©taylorswift.com

The Life of a Showgirl – Análise

A 3 de outubro de 2025 chegou o aguardo 12.º álbum de Taylor Swift, a maior presença pop da atualidade. Apenas dois dias volvidos deste o lançamento e já se espera que “The Life of a Showgirl” chegue ao primeiro lugar da Billboard na sua semana de estreia. Correspondeu às expectativas?

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O 12.º álbum da cantora pop Taylor Alison Swift já está cá fora! Ao todo, é composto por 12 faixas, sendo o álbum mais curto da carreira da norte-americana. Num álbum que nos primeiros dias obteve reações mistas por parte dos seus fãs, os “swifties”, Swift procura mostrar-nos o backstage da sua megalómana digressão, “The Eras Tour”, que a 24 e 25 de maio passou pelo Estádio da Luz para dois concertos repletos.

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Aqui, apresenta-se, segundo a própria, um conjunto de memórias do “behind the scenes”, o que Taylor Swift sentiu ou não durante esta sua tour e o que é afinal ser uma “Showgirl”. O disco encontra Taylor mais feliz que nunca e exatamente no mesmo momento da sua vida que na altura em que foi gravado. O disco, caracterizado por hinos pop capazes de contagiar, tem faixas muito mais curtas do que é habitual para si, com bridges reduzidas ou inexistentes, o que é aliás uma tendência recorrente no mundo da pop atual.

Max Martin e Shellback regressam em The Life of a Showgirl

Ao contrário do habitual, “The Life of a Showgirl” não foi co-produzido pelo colaborador mais frequente de Taylor Swift, o seu amigo Jack Antonoff (megaprodutor associado a nomes como Lana Del Rey, Lorde ou Kendrick Lamar), mas antes pela dupla sueca Max Martin e Shellback, nomes com os quais já não escrevia há muitos anos mas que foram responsáveis por alguns dos maiores sucessos da sua carreira, de “Style” a “Blank Space”, passando por “Shake it Off” ou “Bad Blood”.

Aliás, o disco foi gravado em solo europeu, na Suécia, durante a porção europeia da “Eras Tour”. Com Antonoff para trás e também sem a presença de um produtor que ajudou a transformar profundamente a sua sonoridade  – Aaron Dessner, dos “The National”, que com Swift compôs parte dos álbuns “Folklore“, “Evermore”, “Midnights” e “The Tortured Poets Departament” , era apenas de esperar uma sonoridade menos melancólica, mais feliz, mais puro pop, e é exatamente isso que tivemos.

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O disco abre em chave de ouro com “The Fate of Ophelia”, com Taylor Swift a recuperar mais uma vez a sua paixão por romances clássicos, e invertendo aqui o destino trágico de Ophelia, personagem de “Hamlet” que enlouquece devido à sua sorte abismal no amor. A cantora dedica esta canção ao seu noivo Travis Kelce, como tantas outras deste disco, recordando como o seu amor a salvou do “destino de Ophelia”.

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A capa do disco é uma alusão a um famoso quadro de Ophelia pintado por John Everett Millais e esta primeira música foi também com muito sucesso e tato escolhida como single de lançamento para o álbum. À data de escrita , o estrondoso videoclipe de “The Fate of Ophelia” não está ainda disponível no Youtube, sendo antes, neste fim de semana de lançamento, material exclusivo de “Taylor Swift | Release Party of a Showgirl”, um “documentário” making of onde o videoclipe é apresentado pela primeira vez, bem como lyric videos de todas as músicas do álbum e ainda entrevistas exclusivas sobre o processo de escrita de todo o álbum.

Release Party Life of a Showgirl
©NOS Cinemas/ Taylor Swift Productions

The Life of Ophelia ou como a arte do videoclipe não morreu

Uma vez mais realizado e escrito pela própria, no seu caminho rumo a uma potencial carreira na realização, o vídeo para “The Fate of Ophelia” é quiçá o melhor da sua carreira, pautado por um estrondoso valor de produção e uma inteligente narrativa, que acompanha aquela que é a vida de uma “showgirl” ao longo da história, da época medieval à era burlesca, passando pelos tempos actuais e terminando com uma recriação da capa do álbum, que é ela própria uma interpretação de um quadro, como mencionámos. Taylor Swift adora o seu conteúdo meta e as suas referências, ao fim de contas.

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Ficamos também com a promessa de que, sem uma digressão em vista, “The Life of a Showgirl” terá direito a muitos mais videoclipes. E se “The Fate of Ophelia”, belo e uma vez mais abençoado pela colaboração entre Swift e o Diretor de Fotografia Rodrigo Pietro (“Barbie”, Killers of the Flower Moon”, é indicação de algo, podemos esperar vídeos cuidados e que valorizarão em muito o material original.

A segunda canção do álbum, “Elizabeth Taylor”, repete outra tendência na carreira de Swift, associar a sua vida à de ícones e outras figuras históricas ou literárias. Desta vez, a sua vida vê-se interligada à da atriz Elizabeth Taylor, numa música vibrante e que fica no ouvido e que sem dúvida esperamos vir a ter clipe próprio.

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Seguem-se “Opalite”, mais uma música capaz de ficar no ouvido, muito na senda das duas músicas prévias, repleta de luminosidade e sentimentos positivos. Ao quarto track, Taylor Swift propõe ser uma “Father Figure”, numa canção que nos coloca em territórios líricos semelhantes aos de “The Man”, recordando-nos de que a cantora norte-americana não precisa de homens para lutar as suas batalhas, muito antes pelo contrário. Nesta canção interpela, com sucesso, uma música de George Michael com o mesmo nome.

