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20 Melhores Filmes de Hollywood… sobre Hollywood

Era uma Vez em… Hollywood de Quentin Tarantino está nos cinemas a fazer as delícias dos cinéfilos de todo o mundo, ao examinar minuciosamente aquilo que era viver da revolucionária (e revolucionada) Hollywood da passagem da década de 60 para a de 70. Mas que outros filmes se debruçam sobre o símbolo americano mais grandioso da indústria do entretenimento?

De clássicos incontornáveis como O Crepúsculo dos Deuses e Serenata à Chuva às observações recentes de Salve, César! ou La La Land, a MHD percorre alguns dos Melhores Filmes de Hollywood… sobre Hollywood!

ERA UMA VEZ EM… HOLLYWOOD, de Quentin Tarantino (2019)

Hollywood
© Big Picture Films

O nono filme de Quentin Tarantino ambienta-se à Los Angeles de 1969 no auge da cultura hippie e no final da transição da Era de Ouro de Hollywood para o cinema pós-clássico que marcaria as obras lançadas até à década de 80 na Nova Hollywood. Menos história entrelaçada em enredos e mais uma peça de atmosfera opulenta, Era uma Vez em… Hollywood é uma carta de amor a um tempo, lugar e espírito específicos, e ao estoirar metafórico – e literal – de uma bolha que viria a mudar para sempre a face de Tinseltown e da própria cultura popular americana.




O CREPÚSCULO DOS DEUSES, de Billy Wilder (1950)

[Original: Sunset Boulevard]

© Paramount Pictures

O ponto onde todas as listas começam…ou terminam: o mais icónico de todos os filmes sobre Hollywood. Como Era uma Vez em… Hollywood, o filme de Billy Wilder examina também uma época sensível na psique e desenvolvimento de Hollywood ao explorar as nefastas consequências emocionais, criativas e tensas da transição do cinema mudo para o cinema sonoro. Enquanto desenvolve sobre a relação perigosa entre uma estrela de cinema esquecida que procura um regresso ao estrelado e um argumentista que pode (ou não) auxiliar a esse ressurgimento, Wilder está simultaneamente a indagar sobre a fama e toda a crueldade, ilusão e loucura que dela imanam.




JOGOS DE PRAZER, de Paul Thomas Anderson (1997)

Hollywood
© Copyright 1997 – New Line Cinema – All rights reserved

Neste momento poderás estar a pensar: “epá, mas o Jogos de Prazer é sobre a indústria pornográfica… não exatamente sobre Hollywood!”. Tens toda a razão, mas ao mesmo tempo, não tens: Jogos de Prazer não só é um filme sobre pornografia centrado – geograficamente – em Hollywood, como é um filme sobre pornografia secretamente centrado – tematicamente – em Hollywood. Divertido, subversivo e com um elenco incrível, a pérola subversiva de Paul Thomas Anderson disseca os detalhes mais sombrios do estrelato e as dicotomias tatuadas no mais célebre distrito de Los Angeles: a camaradagem e a exploração humana, a fama e a (auto)destruição, o idealismo e a ganância. Uma ode às almas perdidas que se reinventam para escapar ao vazio.




O ARTISTA, de Michel Hazavanicius (2010)

© 2011 The Weinstein Company

Um bem-disposto e aprazível tributo à magia dos primórdios de Hollywood e a todos os filmes que viu nascer. Como muitos outros filmes nesta lista, debruça-se sobre as dores de crescimento num período de mudança, e apesar do (compreensível) backlash à sua vitória máxima nos Óscares da Academia – no ano de incríveis regressos à forma de Terrence Malick, Woody Allen e Martin Scorsese – não deixa de ser uma experiência alegre, criativa e, sobretudo, apaixonada e nostálgica que investiga a grandeza de Hollywood de outrora.




THE STUNT MAN – O FUGITIVO, de Richard Rush (1980)

© 1980 Twentieth Century-Fox Film Corporation

Um homem em fuga da polícia “tropeça” num set de um filme justamente quando a equipa procura um novo duplo. Com grande necessidade de se esconder, ele aceita o emprego mas não só se apaixona pela protagonista como nem imagina as proezas que o realizador lhe reservou. Absurdo do início ao fim e mesmo caindo em algumas das armadilhas e truques que pretende expor, The Stunt Man – O Fugitivo é uma explosão de entretenimento e uma desculpa perfeita para ver Peter O’Toole com o diabo no corpo – e na alma – e em topo de forma!




