Marvel explora o declínio dos Super-Heróis nesta nova série do Disney+
Num universo saturado de heróis, explosões e vinganças épicas, uma nova série da Marvel está a prometer algo diferente: autocrítica, humor metalinguístico e um olhar (quase ácido) para o espelho da própria indústria de super-heróis. O seu nome? Wonder Man.
Wonder Man é o projeto mais meta da Marvel até hoje?
A Marvel decidiu olhar-se ao espelho e não gostou do que viu. O primeiro trailer de “Wonder Man”, mostra uma casa que treme mas não cai: o império dos super-heróis. Yahya Abdul-Mateen II interpreta Simon Williams, um ator de Hollywood que… se transforma num super-herói. Meta o suficiente? Espera. O próprio trailer é uma entrevista ficcional a um realizador chamado Von Kovak, interpretado por Zlatko Burić, que proclama com voz de profeta cansado:
“Porquê mais um filme de super-heróis? Toda a gente está cansada deles. Mas Wonder Man falou comigo num nível profundo. Assim, há aqui uma oportunidade para chocar o público. Para reinventar todo o género da narrativa.” Sim, a Marvel está a fazer uma série sobre um realizador a tentar reinventar os filmes de super-heróis. É como um mágico que, farto de tirar coelhos da cartola, decide ensinar magia ao coelho.
Mas o timing também é digno de nota, o trailer saiu menos de 24 horas depois do final da segunda temporada de Peacemaker, da DC. Coincidência ou provocação amigável? Provavelmente ambos. A série, que originalmente tinha estreia marcada para o fim de 2025, foi adiada para janeiro de 2026.
O que é afinal Wonder Man?
Simon Williams é um ator falhado que se torna herói, mas também uma metáfora viva para a própria Marvel: uma estrela que tenta reinventar-se após o burnout da glória. Assim, a série, criada por Destin Daniel Cretton (Shang-Chi) e Andrew Guest (Brooklyn Nine-Nine), promete um olhar hollywoodiano sobre a mitologia dos super-heróis e talvez uma autópsia emocional ao próprio MCU.
O elenco é um luxo e uma piscadela cúmplice aos fãs veteranos: Ben Kingsley regressa como Trevor Slattery de Iron Man 3, Ed Harris surge como o agente Neal Saroyan e Demetrius Grosse interpreta o vilão Eric Williams (Grim Reaper). Até Arian Moayed volta ao papel do Agente P. Cleary, o burocrata favorito do Departamento de Damage Control.
Mas o mais fascinante é o subtexto: o MCU parece estar a rir-se do seu próprio cansaço, e talvez isso seja o segredo para o seu renascimento. Se Deadpool & Wolverine foi a gargalhada anárquica, Wonder Man é o sussurro melancólico de quem percebe que se tornou uma caricatura de si mesmo. É o equivalente cinematográfico a dizer: “Sim, estou velho, mas ainda consigo fazer piadas sobre isso.”
Humor meta é o novo superpoder da Marvel?
Depois de Deadpool & Wolverine abrir caminho para o humor autoconsciente e a desconstrução do género, Wonder Man surge como a consequência natural: uma série que não tenta esconder o colapso do próprio mito, mas usá-lo como combustível. Logo, a diferença é que, desta vez, o tom promete ser mais teatral e menos caótico — mais Birdman do que Deadpool.
A questão é se o público ainda tem paciência para rir das mesmas piadas que Hollywood já fez sobre si própria. Assim, quando Von Kovak pergunta “porquê mais um filme de super-heróis?”, está também a desafiar-nos, espectadores, a justificar o nosso vício. Mas talvez esse seja o verdadeiro truque da Marvel: vender-nos um espelho da indústria.
O estúdio já provou que consegue reinventar-se, de WandaVision a Loki, de Werewolf by Night a She-Hulk, cada desvio tem sido uma tentativa de escapar ao peso da sua própria continuidade. Agora, com Wonder Man, parece finalmente disposto a admitir que a sua maior saga não é contra Thanos, mas contra a própria fadiga. E tu, ainda consegues entusiasmar-te com mais um herói… mesmo quando ele sabe que é uma personagem?
Trailer | Wonder Man
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