79º Festival de Veneza e os Filmes do Outono

Vêm aí muitos filmes para o outono, uns já vi e outros vou ver no 79º Festival de Veneza. Do que já vi, sugiro o magnífico ‘Armageddon Time’, de James Gray, um drama autobiográfico sobre o crescimento; e depois o fabuloso documentário sobre a vida e obra de David Bowie. Estou numa grande expectativa para ver a bela Ana de Armas como Marilyn Monroe, e muito mais no Lido de Veneza.

A realidade ou filmes baseados em factos verídicos, mais do que a ficção, ganham destaque nos lançamentos de cinema da nova temporada de estreias e festivais que se aproximam nomeadamente 79º Festival de Veneza. De trás, fiquei extasiado com o documentário Moonage Daydream, realizado por Brett Morgen, um extraordinário retrato da vida de David Bowie, centrado num impressionante arquivo audiovisual sobre o artista, que vi em Maios passado no Festival de Cannes e que estreia nas salas nacionais daqui a dias: Bowie sempre! Neste contexto, mas agora numa ficção, próxima da realidade está ‘Call Jane’, o novo filme de Phyllis Nagy, um drama social baseado nas Jane Collective, um grupo de Chicago que fazia abortos clandestinos, numa época em que este procedimento era ilegal nos EUA e que vi ainda na Berlinale. Bem a propósito de acontecimentos recentes no EUA, que são um retrocesso, vale a pena ver esta história de coragem, ambientada em 1968 e que segue o drama de uma dona de casa (Elizabeth Banks) que, após fazer um aborto, junta-se ao grupo de activistas a favor da legalização.

VÊ TRAILER DE ‘BLONDE’

Ansioso estou igualmente por ver Till, um filme dirigido pela realizadora afro-americana Chinonye Chukwu, (Prémio do Júri de Sundance 2022), que dramatiza a luta pela justiça de Mamie Till-Mobley (Danielle Deadwyler), a mãe de Emmett Till, contra o linchamento do seu filho e também sobre o seu esforço para divulgar os fatos deste assassinato. Assim, além da realidade, juntam-se aos novos lançamentos de ‘cinema do outono’ várias histórias de família e de passagem à idade adulta, numa ampla variedade de abordagens e temas, começando com The Catedral, um segunda longa-metragem, ousadamente original de Ricky D’Ambrose, um filme que saiu do Biennale College 2021. Trata-se de mais uma história de amadurecimento, quase autobiográfica, sobre um jovem dos subúrbios de Nova Iorque, que, mesmo crescendo no meio de conflitos e segredos, desenvolve uma sensibilidade estética única, que o próprio estilo do filme reflete.

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VÊ TRAILER DE ‘MOONAGE DAYDREAM’

James Gray é também natural do bairro de Queens, em Nova Iorque, e no maravilhoso ‘Armageddon Time’, visto também no Festival de Cannes 2022, um filme muito bom que consegue fundir as reminiscências pessoais do realizador, com um drama político, sobre a descriminação social e o preconceito de classe. Este filme é ambientado em 1980 e centra-se na história de um jovem adolescente branco (Banks Repeta), aluno do primeiros anos do ensino secundário, que se torna amigo de um colega negro (Jaylin Webb), de baixa condição, na escola pública e que descobre o poder sombrio do seu privilégio de classe. É então, que numa escola particular para onde é transferido o jovem de Queens, vai cruzar-se no caminho com a família Trump, então em ascensão. Anne Hathaway, Jeremy Strong e Anthony Hopkins, são também os protagonistas de elite, ao lado dos dois extraordinários miúdos-actores. Lena Dunham escreveu e dirigiu ‘Catherine Called Birdy’, um filme baseado num romance de Karen Cushman, sobre a vida de uma adolescente (Bella Ramsey) na Inglaterra medieval, que está agendado para o Festival de Toronto 2022 e para a Amazon Prime Video depois. Os riscos e as reviravoltas da vida aos olhos das pessoas, são também retratados em vários filmes nesta temporada: ‘Honk for Jesus. Save Your Soul’, uma primeira obra dirigida por Adamma Ebo, que estreou no Festival de Sundance, no inicio do ano. Trata-se de uma comédia inteligente e agridoce, sobre um pastor de uma mega-igreja (Sterling K. Brown) que, após um escândalo sexual, tenta reconstruir a congregação, com a ajuda de sua esposa (Regina Hall). ‘Blonde’, de Andrew Dominik, é talvez um dos filmes mais aguardados do ano e que vou ver daqui a dias no 79º Festival de Veneza. Adaptado do conhecido romance de Joyce Carol Oates, trata-se de um biopic de Marilyn Monroe (Ana de Armas), que investiga de certa forma as crises de identidade e o percurso da famosa celebridade do cinema e do mundo. Cate Blanchett interpreta uma maestrina de orquestra em ‘TÁR’ um drama ambientado no mundo da música clássica, escrito e dirigido por Todd Field, que vai estar também na competição de Veneza 79.

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VÊ TRAILER DE ‘TÁR’

Efectivamente Hollywood nem a nova temporada de cinema e de festivais internacionais   (seguem-se a Veneza, logo Toronto e San Sebastián) seria a mesma sem uns rasgos de fantasia, como em ‘Don’t Worry, Darling’, a segunda longa-metragem da actriz tornada realizadora Olivia Wilde, já sem Shia LaBeouf, já que se incompatibilizaram. Trata-se de um thriller distópico ou psicológico, ambientado nos anos 1950, sobre uma misteriosa comunidade ou melhor um drama que segue uma dona de casa, que vive nessa comunidade experimental utópica. Promete! Além da actriz -realizadora o filme é protagonizado por Florence Pugh e Harry Styles, como um caso muito particular. Também vai estrear ‘Lyle, Lyle Crocodile’, uma adaptação live-action de Will Speck e Josh Gordon da série de livros infantis da autoria de Bernard Waber, que apresenta uma família de Nova Iorque (Constance Wu, Scoot McNairy e Winslow Fegley) que adota um réptil (Shawn Mendes), como o do título do filme. Em ‘Black Panther: Wakanda Forever’ regressa obviamente mais um filme da aventura da Marvel de 2018, agora com os moradores de Wakanda, a defenderem o seu país após a morte de seu rei, T’Challa; tanto o realizador Ryan Coogler, como os atores Letitia Wright, Lupita Nyong’o, Danai Gurira e Winston Duke retomam os seus papéis, do filme anterior. Há muito mas muito para ver para animar a nova temporada de cinema até aos Óscares 2023, a começar já na próxima quarta no 79º Festival de Veneza.

JVM

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