TEMPESTADE TROPICAL, de Ben Stiller (2008)

© 2008 Dreamworks

Depois de participar em Império do Sol de Steven Spielberg em 1987, Ben Stiller começou a fermentar a ideia que viria a tornar-se duas décadas mais tarde em Tempestade Tropical: uma sátira a Hollywood e às suas presunções e egocentrismos muitas vezes associadas à produção dos épicos de guerra. A ele – que além de assumir funções de realização, também protagoniza – juntam-se ainda Jack Black e Robert Downey Jr. como os principais players desta peculiar mas gradiosa comédia sobre um grupo de atores ególatras que se propõe a fazer o filme de guerra mais caro de sempre. Depois de os custos dispararem, o estúdio é obrigado a cancelar o filme, mas o frustrado realizador recusa-se a parar as filmagens e leva o seu elenco para as florestas do Sudeste Asiático, onde tudo se torna inacreditavelmente… real.




SALVE, CÉSAR!, de Ethan e Joel Coen (2015)

Hollywood
© 2015 – Universal Pictures

Hollywood, anos 50. Edward Mannix é o responsável por proteger as estrelas do estúdio Capitol Pictures de todos os escândalos e polémicas, mas vive um dia particularmente intenso quando a sua superestrela é sequestrada durante as filmagens do seu novo filme. Com curiosos – e inesperados – números musicais, este “série B dos Coen” oferece um hilariante comentário sobre a Hollywood de outrora e sobre o que significa ser uma estrela de Cinema.




SERENATA À CHUVA, de Stanley Donen e Gene Kelly (1952)

© 1952 – MGM

Mais um clássico absoluto e inescapável na nossa lista: em certa medida, Serenata à Chuva homenageia (e satiriza) a mesma Era de Hollywood que O Crepúsculo dos Deuses. Somos transportados para o ano de 1927, e Don Lockwood e Lina Lamont são a dupla mais famosa do cinema mudo. Os seus filmes são um verdadeiro sucesso e as revistas apostam numa relação íntima entre os dois que na realidade não existe. Com a chegada do cinema falado, que se torna a nova moda entre os espectadores, o par romântico é confrontado com a realização de um musical, onde é necessário ter um bom desempenho vocal… mas uma metade desta carismática dupla não tem tudo o que é preciso para acompanhar esta fraturante mudança no que é fazer e ver Cinema.




LA LA LAND, de Damien Chazelle (2016)

© PRIS Audiovisuais

Com a cidade dos sonhos como pano de fundo, acompanhamos o romance entre o pianista de jazz Sebastian e a aspirante a atriz Mia enquanto procuram oportunidades de carreira numa cada vez mais competitiva Los Angeles. Mais do que uma manipuladora viagem no carrossel da nostalgia é o equivalente perfeito da ameaça tripla e engancha equitativamente o olho, o coração e a mente. La La Land é a Era de Ouro de Hollywood, cruzada com a melancolia pop dos anos 60 de Jacques Demy, generosamente temperada com o indie pós-moderno e a liberdade do amor precário. É simultaneamente Os Chapéus de Chuva de Cherburgo (1964), Serenata à Chuva (1952), West Side Story (1961), As Donzelas de Rochefort (1967), Um Americano Em Paris (1951), Boogie Nights (1997) e Pulp Fiction (1994) sem ser explicitamente algum deles. Em todo o esplendor da sua explosão de cor que se deleita com as perfeições construídas da studio-era de Hollywood e nas imperfeições acidentadas da vida real, La La Land encontra espaço de expressão desbravando a inexplorada área cinzenta entre ambas, e é por isso um risco tremendo e um triunfo absoluto.




CATIVOS DO MAL, de Vincente Minnelli (1952)

[Original: The Bad and the Beautiful]

© MGM

Cativos do Mal faz a crónica da ascensão e queda do poderoso, ambicioso, manipulador e tirânico produtor de cinema Jonathan Shields a partir do que contam aqueles que mais conviviam com ele em Hollywood: um realizador, um argumentista e uma atriz. Profissionalmente, este trio atingiu enorme sucesso sob a sua alçada, mas pessoalmente, cada um foi alienado pela sua natureza implacável. Realizado por Vincente Minnelli, este fascinante (ainda que ambíguo) melodrama observa o apogeu de Hollywood e os esplendores e absurdos operáticos da indústria enquanto elabora sobre a intrigante capacidade do mal em, por vezes, criar verdadeira arte.




