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1917 | Conhece o luso-descendente por detrás do filme de Sam Mendes

O realizador de Sam Mendes inspirou-se num descendente de portugueses para contar a sua história de guerra em “1917”. 

Para o seu novo filme “1917”, que se desenrola durante os momentos mais intensos da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), o realizador britânico Sam Mendes inspirou-se nas vivências do seu avô Alfred Mendes para contar os experiência traumática das suas personagens principais, interpretadas por Dean-Charles Chapman e George MacKay.

Curiosamente Alfred Mendes era descendente de portugueses, provenientes da Madeira e que haviam sido expulsos da ilha pelas tensões sociais e religiosas ocorridas no século XIX.

Agora que “1917” chega às salas portuguesas (a estreia acontece na próxima quinta 23 de janeiro) e num momento em que está a tornar-se um sucesso junto das principais associações cinematográficas em Hollywood, sendo também o favorito para vencer na próxima edição dos Óscares 2020, vale a pena comentar sobre esta figura histórica com sangue tão nosso.

1917
“1917” | © 2019 Universal Pictures and Storyteller Distribution Co., LLC. All Rights Reserved.

Durante a Primeira Guerra Mundial, com apenas 18 anos, Alfred Hubert Mendes (1898-1991), um escritor e aventureiro nascido em Trinidad e Tobago, alistou-se no exército britânico. Combateria na frente em França no batalhão King’s Royal Rifles e, após sair sobreviver ao conflito, receberia a medalha militar pela sua bravura e pelo seu heroísmo.

Sam Mendes recuperou para o drama bélico uma história que é sua e da sua família, ao mesmo tempo, que ecoa as memórias universais sobre a explosiva e tão traumática Primeira Guerra Mundial.

Tal como a personagem de George MacKay em “1917”, Alfred Mendes era jovem veloz e poderia passar completamente despercebido aos olhos do inimigo, nos tensos momentos em que realizava as suas missões como mensageiro entre postos e trincheiras de combate. Mais tarde, já na década de 70, Alfred Mendes contaria as suas experiências, primeiro, ao seu neto Sam Mendes e, depois, numa autobiografia que continha episódios até então guardados a sete chaves.

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O cineasta recuperou, portanto, para o drama bélico, uma história que é sua e da sua família, ao mesmo tempo, que ecoa as memórias universais sobre a explosiva e tão traumática Primeira Guerra Mundial. Segundo Mendes, apesar do filme ser ficção contém situações que o seu avô lhe contou. Alguns episódios são extraídos das histórias dos soldados com quem havia combatido lado a lado.

Atualmente, Alfred Mendes continua a ser conhecido nas terras caribenhas como “Alfy”. Com o fim da Primeira Guerra Mundial, Alfy regressaria a Trinidad e Tobago, onde fundou a revista ‘The Beacon’ (“O Farol”) e lançaria todo um movimento literário com reflexos da cultura portuguesa. Aliás, em Trinidad e Tobago,  encontra-se uma das mais sólidas comunidade de luso-descendentes da América Latina, filhos de homens e mulheres provenientes dos arquipélagos da Madeira e dos Açores.

A ida de madeirenses para a região aconteceu há quase 200 anos, depois da ilha portuguesa estar envolvida em escândalos que levaram à expulsão da comunidade presbiteriana. As tensões sociais, políticas e culturais continuaram em Trinidad e Tobago, como revelou Alfred Mendes, no seu romance de êxito “Pitch Lake – A Story from Trinidad”, publicado em 1934, infelizmente nunca adaptado ao cinema.

Editada como “Birdman”, como um falso plano-sequência, “1917” é um retrato frenético das horas mais tensas do combate e uma maneira de Sam Mendes prestar homenagem àquelas que perderam as suas vidas na Primeira Guerra Mundial e que não foram esquecidos graças aos relatos do seu avô e agora pela magia da sétima arte.

Fica atento à estreia de “1917” numa sala de cinema perto de ti e partilha connosco a tua opinião!

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