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71ª Berlinale (dia 1) | Quando Uma Mulher Encontra um Robot

‘I’m Your Man’, da alemã Maria Schrader, que praticamente abriu a competição da 71ª Berlinale, é um filme que reflecte sobre temas como IA (inteligência Artificial), a mitologia do ‘Pigmalião’ ou de como construir a mulher-homem perfeitos.

A actriz e realizadora alemã Maria Schrader, vencedora do Urso de Prata em 1999 pela sua interpretação em ‘Aimée & Jaguar’, de Max Färberböck, trouxe à competição da 71ª Berlinale, I’m Your Man’, um filme algo surpreendente. Trata-se de uma adaptação de um conto da escritora Emma Braslavsky, passado em Berlim, e ao qual a cineasta e — também talentosa argumentista —, introduziu a força e a graça de uma improvável ‘love story’; esta combinada com um visão futurista, com androides, que tem como referência principal o clássico, ‘Blade Runner-Perigo Iminente’(1982), mas também ‘Ela-Uma História de Amor’. Contudo, ‘I’am Your Man’ é muito mais asséptico, elegante, moderno e divertido. O filme, reflecte sobre temas como IA, a mitologia do ‘Pigmalião’, de como construir a mulher-homem perfeitos, como em ‘Ex Machina’, de Alex Garland, em que Ava (Alicia Vikander) consegue superar Schrader, o seu admirador humano. Porém, ao contrário das referências acima, ‘I’m Your Man’, não explora a destruição ou domínio dos androides sobre os humanos, muito pelo contrário. Os humanoides são criados e existem, à nossa imagem e semelhança, para dar a felicidade que nós os humanos não somos capazes de proporcionar, uns aos outros.

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VÊ TRAILER DE ‘I’AM YOUR MAN’

Alma (Maren Eggert), é uma cínica antropóloga do famoso Museu Pergamon em Berlim. Para obter fundos, para dar continuidade a uma pesquisa e  os seus estudos sobre escrita cuneiforme da Mesopotâmia, aceita participar numa extraordinária experiência: receber durante três semanas, um robot humanoide, cuja a IA (inteligência artificial) foi projetada para permitir que se transformasse no seu parceiro de vida ideal. E neste contexto aparece Tom (Dan Stevens), uma perfeita e sofisticada máquina em forma humana, criada para torná-la feliz: um homem perfeito! O que se segue é uma irónica comédia romântica, que explora questões filosóficas, como as noções de amor, saudade e da nossa finitude ou seja sobre tudo aquilo que nos angustia e no fundo nos torna verdadeiramente humanos. Será que os humanoides poderão chegar a este ponto? Mostrando uma profunda técnica e conhecimento da química de interpretação e direção de actores, a realizadora Maria Schrader usa de uma forma notável, o fabuloso par de protagonistas (Eggert e Stevens), que têm uma falsa partida para um possível romance, mas que aos pouco vai se tornando divertidamente possível. Porém o ambiente e a relação entre os dois torna-se obviamente propícia a um conflito entre o estudo e a fria análise científica de Eggert, os sentimentos e funcionamentos dos algoritmos de Stevens. Afinal de contas, o amor e a poesia, parecem também fazer parte da vida, tanto dos humanos, como dos humanoides. Um filme leve e interessante para animar e dar quase início a este primeiro dia de competição.

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VÊ TRAILER DE ‘INTRODUCTION’

Pelo segundo ano consecutivo, o cineasta coreano Hong Sangsoo (‘A Mulher Que Fugiu’) regressa à Competição da Berlinale com ‘Introduction’, um filme muito simples e muito semelhante aos seus anteriores, onde explora à arte dos aforismos, mas desta vez de uma forma circular. ‘Introduction’ é mais uma pequena jóia poética e filosófica de encantar, feita a preto e branco e realizada entre Berlim e Seoul. Duas mães tentam lançar os seus filhos, os jovens Youngho e Juwon na vida vida adulta, mas estes decidem por eles próprios, fazer a sua própria iniciação (ou introdução). Evidentemente, um pouco aos tropeções, como todos os jovens da actualidade e em todo o mundo, que querem ou têm naturalmente de sair de um ninho, para seguir os seus futuros. Mas a coisa não está fácil para os dois jovens protagonistas. No entanto, como a maioria dos sábios mestres orientais, Hong fala e aconselha-os, através do velho ator quando este diz a Youngho: ‘Por menor que seja, não há nada além do bom!’ Assim é a vida e a preciosidade do cinema de Hong Sangsoo.

JVM

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