MAPAS PARA AS ESTRELAS, de David Cronenberg (2014)

Hollywood
© Focus World

O suor escorre em bica enquanto se convulsa na cama, às voltas, aos gritos desesperados e presos a uma realidade fabricada, cada vez mais fictícia e desumana. Neste ácido comentário de David Cronenberg, Hollywood vive e respira o seu pior pesadelo. Impiedoso e implacável, é um murro no estômago de uma Hollywood entorpecida pela ilusão de paraíso glamouroso e trabalhador que furiosamente tenta exteriorizar. O acídico comentário de Cronenberg sobre o narcisismo oco da cultura da celebridade, embrulhado numa sensação de sonho febril povoado por aberrações e perversão é constantemente polvilhado por um humor negro sórdido, no limite do depravado, que abocanha violentamente a mão que o tem vindo a alimentar.




O JOGADOR, de Robert Altman (1992)

© 1992 New Line Cinema

Um produtor de um famoso estúdio de cinema vê-se pressionado por uma série de fracassos de bilheteira, ao mesmo tempo que começa a receber ameaças anónimas de um argumentista cujo guião rejeitou… mas quem será ele? Numa adaptação do romance de Michael Tolkin, O Jogador é uma espécie de noir satírico onde Robert Altman oferece um dos olhares mais mordazes à indústria cinematográfica de todos os tempos, onde a rejeição pode significar, literalmente, a morte.




MULHOLLAND DRIVE, de David Lynch (2001)

© 2001 – Universal Pictures – All Rights Reserved

A Velha Hollywood cruza-se com a Nova Hollywood num mergulho profundo e erótico num universo surrealista que evoca Vertigo e Persona. Divagando livremente entre os recônditos cantos da memória, identidade e perceção, Mulholland Drive exibe as mais vigorosas forças de Lynch como maestro de cena, criador de puzzles, sonhador abstrato. Transcendendo o meio ao abandonar toda a familiaridade com convenções tradicionais, é uma tragédia Hollywoodesca nascida no seio do caos do mundo. Comovente, fantasioso, surrealista e aterrador, é um dos mais inebriantes filmes feitos sobre Hollywood, a sua mística e a forma como interage e molda a nossa psique através das suas poderosas fantasias.




ALGURES, de Sofia Coppola (2010)

© 2010 Focus Features

Johnny Marco é um ator de relativo sucesso em Hollywood. Um dia, a ex-mulher deixa ao seu cuidado, e por tempo indeterminado, Cleo, a sua filha de 11 anos. Este reencontro com a menina que, apesar da idade, demonstra uma grande maturidade, vai ser um momento de viragem para Johnny que sente necessidade de repensar a forma como tem vivido a sua vida. Com argumento e realização de Sofia Coppola, Algures não deixa de se sentir relativamente autobiográfico – afinal, algumas das dores e conflitos aqui retratados encontrarão, certamente, algum paralelismo da vida da própria realizadora, filha do incomparável autor americano Francis Ford Coppola. Embora não sendo uma das incursões mais vitais ou memoráveis da carreira da americana, Algures aborda uma face – ou faces – de Hollywood que raramente vemos espelhadas no ecrã. É que sucede que o nosso protagonista, não obstante famoso e bem-sucedido, não é, em rigor, uma super-estrela. Vive no Chateau Marmont, um luxuoso hotel em Los Angeles, tem um carro topo de gama, mulheres belíssimas à sua volta, no entanto, o vazio da sua existência começa a tornar-se notório e problemático. A observação é ligeira e obviamente limitada a uma espécie de “egocentrismo de primeiro mundo”, mas isso não impede que se sinta, ainda assim, relativamente original e honesta.




QUEM TRAMOU ROGER RABBIT?, de Robert Zemeckis (1988)

© Walt Disney Studios

Ambientado à Hollywood dos anos 40, Quem Tramou Roger Rabbit? é o clássico de Robert Zemeckis que cruza animação com live-action e que acompanha o detetive Eddie Valiant quando este é contratado para descobrir o que está a acontecer com o coelho Roger Rabbit e sua mulher Jessica, suspeita de infidelidade. Quando Marvin Acme é encontrado morto, Roger é o principal suspeito do crime, e para piorar a situação, um vilão quer acabar de uma vez por todas com Roger, Jessica e todos os desenhos animados. Incrivelmente meta, este surpreendente clássico de culto (mais ou menos) familiar – que é também e acima de tudo um belo exemplar do film noir – apresenta um olhar cínico sobre Hollywood e o show business numa era sombria e obcecada sobre si mesma.




