade inesperada das suas surpresas.


LUCRECIA MARTEL

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“La Ciénaga” | © Atalanta Filmes

Pedro Almodóvar é um dos muitos cineastas que tem vindo a apoiar e promover o génio de Lucrecia Martel desde que a realizadora argentina começou a fazer filmes. Em 2001, ela assinou a primeira de muitas obras-primas, “La Ciénaga”, onde ela teceu uma mistura de sátira social e drama naturalista sobre as classes altas do seu país. Desde então, ela só tem vindo a melhorar, sendo que o seu último filme, “Zama” é igualmente primoroso e ainda mais criativo que “La Ciénaga”.


EUZHAN PALCY

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“Rue Cases Nègres” | © Orca Productions

Nascida em Martinica e formada na Sorbonne, Euzhan Palcy foi a primeira mulher preta a realizar um filme produzido pelos grandes estúdios em Hollywood. Além disso, ela foi responsável por outros marcos históricos semelhantes, sendo que o seu talento lhe abriu imensas portas usualmente trancadas pelo preconceito. François Truffaut e Robert Redford, dois admiradores e mentores de Palcy muito a auxiliaram, mesmo no que se refere à distribuição dos seus trabalhos. Graças a eles, “Rue Cases Nègres” chegou aos cinemas em 1983, espantando com o seu melodrama sentido, rigor formal e flexibilidade tonal. Algures entre o folclore e a tragédia realista, esta história de um menino caribe a tentar estudar pertence à lista dos melhores filmes já feitos.


LYNNE RAMSAY

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“Morvern Callar” | © BBC Films

Esta realizadora escocesa ainda não realizou muitas longas-metragens. Contudo, todos os filmes que ela assina são ousados milagres de cinema, experiências de imersão sensorial e poesia sanguinária. Tanta é a sua mestria, que vamos ao ponto de dizer que Ramsay já devia ter dois Óscares para Melhor Realização em casa. O primeiro seria por “Morvern Callar” de 2002, um estudo de personagem perfumado com o fedor do luto e alienação profunda. O segundo por “Nunca Estiveste Aqui”, estreado em 2018, onde Joaquin Phoenix se deixa levar por uma espiral de vingança e justiça, violência reticente e ritmos mais perto do sonho lírico do que do thriller tradicional.


AGNÈS VARDA

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“Duas Horas na Vida de Uma Mulher” | © Exclusivos Triunfo

A única mulher a marcar presença entre os vanguardistas da Nouvelle Vague, Agnès Varda foi uma das mais inovadoras pessoas a alguma vez se sentar numa cadeira de realizador. Entre os seus muitos filmes, “Cléo de 5 à 7”, também conhecido como “Duas Horas na Vida de Uma Mulher“, destaca-se como a mais óbvia das obras-primas. O filme conta a história de uma cantora à espera de um diagnóstico potencialmente mortal. Através desse tempo, ela vagueia por Paris e por géneros cinematográficos, dança entre cor e monocroma, entre comédia musical e circo mudo. Trata-se de uma obra-prima cuja majestade é difícil de descrever e que devia ter garantido um Óscar para Melhor Realização a Varda.


LINA WERTMÜLLER

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“Pasqualino das Sete Beldades” | © Warner Bros.

Em 1976, Lina Wertmüller tornou-se na primeira mulher a ser nomeada para o Óscar de Melhor Realização. “Pasqualino das Sete Beldades” foi a longa-metragem responsável por tal honra e, para nós, também devia ter garantido a vitória à sua realizadora. Começando com uma montagem de imagens de arquivo e caindo em espirais de grotesco tragicómico, este é um grito de fúria antifascista tão cheia de ímpeto político como engenho cinematográfico. Trata-se da magnum opus da rainha anarquista do cinema italiano.

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Conheces o trabalho destas maravilhosas cineastas? Se não, procura os seus filmes. Acredita que valem a pena.

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