Uma quinta canção aquém do padrão habitual de Taylor Swift?

E eis que chegamos à canção 5, “Eldest Daughter”, tradicionalmente a música mais triste de qualquer disco de Taylor Swift, e “The Life of a Showgirl” não é excepção. A música tem alguns letras bastante bonitas, mas em geral é menos empolgante que outros track 5, que incluem canções dilacerantes e muito memoráveis no seu catálogo como “All Too Well”, “The Archer”, “Tolerate It”, “You’re on Your Own Kid” ou “So Long, London”. Comparado com algumas destas canções, a harmónica mas simples “Eldest Daughter” acaba por ficar aquém.

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De seguida temos “Ruin the Friendship”, uma canção pela qual não damos muito musicalmente mas que, do ponto de vista não da produção mas da composição lírica, sem dúvida nos transporta para o território mais confortável para Swift. Taylor Swift está feliz, noiva, e para conseguirmos dela extrair a mágoa habitual, nada como criar histórias e voltar ao passado. É isso que acontece em “Ruin the Friendship”, um tema em que acompanhamos um arco narrativo longo, em que a vemos a dar conselhos ao seu “eu” mais jovem e até a visitar um funeral. Sem dúvida um momento de destaque num disco feito mais de letras isoladas sonantes do que das habituais histórias a que nos habituou.

“Actually Romantic” segue-se-lhe, uma canção bastante fresca entre a seleção de “The Life of a Showgirl”, um “diss track” que responde alegadamente à canção “Sympathy is Knife”, uma das melhores canções de “Brat”, disco de Charli XCX lançado em 2024. Neste tema, a britânica fala de uma rapariga que a faz sentir profundamente insegura e, pelo contexto, percebemos estar a aludir a Swift. No tema, deseja também que a tal rapariga termine depressa com um membro da banda do seu namorado (o esposo de Charli, George Daniel, partilha o palco, na banda 1975, com Matty Healy, ex-namorado de Swift). Ora, Taylor Swift não fez a coisa por menos e escreveu uma resposta bastante agressiva para Charli, que tem vindo a dividir fãs e outros ouvintes. Era necessário atacar com tanta agressividade? Talvez não, mas as batalhas com outras artistas e antigas amigas sempre caracterizou o discurso em torno de Swift e até a sua composição (veja-se “Bad Blood,”, sobre Katy Perry ou o tema “Speak Now”, em que fantasia com a invasão do casamento do ex-namorado de Hayley Williams).

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É uma Swift apaixonada uma compositora inferior?

Continuamos com, de seguida “Wish List” e “Wood”, duas canções dedicadas ao seu noivo Travis Kelce. A primeira romântica e melosa, sobre os seus planos de constituir família com o jogador de futebol americano; a segunda o oposto, provocadora e explicitamente sexual, sobre tudo o que a relação com o futebolista lhe trouxe na intimidade. Onde “Wood” é divertida e pautada por uma composição dançável e leve, “Wish List” acaba por ser um dos temas menos memoráveis, apesar de Taylor Swift indicar a canção como uma das suas favoritas do disco.

Chegada a décima música, somos presenteados com ““Cancelled!”, um hino em que Swift exalta os seus amigos, cancelados e repletos de cicatrizes à sua semelhança, numa canção que musicalmente recupera o território sonoro de “Reputation” de forma plena, parecendo inclusive pertencer a este disco. Crê-se que o tema possa ser um piscar de olhos a tudo o que aconteceu recentemente à sua amiga Blake Lively, arrastada pela lama durante um julgamento muito público com Justin Baldoni.

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Mais para o final de “The Life of a Showgirl” temos “Honey”, a música menos ouvida pelos fãs, no Spotify, neste fim de semana de lançamento. Mais uma canção amorosa dedicada a Kelce, “Honey” não tem grande identidade e é uma música bem morna e que pouca falta faz ao álbum.

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The Life of a Showgirl fecha com a teatralidade exigida

Fechamos “The Life of a Showgirl” em chave de ouro com a música titular, “The Life of a Showgirl”, a qual conta com a participação da amiga Sabrina Carpenter, também ela uma “showgirl” no topo do seu “jogo”. Em conjunto, num track deliciosamente teatral, cantam sobre Kitty, uma showgirl fictícia que tem uma coisa ou duas a dizer sobre a fama. Um tema adequado para fechar o álbum, e quiçá aquele que mais se coaduna com a lógica de “behind the scenes” da “Eras Tour” que Swift anunciou mas, sendo honestos, não cumpriu verdadeiramente.

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Esperemos que “The Life of a Showgirl” (Ft. Sabrina Carpenter) tenha direito a um videoclipe repleto de lantejoulas e cores vibrantes, capaz de elevar o tema e celebrar um álbum que, apesar de pouco consensual, não deixa de se apresentar como mais um sucesso de popularidade para Taylor Swift, ou assim parecem indicar os primeiros números e recordes.

De seguida virá o 13.º álbum, o que todo o Swiftie sabe, significa muito para a cantora norte-americana, sendo este o dia do seu nascimento (13/12/1989) e também o seu número da sorte. Sendo honestos, esperemos que Antonoff e Dessner regressem para este disco e que reformemos Shellback e Max Martin. Os suecos sabem extrair hits da artista, mas sem dúvida não são os nomes responsáveis pelas suas mais memoráveis composições. Até lá!


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