BARTON FINK, Joel e Ethan Coen (1991)

© 20th Century Fox

Barton Fink – ou o filme que catapultou os irmãos Coen diretamente para a nossa lista de realizadores a seguir – inicia-se em Nova Iorque, em 1941, onde o dramaturgo titular com preocupações sociais fez um estrondoso sucesso na Broadway, o que chamou a atenção de Hollywood. Contratado para escrever um filme sobre luta-livre, o argumentista muda-se para a costa oeste… mas com ele vai também o temeroso “bloqueio do escritor” e o envolvimento involuntário num crime que o vai levar à beira de um ataque de nervos. Inquietante e surpreendente, este conto satírico dos irmãos Coen traça uma linha ténue entre a integridade e a presunção artística abrindo as portas da bizarra fábrica dos sonhos de Hollywood. Abraçando o tema de dificuldade criativa, particularmente quando cruzada com a imperial castração produtiva de Hollywood, os Coen desconstroem a verdade dura e dolorosa por detrás do sonho idílico associado à “cidade dos sonhos”.




L.A. CONFIDENTIAL, de Curtis Hanson (1997)

© 1997 – Warner Bros. Entertainment

Baseado no best-seller de James Ellroy e dirigido por Curtis Hanson, L.A. Confidential é muitas vezes etiquetado como “o último grande noir norte-americano”. Neste fervente, evocativo e sensacional drama criminal, exploramos o lado sombrio de uma Hollywood que, na década de 50, era ainda percebida como um farol de brilho, glamour e sofisticação. No enredo, três detetives defrontam-se com uma trama complexa de conspiração e corrupção policial que está ligada a um esquema de prostitutas de luxo que personificam famosas atrizes de cinema. Retrato cínico sobre o degredo moral da “cidade de todos os sonhos e oportunidades”, é, simultaneamente, glamouroso de tal forma que deixa atrás de si um rasto de sedução. Hollywood nunca foi tão perigosa e tentadora…




HOLLYWOOD SHUFFLE, de Robert Townsend (1987)

Hollywood
© Metro-Goldwyn-Mayer Studios Inc. All Rights Reserved.

O disperso mas altamente divertido filme escrito, realizado e protagonizado sobre Robert Townsend oferece um olhar satírico sobre as dificuldades e obstáculos encontrados pelos atores afro-americanos para vingar em Hollywood. Partindo da sua própria experiência, Townsend coleciona vinhetas e sketches que, infelizmente, permanecem tão pungentes, corretos, acídicos e essenciais como há 30 anos.




A QUIMERA DO RISO, de Preston Sturges (1941)

[Original: Sullivan’s Travels]

Hollywood
© Paramount Pictures

Nesta gloriosa fantasia de época, Preston Sturges examina e satiriza o desejo profundo de Hollywood de ser levada a sério enquanto relembra que o “preconceito” para com o género da comédia já vem desde a chamada Era de Ouro… No início dos anos 40, os Estados Unidos ainda não totalmente livres da Grande Depressão, com grande parte da população desempregada, faminta e em guerra. John L. Sullivan, famoso realizador de cinema e autor de comédias e musicais escapistas que fazem a fortuna do estúdio para o qual trabalha, resolve fazer um drama social sério que mostre as mazelas, as injustiças, a miséria das grandes massas. No entanto, como sempre foi um privilegiado, resolve fazer-se passar por vagabundo para conhecer de perto as dificuldades do povo.




BIRDMAN, de Alejandro G. Iñárritu (2014)

Hollywood
© 2014 – Fox Searchlight

Riggan Thomson já foi uma grande estrela de cinema, mas hoje… nem por isso. Hoje debate-se com problemas financeiros, assiste à desintegração da família e vive atormentado por dúvidas existenciais, enquanto desespera pelo regresso à ribalta. A comédia negra de Alejandro G. Iñárritu baralha a vida e a arte e alinha todos os astros para um neurótico estudo de personagem que é também e simultaneamente um (meta) comentário à arte e entretenimento modernos, um ensaio sobre o ego da celebridade e os seguidores acéfalos, uma sessão de psicanálise, uma autópsia ao poder e ao prestígio, uma exploração sobre a profunda necessidade de criação artística, uma maravilha técnica que será examinada e esmiuçada durante anos, um espetáculo singular montado sob as bases de um dos melhores elencos do ano, e um conto surreal sobre um homem que procura desesperadamente a sua alma. É Hollywood a olhar de dentro para fora e de fora para dentro… na melhor forma possível.

Qual é o teu filme sobre Hollywood favorito?

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